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Comerciantes do Alto da Sé, em Olinda, temem prejuízos por causa do novo coronavírus

Publicado em: 19/03/2020 19:30

"Aqui tinha muito movimento, mesmo em dia de semana", diz a tapioqueira Adalgiza Iris da Silva. (Foto: Hesíodo Goes/DP.)
"Aqui tinha muito movimento, mesmo em dia de semana", diz a tapioqueira Adalgiza Iris da Silva. (Foto: Hesíodo Goes/DP.)

Olinda não tem casos confirmados do novo coronavírus, mas o símbolo máximo do turismo do município - o Alto da Sé -, já está sente os impactos do novo coronavírus. Quem trabalha nas barracas do local histórico sabe que o movimento cai, naturalmente, após o carnaval. Mas a pandemia aumentou a queda, deixando todos apreensivos com o futuro. Mas um sentimento é unânime: de que essa situação passe o mais rápido possível.

Um dos símbolos do Alto da Sé são as tapioqueiras. Muitas, no máximo, conseguem vender uma ou duas tapiocas por dia. Shirley da Silva, de 35 anos, começou a perceber a fuga de público no último domingo (15): “Era um dia chegou e não veio ninguém. Hoje só consegui vender duas tapiocas”. Ela mora com suas duas filhas e sua neta, mas é a única que está saindo de casa. “Fico com medo, preocupada com minha saúde e com a dos outros. Só saio porque preciso trabalhar”, diz.

Enquanto Shirley conseguiu vender duas tapiocas, sua vizinha de comércio, Adalgiza Iris da Silva, 57, não conseguiu nada no dia: “Só R$ 20 em refrigerantes. Aqui tinha muito movimento, mesmo em dia de semana. Uma segunda-feira era o mesmo que um domingo”, recorda.

Ébano Ribeiro, 20, trabalha em uma barraca de caipirinhas. Com o movimento fraco, a barraca pode fechar a qualquer momento. “Está ficando muito difícil e a tendência é piorar. Espero que as coisas se solucionem o mais rápido possível, senão terá muito pai de família desempregado”, comenta. No dia que essa reportagem foi produzida, ele só conseguiu vender duas bebidas.
Apesar da pandemia, casal mineiro não cancelou viagem para Pernambuco: "cada dia que passa o problema se agrava". (Foto: Hesíodo Goes/DP.)
Apesar da pandemia, casal mineiro não cancelou viagem para Pernambuco: "cada dia que passa o problema se agrava". (Foto: Hesíodo Goes/DP.)
Apesar do movimento baixo, ainda há alguns poucos turistas. A vendedora Iakara Castro, 32, veio passear no estado com seu companheiro, o funcionário público Rafael de Simone, 35, e a sua mãe, a aposentada Angela Castro, 60. O trio veio de Minas Gerais. “Em momento algum pensamos em cancelar, até porque cada dia que passa o problema se agrava. As pessoas estão alarmadas, mas, particularmente, estou me mantendo tranquila”, diz Iakara.

A mãe de Iakara, Angela, está redobrando os cuidados. “Estamos tentando lidar da melhor maneira nessa viagem, evitando aglomerações. Procuro ficar longe das pessoas ou em ambientes fechados. Vou me precavendo como posso, mas estou louca para chegar em casa”, revela.

Rafael confessa estar mais preocupado e lamentou não poder conhecer muitos lugares turísticos, fechados por decreto estadual. “Eu tenho medo, mas não por mim, e sim por minha mãe. A probabilidade de eu me recuperar é maior, sou jovem, mas ela está no grupo de risco”, pontua. 

Seguindo o decreto estadual, a Prefeitura de Olinda ordenou, nesta quinta-feira (19), o fechamento de museus, biblioteca, prédios históricos e serviço de transporte de turistas no Sítio Histórico. Ainda, todas as atividades de equipamentos culturais e turísticos geridos pelo município estão suspensas.
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