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Marisqueiras de Maracaípe são alvo de campanha de coletivo feminista

Publicado em: 25/03/2020 12:52 | Atualizado em: 25/03/2020 13:30

 (Foto: Bruna Veloso/divulgação TPM)
Foto: Bruna Veloso/divulgação TPM
Os piores dias da vida de Helena do Nascimento, 33 anos, vieram com o derramamento de óleo nas praias do Nordeste e, agora, com a pandemia da Covid-19. Marisqueira desde os 12 anos, ela não tem visto saída nas últimas semanas para retirar sua sobrevivência do mar, já que precisa se manter em casa para evitar o contágio pelo coronavírus, conforme determinam os médicos infectologistas de todo o mundo.

Helena é uma das 150 mulheres previstas para serem beneficiadas pela campanha que o coletivo feminista Todas para o mar (TPM), de Maracaípe, em Ipojuca, lançou nas redes. A maioria delas cuida sozinha dos filhos. Muitas estão alimentando a família com a ajuda de vizinhos e parentes ou dependendo do repasse de verba de políticas públicas.

Nuala Costa, do coletivo TPM, explica que, além das marisqueiras, serão beneficiadas as catadoras de latinhas e as artesãs. “Fizemos uma pesquisa e listamos as mulheres mais pobres. A maioria tem muitos filhos e a ajuda é muito urgente. São pessoas sem reservas e não sabemos quanto tempo isso vai durar”, ressalta. A ideia é atuar pelo menos nos próximos dois meses. Dessa forma, cada família receberia duas cestas por mês, totalizando quatro cestas em dois meses. Cada cesta está avaliada em R$ 55. “Como elas têm muitos filhos, somente uma cesta por mês não dá”, acrescentou Nuala.

Para ajudar na campanha, basta entrar no insta @tpmtodasparaomar ou no link lhttps://www.vakinha.com.br/vaquinha/campanha-de-alimentos-para-as-mulheres-da-baia-de-maracaipe. Além do trabalho de encontrar o aratu e o marisco, as marisqueiras ainda precisam catar, cozinhar e procurar comprador. Um serviço pesado de horas, cujo pagamento nem sempre compensa. Um quilo de aratu alcança os R$ 50 e o de marisco, R$ 12, diz Helena. Para sobreviver com os quatro filhos, Helena também conta com R$ 160 pagos pelo Bolsa Escola e com R$ 130 referentes ao Bolsa Família. O valor geralmente é pago entre os dias 26 e 29 da cada mês.

Na sexta-feira (20), o Comitê contra o coronavírus da Prefeitura de Ipojuca solicitou recursos federais, no valor de um salário mínimo, para 750 ambulantes cadastrados na Secretaria de Meio Ambiente e Controle Urbano que trabalham nos 33 quilômetros  da orla. No pedido, foram incluídos 2.617 autônomos cadastrados que trabalham como jangadeiros, bugueiros, garçons da praia, mangueadores, comerciantes da feira de artesanato, barraqueiros, taxistas, cobradores e outros que dependem do turismo local. Nesse grupo também estariam as marisqueiras.

A prefeitura disse que está estudando medidas para, independentemente da ajuda estadual e federal, ajudar a população. Uma das ideias é abrir um novo cadastro no município para atender a outras pessoas prejudicadas com a suspensão dos serviços durante a pandemia e que até então não eram cadastradas.

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