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Com 25 casos, bairro da Várzea indica início de conscientização por coronavírus
Publicado: 19/04/2020 às 16:30

Avenida Afonso Olindense tem tido menos movimento, segundo moradores/Bruna Costa/ DP Foto

Na rua Amaro Gomes, onde fica a única casa lotérica do bairro, a reportagem presenciou filas pequenas durante a tarde, com as pessoas, inclusive, respeitando a distância de um metro - mas nem todos utilizando máscaras. Para ajudar, inclusive, o estabelecimento pintou marcas brancas no chão demarcando o espaço entre um e outro.

Dos lugares mais buscados nos últimos dias por causa do auxílio emergencial de R$ 600 concedido pelo governo federal, no entanto, as pessoas ouvidas pelo Diario estavam indo quitar pagamentos mensais. Moradora do bairro desde 2013, Maria de Lourdes, de 62 anos, é autônoma e afirma ir regularmente até o local. De acordo com ela, a movimentação no estabelecimento tem sido baixa.
"Venho a cada oito dias. E nas vezes que eu vim estava assim, tranquilo”, pontuou, aprovando as medidas preventivas adotadas. “Acho importante, quanto mais mantiver o distanciamento, melhor”. De máscaras e luvas, garantiu que só sai de casa por necessidade. “Sempre (protegida) para não tocar no equipamento que todo mundo usa e só saio o essencial”. Por fim, avaliou como menor o fluxo de pessoas na Várzea. "Está com pouca gente. Deu uma diminuída, com certeza".

Assim como Maria de Lourdes, a doméstica Maria de Fátima, de 38 anos, fez relato parecido sobre a casa lotérica. “Vim agora porque não tem ninguém. Da última vez veio o meu marido, mas ele disse que não tinha muita gente", disse, avaliando, contudo, uma maior quantidade de pessoas no bairro. “Pelo que eu via no começo, hoje deu uma aumentada de gente na rua". Por fim, disse que também tem respeitado o isolamento social. "Não saio de casa, saí hoje para pagar minhas contas".
Na praça Pinto Damásio, popularmente conhecida como ‘Praça da Várzea’, local cuja movimentação naturalmente é grande pela prática de esportes e feira livre nos arredores, o fluxo de pessoas diminuiu. Pelo menos foi o que disse uma vendedora informal de salgados que preferiu não se identificar. De acordo ela, as atividades físicas pararam por causa de intervenção dos agentes de segurança.

"Tinha muito (movimento), mas a Guarda Municipal e a Polícia Militar têm parado. De manhã e de tarde os meninos jogavam bola mas eles interromperam", disse. No momento em que a reportagem esteve na praça, foi possível observar viaturas dos dois órgãos de segurança.
Ainda segundo a vendedora, por comercializar os salgados sem consumo no local, não teve as vendas prejudicadas, mas lamentou por colegas que deixaram o local, havendo uma diminuição de trabalhadores informais. “Eles vendiam para as pessoas comerem aqui, mas não estão mais. Estão sem renda”. A reportagem, apesar do relato de diminuição no fluxo da praça, presenciou uma aglomeração de um grupo de homens conversando.
Ainda segundo a vendedora, por comercializar os salgados sem consumo no local, não teve as vendas prejudicadas, mas lamentou por colegas que deixaram o local, havendo uma diminuição de trabalhadores informais. “Eles vendiam para as pessoas comerem aqui, mas não estão mais. Estão sem renda”. A reportagem, apesar do relato de diminuição no fluxo da praça, presenciou uma aglomeração de um grupo de homens conversando.

Em frente à praça, aliás, está o principal supermercado do bairro, que tem seguido firme o novo decreto do Governo de Pernambuco, que limita a presença de pessoas no estabelecimento, havendo uma pequena fila do lado de fora (cerca de sete ou oito pessoas), também com marcadores de distância no chão. A rede de varejo não permitiu entrevistas ou imagens, mas a gerente de marketing, Mireli Silva, atendeu à reportagem.
De acordo com ela, apesar dos esforços, nem todos os consumidores compreendem o momento. "Tem pessoas que entendem e respeitam, ajudam. Mas tem outras que não, aí precisamos ficar ordenando, falando no alto falante. Temos seguidos todas as restrições da OMS”, garantiu. O Diario presenciou a restrição ao fluxo, gerenciamento da fila por parte de funcionários e cessão de álcool em gel para clientes e nos carrinhos de compras.
Já na avenida Afonso Olindense, principal via do bairro, muitos serviços essenciais estão abertos, como farmácia, mercados e padarias, o que movimenta pessoas em menor número, mas ainda com pequenos grupos em calçadas. Entretanto, há também a existência de alguns poucos comércios irregulares - três, exatamente -, como uma loja de assistência de celulares, banca de jogo de bicho e um estabelecimento de cosmético.
Dono da loja de cosmético, localizada na mediação da lombada eletrônica da via, Adjailson Josias, de 49 anos, admitiu estar ciente de que não poderia estar funcionando, mas citou a necessidade de trabalhar. Prevenido, tomou medidas para o atendimento ao público, como duas faixas restringindo a entrada de clientes: apenas um por vez.
Dono da loja de cosmético, localizada na mediação da lombada eletrônica da via, Adjailson Josias, de 49 anos, admitiu estar ciente de que não poderia estar funcionando, mas citou a necessidade de trabalhar. Prevenido, tomou medidas para o atendimento ao público, como duas faixas restringindo a entrada de clientes: apenas um por vez.
"Foi uma alternativa que eu encontrei para poder driblar um pouco a situação que estamos passando. Eu tenho duas funcionárias, onde eu tive que dar férias e trabalhar de alguma forma. Não é o momento de estar fazendo assim, mas é a necessidade", iniciou. "O atendimento é sem entrar na loja, mas tem alguns clientes que pedem um tipo de produto e quando isso acontece eu deixo entrar um de cada vez. É melhor do que ficar fechado, tenho que pagar as contas”.
Por fim, o comerciante, que reside na Várzea desde que nasceu, afirmou enxergar uma grande redução pessoas na avenida. "Diminuiu bastante o fluxo, uns 80%. Até porque aqui tem a Secretaria de Educação, vindo de lá o maior fluxo. E com isso, diminuiu", concluiu.

Monitoramento
Procurada, a Secretaria de Saúde do Estado (SES), afirmou, via assessoria de imprensa, que tem feito monitoramentos dos locais pelo celular das pessoas e por meio do uso recente de drones para locais com grande movimento ou difícil acesso. Além disso, também utiliza carros de som para alerta e conscientização da população. Não há uma atenção maior ou menos para um bairro ou área específica. “O que a gente sempre pede pra população é que fique em casa. Porque a Polícia Militar só pode intervir se houver aglomeração de mais de dez pessoas”, disse a SES.
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