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Covid-19

Médicos pernambucanos fazem campanha para tirar dúvidas e evitar sobrecarga nos hospitais

Publicado em: 21/03/2020 17:58 | Atualizado em: 21/03/2020 20:02

 (Foto: Shutterstock/Reprodução)
Foto: Shutterstock/Reprodução

Em tempos que isolamento é medida essencial para conter a disseminação do coronavírus e Pernambuco vem adotando ações restritivas com o intuito que cada vez menos pessoas circulem na rua, agora a ideia é conscientizar a população que a necessidade de ir ao hospital é para pessoas que sintam sintomas mais graves. O objetivo é não sobrecarregar o sistema de saúde e manter preparado para quem realmente vai precisar. Porém, como tranquilizar as pessoas que estão sentindo sintomas leves, que não necessariamente são da Covid-19, e convencer a não ir no hospital a menos que o quadro se agrave? Os médicos de Pernambuco se uniram em uma corrente de solidariedade para tirar dúvidas via WhatsApp, Instagram ou ligação. Se por um lado ajuda as pessoas que estão receosas e precisam da palavra de um profissional, por outro vai fazer com que menos pessoas procurem a emergência sem a devida necessidade e ajuda a proteger mais os médicos que estão na linha de frente do enfrentamento ao coronavírus.

A ideia é que uma pessoa que tenha dúvida encontre o que procura sem precisar ir ao hospital. O médico Victor Arcoverde, que tem atendido em um hospital do Recife e a maioria dos casos são de pessoas com sintomas leves, entrou na campanha. Se antes o seu perfil no Instagram era fechado, hoje ele abriu para que mais pessoas pudessem ver a postagem da campanha. Seus amigos médicos fizeram o mesmo. "Vi as pessoas postando e achei importante fazer a minha parte. Tem gente que vai na urgência só para ouvir da boca do médico que é para ficar em casa e, talvez, tendo contato com um médico, mesmo que não seja presencial, a gente consiga acalmar e verificar se os sintomas justificam a ida para uma emergência", explica.

A médica pediatra Clarice Peixoto também aderiu à campanha e abriu a sua conta no Instagram, inclusive como uma forma de ajudar pacientes que dependem do sistema de saúde por terem alguma doença crônica, mas que terão dificuldade de conseguir atendimento porque os hospitais estão cheios. "É importante conscientizar a população a não ir para o hospital porque assim vai fazer com que o coronavírus não se espalhe mais. A população precisa estar isolada, mas a gente sabe que tem pessoas que dependem, que têm doenças crônicas, que precisam pegar receitas de remédio de uso contínuo, mas vão encontrar dificuldade porque os postos de saúde estão lotados e quanto mais circularem, mais vão disseminar. A ideia não foi minha, mas resolvi ajudar em relação a receitas controladas de doenças comprovadas ou outras enfermidades, como criança com vômito, diarréia, febre. Mas também sobre a Covid-19 para explicar quando a pessoa deve procurar a emergência", explicou ela, ressaltando que o Conselho Federal de Medicina autorizou a telemedicina diante desse cenário de pandemia.

O médico Humberto Arruda, especialista em medicina preventiva, ortomolecular e nutrologia, também entrou na corrente e procurou os amigos da área de saúde para formar uma corrente do bem e atender dúvidas neste período por meio do Instagram (@drhumbertoarruda). São mais de 10 especialidades a postos e uma secretária de plantão para receber as demandas e encaminhar para o especialista. "No grupo, temos urologista, ginecologista, psiquiatra, cardiologista, cirurgião geral, gastroenterologista, nutrólogo, neurologista e clínico geral para tirar dúvidas ou dar algumas dicas neste momento de quarentena em que todos precisam ficar em casa", ressalta Humberto.

A médica geriatra Danielle Marinho diz que essa é uma oportunidade de passar informações de maneira correta para a população e também decidiu abrir a sua conta no Instagram. "A ideia é minimizar ao máximo a ida dos pacientes de forma desnecessária às emergências. A Associação Médica Brasileira recomendou que parasse todas as atividades eletivas, então não atendo na minha clínica desde quinta passada. Minha secretária está informando que nenhum paciente vai ficar sem receita para doenças crônicas. Nenhum tratamento pode parar. Então o principal objetivo é diminuir a demanda dos hospitais porque já existe uma demanda grande e a tendência, com a perspectiva de agravamento para abril e maio, é aumentar. E toda essa situação está gerando uma angústia e ansiedade nas pessoas", ressalta ela, que também vai se disponibilizar para os vizinhos de seu condomínio com uma cartinha no prédio.

Victor Arcoverde acredita que esta também é uma forma de prevenção para os próprios profissionais de saúde. "Existe uma necessidade de conscientizar as pessoas para ficarem em casa. A importância é de prevenção também para os profissionais de saúde, visto que pessoas com sintomas leves também transmitem e a exposição excessiva pode acabar nos contaminando também. E se muitos profissionais da área adoecem, o sistema de saúde fica mais sobrecarregado ainda, com menos gente na linha de frente", pontuou o médico.

Esses são exemplos de médicos que aderiram à campanha. Mas é uma corrente que tem se multiplicado. Bilhetinhos no quadro de avisos do condomínio, uma postagem no Instagram, uma mensagem no WhatsApp, basta olhar para o lado que a ajuda pode estar mais próxima do que se imagina.
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