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Enfermeiros ameaçam parar por falta de materiais de proteção contra coronavírus em hospitais

Publicado em: 17/03/2020 22:50

SEEPE denuncia más condições em hospitais estaduais, como o Correia Picanço, referência para casos de infecções. Sindicato alega que ar-condicionado quebrado leva pessoas a usarem ventiladores até em UTIs. (Foto: Cortesia/Whatsapp.)
SEEPE denuncia más condições em hospitais estaduais, como o Correia Picanço, referência para casos de infecções. Sindicato alega que ar-condicionado quebrado leva pessoas a usarem ventiladores até em UTIs. (Foto: Cortesia/Whatsapp.)
Enfermeiros de hospitais vinculados ao governo de Pernambuco prometem paralisar as atividades na próxima segunda-feira (23). Além da campanha por reajuste salarial, a categoria denuncia que o estado não está disponibilizando para os profissionais máscaras, luvas, álcool em gel e sabão nas unidades médicas - coisas que garantem a integridade do trabalho, especialmente no atual cenário de infecções pelo novo coronavírus. Ainda, alegam que o Hospital Correia Picanço (referência para tratamento de infecções) está sem ar-condicionado, chegando a ter ventiladores instalados em UTIs.

O movimento é organizado pelo Sindicato dos Enfermeiros do Estado de Pernambuco (SEEPE). A presidente da entidade, Ludmila Outtes, explica que a legislação vigente impede trabalho em condições insalubres/perigosas. “O coronavírus chegou a Pernambuco e a Organização Mundial da Saúde (OMS) orienta o uso de equipamentos de proteção individual (EPI) e lavagem de mãos. E o que tem acontecido nos principais hospitais estaduais é a falta desses materiais”, afirma.

“O Hospital Correia Picanço está há seis meses com ar-condicionado quebrado. Pacientes e profissionais estão tendo que levar ventilador até mesmo para UTIs, o que é um absurdo para controle de infecção. No Hospital Geral de Areias, só tinha 20 máscaras para todo mundo na noite de segunda-feira. Estamos desesperados, sem saber o que fazer, porque estamos sendo obrigados a trabalhar nessas condições”, acrescenta Ludmila.

Além da melhoria nas condições, a classe reinvindica reposição salarial - alega que houve perda de 76,5% nos últimos 15 anos, sem reajustes -; incorporação de gratificação ao salário, como concedido a médicos; pagamento de insalubridade e adicional noturno; e redução na jornada de trabalho para 24h. “A gente quer a oportunidade de dialogar com o governo do estado”, pede a presidente do SEEPE.

Em nota ao Diario, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) informa que “iniciou processo de compra emergencial” de EPIs para os hospitais. “No cenário atual, as direções das unidades estaduais têm feito um trabalho permanente de conscientização dos seus profissionais sobre o uso adequado e oportuno dos EPIs, para os trabalhadores que atuam na área da saúde”, comenta a pasta. 

“Importante frisar que as unidades sob gestão estadual estão funcionando normalmente, sem relatos de faltas de enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem. A SES também está em constante diálogo com a categoria e irá tomar todas as medidas necessárias para garantir a assistência da população e dos funcionários da rede, nesse momento de emergência pública em saúde”, prossegue a nota.

Por fim, a pasta declara que cerca de 8 mil profissionais concursados, de diversos níveis e categorias, foram nomeados pelo Governo de Pernambuco nos hospitais estaduais desde 2015. “Importante destacar também que, com a Avaliação de Desempenho para o Plano de Cargos, Carreiras e Vencimentos (PCCV), que foi iniciada para todos os servidores da Saúde no Governo Paulo Câmara, resultou em um aumento no salário base de 5% no primeiro ano e de 2,5% nos anos subsequentes, para os servidores que foram bem avaliados no processo”, conclui.
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