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Direitos humanos

Mulheres vítimas de violência doméstica durante confinamento contam com rede de apoio

Publicado em: 23/03/2020 15:09 | Atualizado em: 23/03/2020 16:17

 (Foto: Marcos Santos/USP)
Foto: Marcos Santos/USP
“Mulher, ficar em casa não significa ficar calada”. A frase é parte de uma campanha virtual contra a violência doméstica nesse período de confinamento obrigatório por conta dos riscos de contágio pelo coronavírus. Na China, ativistas de direitos humanos denunciaram o aumento das agressões contra as mulheres no período de isolamento. De forma preventiva, a Prefeitura do Recife e o governo do estado, através das secretarias da Mulher, têm divulgado nas redes sociais quais serviços estão disponíveis para as vítimas enquanto durar a quarentena.

“O fato dos casais estarem juntos em casa por mais tempo pode deflagrar um processo de violência mais intenso. O confinamento é uma situação nova para a gente, mas acreditamos que pode sim deflagrar violência porque há um desequilíbrio grande do ponto de vista emocional e os conflitos podem surgir. Em alguns casos, a denúncia pode evitar um feminicídio”, pontua Avani Santana, coordenadora do Centro de Referência Clarice Lispector.

O espaço está em regime de plantão, com duas técnicas atendendo de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h, pelo telefone 08002810107. Por enquanto, o atendimento presencial está suspenso. “Suspendemos o atendimento psicológico das mulheres já estabilizadas e concentramos para os casos mais críticos, de forma remota, por conta da pandemia”, acrescentou Avani.

A coordenadora do centro orienta às mulheres vítimas procurarem diretamente as delegacias da mulher ou delegacias de bairro onde aconteceu o fato para fazerem a denúncia. O acionamento também pode ser feito junto à Polícia Militar, através do 190.

No caso da mulher estar machucada em virtude de violência doméstica, a orientação é procurar o Centro de Atenção à Mulher Vítima de Violência Sony Santos, que funciona em um anexo do Hospital da Mulher do Recife, na BR-101, no Curado. “Na unidade, a mulher vai ter o cuidado de saúde e acolhida de uma equipe multiprofissional, formada por psicóloga, enfermeira, médica. Além disso, no local a mulher pode fazer exame de corpo de delito e ainda registrar o boletim de ocorrência. A equipe cuida do machucado e encaminha para procedimento legal”, explica Avani.

Na última semana, o número de mulheres que procurou o Clarice ficou bem abaixo da média, o que pode apontar subnotificação de casos. Em semanas comuns, o número de mulheres que procura o serviço chega a 60, entre novos casos e os já acompanhados.

Mulheres com filhos em situação de risco de vida também vão continuar seguindo para quatro casas abrigo, em regime de plantão de 24 horas, conforme garantiu o governo do estado. Para serem encaminhadas aos abrigos, a mulher precisa ser direcionada pela rede de referência.

O monitoramento eletrônico, que permite à mulher vítima saber se o agressor descumpriu ordem de se aproximar dela, também permanece e a qualquer momento ela pode acionar o equipamento, também conhecido como botão de alerta.

Mulheres com ordem judicial para receberem o monitoramento eletrônico por parte do estado devem procurar a sede da Secretaria da Mulher, no Cais do Apolo, 222, no 4º andar, das 8h às 15h.

A rede de atendimento também pode solicitar o cadastro de mulheres vítimas no 190 Mulher das 8h às 15. Outro serviço disponível é o telefone da ouvidoria da mulher do estado, o 08002818187.

Estão suspensos os serviços das salas da mulher localizadas no Compaz Eduardo Campos, no Alto Santa Terezinha, e no Ariano Suassuna, no Cordeiro, além do serviço do Centro da Mulher Metropolitana Júlia Santiago, em Brasília Teimosa, na Zona Sul do Recife.

Dados da política de enfrentamento de violência de gênero contra a mulher do governo do estado (2019):

Serviço de proteção:

162 mulheres abrigadas

264 dependentes das mulheres abrigados

66 mulheres deslocadas para local seguro

14 dependentes deslocados para local seguro

Programa Justiça para as mulheres: punição para os agressores:

190 Mulher:

430 mulheres cadastradas

Monitoramento eletrônico:

358 mulheres monitoradas

Patrulha Maria da Penha:

4.876 mulheres visitadas

 

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