Calamidade Pública
Chuvas no sertão e agreste fazem transbordar 16 barragens em PE e ameaçam outras seis
Por: Rosália Vasconcelos
Publicado em: 26/03/2020 19:55 | Atualizado em: 26/03/2020 21:27
Foto: Divulgação |
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Em Afogados da Ingazeira, onde parte da cidade foi inundada pelo Rio Pajeú, o prefeito José Patriota decretou estado de calamidade pública. O município já tinha decretado situação de emergência devido à pandemia do novo coronavírus. “Ainda não sabemos o tamanho do prejuízo financeiro. Uma parte do bairro Borges ficou debaixo d’água, destruindo 20 casas. Quarenta famílias estão desabrigadas. Um trecho da PE-292, que dá acesso ao Recife, ficou completamente destruído. Em toda a zona rural, as estradas foram destruídas pelas águas porque muitos pequenos açudes estouraram. Estamos apreensivos porque ainda temos outras áreas de risco. Nós estamos monitorando o nível do Rio Pajeú caso a gente precise tirar outras famílias nas próximas horas”, detalhou Patriota.
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Nesta quinta-feira (26), o Corpo de Bombeiros precisou ser acionado para retirar os moradores ilhados em Serra Talhada, também no sertão pernambucano. Pelo menos quatro viaturas, duas embarcações e 41 homens do Corpo de Bombeiros foram escalados para resgatar as pessoas. Os 100 mm de chuvas que caíram em Iguaraci foram para a Barragem do Rosário e de lá correram para a Barragem de Brotas, que desaguou no Rio Pajeú, inundando Afogados da Ingazeira, Carnaíba e Serra Talhada. Segundo a Apac, em alguns municípios como Afogados da Ingazeira, choveu 128mm da quarta (25) para a quinta (26). Em Triunfo choveu 143mm no mesmo período e em Terra Nova caiu 134mm de água.
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Segundo o prefeito de Serra Talhada, Luciano Duque, onde tem chovido mais de 100mm em um único dia, a administração municipal chegou a alertar a população sobre a iminência de uma enchente. Não deu outra. Por volta das 22h desta quarta-feira (25), a água do Rio Pajeú desceu com força, inundando todo o centro comercial e as áreas mais baixas da cidade, desde o mercado público até o bairro Bom Jesus. “Alguns comerciantes já tinham retirado suas mercadorias por conta do aviso que demos. Mas infelizmente nem todos deram ouvidos e muitos comerciantes perderam praticamente tudo, numa situação econômica de crise como a que estamos vivendo. Na parte mais baixa da cidade, a água chegou a três metros de altura”, contou Luciano.
A prefeitura de Serra Talhada decretou situação de calamidade pública, após já estarem em situação de emergência. “De 2013 para cá, vivemos um período de muita seca e tristeza. E 2020 chegou com esse dilúvio. Mas agora estamos pedindo a Deus que não mande mais chuva, porque a situação é preocupante. Muitas barragens continuam a verter. Já temos 50 famílias em abrigos, pelos menos 200 pessoas aglomeradas numa situação como essa do coronavírus”, lamentou o prefeito. Até o momento, não houve registros de vítimas fatais em nenhum município atingido pelas fortes chuvas. “A grande perda é econômica. Ainda estamos fechando o relatório de danos. Estradas rurais estão bloqueadas, ruas afundaram, houve a destruição de patrimônio”, relatou.
Em Sertânia, que também decretou situação de calamidade pública, 90 casas foram atingidas pelo transbordamento do Rio Moxotó e 45 famílias estão desalojadas e abrigadas temporariamente numa escola municipal. “Alguns bairros ficaram ilhados com a enchente, porque na nossa região além dos rios, muitos riachos e córregos sangraram, causando muitos estragos nas estradas também. Na BR-232, ninguém passava. E as rodovias PE-265 e PE-280 estavam com as passagens interrompidas pelo transbordamento dos rios. Para tentar minimizar a situação das famílias, vamos pagar um aluguel social por três meses e já compramos cestas básicas e lençóis”, disse o prefeito de Sertânia, Ângelo Rafael Ferreira.
Segundo o gerente de segurança de barragens da Apac, Felipe Alves, o que tem provocado o transbordamento dos rios e as inundações é o acumulado de chuvas nas calhas e nas cabeceiras dos rios da região e não apenas o sangramento das barragens. “Tivemos confirmação do transbordamento e rompimento de pequenas barragens, algumas em propriedades particulares, mas elas sozinhas não ocasionariam tamanha vazão nos rios. Eles estão sangrando e causando enchentes porque fortes chuvas atingem os cursos d’água”, explicou Felipe.
Segundo o gerente de segurança de barragens da Apac, Felipe Alves, o que tem provocado o transbordamento dos rios e as inundações é o acumulado de chuvas nas calhas e nas cabeceiras dos rios da região e não apenas o sangramento das barragens. “Tivemos confirmação do transbordamento e rompimento de pequenas barragens, algumas em propriedades particulares, mas elas sozinhas não ocasionariam tamanha vazão nos rios. Eles estão sangrando e causando enchentes porque fortes chuvas atingem os cursos d’água”, explicou Felipe.
Municípios pernambucanos que registraram maior índice de chuvas da quarta (25) para a quinta (26)
Triunfo - 143 mm
Terra Nova - 134 mm
Afogados da Ingazeira - 128 mm
São João - 104 mm
Lajedo - 95 mm
Dormentes - 95 mm
Municípios com maior acumulado de chuva em março
Carnaíba - 601 mm
Afogados da Ingazeira - 501 mm
Sertânia - 480,9 mm
Iguaraci - 464,5 mm
Serra Talhada - 300 mm
Situação das barragens do sertão e agreste pernambucanos
Barragens Sangrando
Poço Grande (Serrita)
Jazigo
Cachoeira II
Brotas
Barriguda
Chinelo
Sítio dos Moreiras
Barra
Rosário
Cachoeira I
Tabocas-Piaca
Ingazeira
Poço Fundo
Santana II
São Jacques
Machado
Barragens com mais de 90% de sua capacidade
Barrinha
Lopes II
Mundaú II (Cajueiro)
Mundaú
Pau Ferro (Una)
Matriz da Luz
Fonte: Apac.
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