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COVID-19

Enquanto humanos se escondem, a natureza se revela durante pandemia

Publicado em: 30/04/2020 18:30

O cientista social e pesquisador de mercado Roberto Harrop agora observa pássaros da janela do apartamento (Foto: Divulgação / Roberto Harrop)
O cientista social e pesquisador de mercado Roberto Harrop agora observa pássaros da janela do apartamento (Foto: Divulgação / Roberto Harrop)
Enquanto os pernambucanos ocupam suas casas e respeitam o isolamento social, medida necessária para diminuir a proliferação do Coronavírus, doença que já vitimou quase 6 mil pessoas no país, a natureza vem se mostrando cada vez mais presente durante a pandemia. Há alguns dias vêm sendo registrandas mudanças no meio ambiente, como a volta das capivaras ao Rio Capibaribe e o nascimento de pés de mangue em uma área próxima à Igrejinha, ponto turístico de Tamandaré.

De acordo com a Agência Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (CPRH), a diminuição dos veículos e o desaceleramento das indústrias contribuíram para a recuperaração do meio ambiente. “A diminuição das interferências humanas nas áreas urbanas repercutiu favorável na fauna e na flora. Temos informações sobre a recuperação de vegetação, o aumento do aparecimento de aves e de outras espécies de animais, como as capivaras”, comentou o diretor-presidente da CPRH, Djalma Paes.

A baixa circulação de barcos na Bacia do Pina, na Zona Sul do Recife, e a menor quantidade de pescadores, por exemplo, fizeram com que cardumes de sardinhas pudessem ser vistos e fotografados por moradores da região. O secretário municipal de Meio Ambiente de Tamandaré, Manoel Pedrosa, também apontou que a ausência de frequentadores nas praias fortaleceram o aparecimento de pés de mangue na Igrejinha. “Eu moro aqui há 30 anos e nunca tinha visto mangue neste local. Sem a passagem das pessoas, a vegetação apareceu. Isto nos mostra o impacto que causamos no meio ambiente”, comentou Pedrosa.
 
 (Foto: Divulgação / Joany Deodato)
Foto: Divulgação / Joany Deodato
 

Até mesmo aqueles que se mostravam muito atentos a natureza se surpreenderam com o momento. Este é o caso do cientista social e pesquisador de mercado, Roberto Harrop, que há mais de 20 anos fotografa aves de Aldeia, em Camaragibe, mas agora está em isolamento no seu apartamento em Recife. “Quando eu estou em Aldeia, acordo cedo, pego a minha máquina e capricho nas fotos. É uma paixão. Mas, não estou indo para lá. Então, parece que as aves resolveram colaborar para eu não perder, literalmente, o foco. Chegam junto à janela do apartamento e eu as fotografo. São minhas amigas. Diminuem a minha angústia, neste tempo de isolamento”, comentou o cientista social.
 
Animais silvestres 

As cenas são impressionantes, mas quem encontra animais silvestres deve estar atento. “Se o animal for observado próximo ao seu habitat natural, como uma capivara próxima ao rio, o ideal é deixa-la onde está. A não ser que o animal esteja machucado ou seja filhote perdido da mãe”, diz o Cetas.
 
Devido à pandemia, o centro está recebendo apenas filhotes de animais, ou aqueles que estiverem feridos ou ainda animais que se encontram em vias de extinção. A entrega voluntária deve ser feita no Cetas Tangara, sob agendamento, pelo número 3182-9022.
 
Poluição

Sem os carros e diminuição das indústrias, até mesmo o ar tem se mostrado mais limpo. Na área do Complexo Industrial Portuário de Suape, em Ipojuca, o isolamento social resultou na diminuição de 15% no lançamento de dois compostos químicos que poluem o ar: o dióxido de carbono (CO2) e dióxido de nitrogênio (NO2). “É uma redução representativa, mas, neste caso, só podemos comemorar, com a adoção de modelos produtivos que impactem menos o meio ambiente, o que vai gerar resultados positivos para a qualidade do ar”, aponta Djalma Paes. 

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