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Covid-19

Como chineses lidaram com medidas restritivas serve de exemplo para brasileiros

Publicado em: 23/03/2020 15:36 | Atualizado em: 23/03/2020 16:22

Gustav Henryk Maia mora há quase três anos na província de Guandong.  (Foto: Reprodução/Arquivo pessoal)
Gustav Henryk Maia mora há quase três anos na província de Guandong. (Foto: Reprodução/Arquivo pessoal)

Especialistas dizem que o Brasil ainda vai chegar no pico da curva de disseminação do coronavírus, mas as medidas restritivas adotadas, apesar de afetar a economia do país, são o caminho para achatar a curva de transmissão. Pernambuco segue a linha das restrições e hoje, inclusive, anunciou uma nova medida, que veta reuniões e aglomerações com mais de 10 pessoas, entre outras anteriores, como fechamento do comércio, suspensão das obras de construção e do transporte intermunicipal. Um cerco que se fecha em busca de resultados já alcançados em outros países, que passaram pela fase inicial da epidemia. Enquanto Itália e Espanha demoraram a tomar medidas mais restritivas e agora sofrem com a disseminação da Covid-19, a China serve de exemplo para países que esperam começar a voltar a uma rotina de normalidade no menor espaço de tempo possível. Três meses depois de sérias medidas restritivas, os chineses começam a sentir o gosto de recomeço, como relata o advogado Gustav Henryk Maia, que mora há quase três anos na província de Guandong e vive a rotina do isolamento no país onde tudo começou.

Os primeiros relatos sobre a Covid-19 na China começaram ainda em dezembro do ano passado. "Como eu gosto de acompanhar as notícias, eu ouvia as informações de um vírus na cidade de Wuhan e que era uma doença que ninguém conhecia, mas era só lá e Wuhan fica distante, está bem no meio da China", diz Gustav. Ele afirma que em janeiro as notícias sobre o assunto começaram a ganhar mais destaque. "A partir do dia 15 de janeiro que as coisas começaram a sair do controle e em 24 do mesmo mês que o vírus começou a se alastrar pelo país inteiro. Foi quando o governo decidiu fechar o país inteiro e foi dada a ordem para todo mundo ficar em casa, os negócios fecharam, tudo que não era essencial deixou de funcionar", acrescenta.

O controle para evitar a disseminação começou a fazer parte da rotina de quem precisava sair de casa. "Para ir de uma localidade para outra, de uma cidade para outra, tinha que ter a temperatura verificada. Para sair do prédio, o porteiro verificava a temperatura. Para entrar no supermercado a mesma coisa. Se tivesse febre ou algum indício, algum sintoma, eles levavam a pessoa para a quarentena e colocava toda a família em quarentena também. Isso ficou por 20 dias, até mais ou menos o dia 20 de fevereiro. Foi quando o número de casos começou a crescer, houve o pico da epidemia e se estabilizou, apesar de que estava muito alto ainda", detalha.

Gustav Henryk Maia diz que muitas lojas ainda estão fechadas até agora, final de março. Mas que outras começaram a reabrir. "Estamos chegando no final de março e agora as coisas estão começando a voltar ao normal, ou seja, metrô e ônibus. Mas para sair tem que usar máscara, não pode ter aglomeração. No restaurante, não pode ter duas pessoas na mesma mesa, só uma por cada mesa. Eles limpam o tempo todo, tem que passar álcool em gel na mão", ressalta.

Cidade de Wuhan, epicentro do coronavírus, foi completamente isolada.  (Foto: AFP)
Cidade de Wuhan, epicentro do coronavírus, foi completamente isolada. (Foto: AFP)

A rotina de Gustav Henryk Maia, que tem uma empresa de importação e exportação, no entanto não sofreu grandes alterações."Meu trabalho era visitar as fábricas, mas isso não afeta minha rotina porque eu posso fazer isso por vias eletrônicas. Faço outro trabalho online, que também continuou. E muita gente que pode fazer o trabalho de casa está fazendo. Agora as coisas estão mais normais, não está completamente fora do comum. Mas isso só é possível porque as pessoas se isolaram, seguiram as orientações. O momento mais crítico para o Brasil é agora, se não seguir as orientações, o vírus vai se alastrar e vai ser pior. Então melhor passar por um momento difícil durante um mês, um mês e meio do que as coisas piorarem depois. Força que a gente a gente vai sair dessa", pontuou.

Na quarta-feira passada, a China havia registrado, pela primeira vez, um dia sem um novo caso por infecção local. Depois os números voltaram a subir, mas após quatro duas consecutivos de aumento, nesta segunda-feira a China continental relatou a queda de casos novos de coronavírus novamente. No domingo, foram registrados 39 novos casos, contra 46 do dia anterior. Todos os novos casos foram de viajantes vindos do exterior. Agora, o país está intensificando as medidas para conter as infecções importadas, como desvio de voos internacionais para locais onde os passageiros passem por exames.

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