#MeuRecomeço

O incrível recomeço de João Ivison e outras histórias

Publicado em: 15/02/2020 08:02 | Atualizado em: 16/02/2020 10:40

 (Thamyres Oliveira/DP)
Thamyres Oliveira/DP


Quando João Ivison, atleta de 37 anos, desembarcar em Dubai neste final de semana olhará para trás e verá a rota do sucesso e uma vida transformada em apenas quatro anos. Paratleta da Seleção Brasileira, primeiro no ranking em tiro com arco, hoje dá palestras para plateia de centenas de estudantes, é admirado pela sua performance e tenta conseguir uma vaga nos jogos olímpicos de Tóquio, no Japão. É estudante do curso de direito na Uninassau e tem ativa participação comunitária no município do Cabo. "Vivi um renascer e o renascer de João é o renascer de toda a sociedade", afirma, orgulhoso de si.

Ao chegar nos Emirados Árabes, frisa ele, estará renascendo mais uma vez. Assim como quando foi abandonado pelos pais aos 14 anos, assaltou pela primeira vez, entrou no regime condicional, foi pego novamente e voltou para o sistema prisional acusado de tráfico de drogas. E, ao completar a pena, sofrer um acidente e lesionar triplamente a medula. "Meu estímulo foi meu filho mais velho que me visitou num final do ano e disse que não voltaria para casa dele porque cuidaria de mim. Era o que eu precisava para pensar em como sobreviver", lembra. Procurou ajuda médica e encontrou outros apoios, como o jovem fisioterapeuta Danilo Falcão, que lhe apoiou (hoje, Danilo oferece consultas gratuitas para o atleta) e ajudou para que João buscasse um esporte. No tiro com arco, conseguiu ascensão rápida. Tem mais de 200 medalhas e títulos.

"Eu digo onde vou: 'sou ex-presidiário, ex-drogado, uso cadeira de roda e, depois dos 30 anos, consegui um emprego e vencer'. E aí pergunto: 'Você está reclamando de quê?'", O pensamento que guiou João para se levantar da cama e mudar a vida por completo, conta, serve para quem está passando por dificuldades em todas as áreas da vida: "Penso na vida como uma empresa. Se a empresa faliu, a culpa é de quem? Minha".

E se, nesse processo de transformações, surgirem medos de viver uma vida nova, um modelo novo de negócios? "Medo existe. O fato de você não ver saída, não significa que não tem saída", afirma o psiquiatra Wimer Bottura Júnior (SP), autor de nove livros, entre eles O erro nosso de cada dia (Ed. República Editorial). "O que tira nossa capacidade de ver soluções são nossas certezas", pontua. E o pensamento serve para trabalhos, relacionamentos e outros setores da vida.

Não foi um nem dois momentos de dúvidas vividos pelo casal Douglas Borges e Monique Nascimento, conhecidos artisticamente como Barba e Nique. A história deles é de superação de medo e de reinvenção de carreira. Conheceram-se numa empresa de telemarketing - a realidade da automação das empresas atinge todo dia profissionais de carreiras diferentes. Monique e Douglas foram admitidos e demitidos no mesmo dia. Um amigo em comum, Billy, apresentou os dois ao mundo da recreação infantil. Tentativas de reinserção no mercado, outros recomeços em empregos e, um dia depois do nascimento do filho Artur, ambos foram demitidos outra vez.

 (Tarcísio Augusto/Especial DP)
Tarcísio Augusto/Especial DP


Monique já havia iniciado três faculdades distintas e não concluiu nenhum dos cursos. Barba tinha ensino médio e o sonho de ser músico. Havia trabalhado como pedreiro e pintor. Ao lado de Nique, resolveu empreender. "Para nós, foi muito importante empreender em algo que a gente já gostava, buscar um nicho diferente do que a gente via no mercado e estudar muito o mercado", diz Douglas. O casal montou uma empresa de musicalização e recreação infantil em 2017 - a Lúdicanto - e no primeiro mês já atendeu às primeiras demandas. É sucesso nas festas de classe média alta do Recife. Empreenderam a partir de demissões. Fizeram valer a cartilha de um dos maiores conhecedores em empreendedorismo do país, Fernando Dolabela, autor de 20 livros que abordam educação empreendedora. "Empreendedorismo é a atividade que transforma conhecimento, energia, sonho e emoção em riqueza", afirma. "A riqueza vem através da criatividade, da inovação".

Por meio da Lúdicanto, Monique e Douglas começaram a se tornar conhecidos em 2018 e, em dezembro de 2019, tiveram a confirmação do sucesso por meio de números: foram 68 festas realizadas - coordenando equipe de recreação para crianças e bebês e show. A descoberta do autismo do filho Arthur é uma passagem importante para a conexão entre a vida pessoal e profissional.

 (Arte/DP)
Arte/DP


 (Tarcísio Augusto/ Especial para DP)
Tarcísio Augusto/ Especial para DP


TUDO NOVO
De reveses e moldagem de estilo de vida tem sido a vida do fotógrafo e design venezuelano Franklin Ribas e da esposa Maira Quiaro, 33 anos. O recomeço da família significou mudar de casa e de país. Venezuelanos, chegaram no Brasil pelo estado de Roraima como refugiados da crise socioeconômica no país. "Cruzamos a fronteira com R$ 5,00". Moraram na rua por quase um mês, amargaram condições precárias por meses e fome por, pelo menos, quatro anos. "Quando cheguei, só tinha o sapato dos pés e um furo embaixo do solado". A maior dificuldade enfrentada foi a lingua; quase não se comunicava. A segunda, oportunidades de emprego - essa, ainda permanente.

"Ganhei uma câmera de um amigo e isso tem ajudado muito, mas ainda é muito difícil conseguir emprego aqui. Trabalhei como pedreiro, minha esposa como faxineira e a gente vai se virando todos os dias", conta ele. Flanklin e a família residem em um apartamento alugado no bairro de Santo Antônio, centro do Recife.

"Dicas de como recomeçar? Penso que o mais importante é não ficar olhando para o passado".
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