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LIRISMO

Um século de nostalgia: Bloco das Flores completa 100 anos como símbolo do carnaval pernambucano

Publicado em: 26/01/2020 10:45 | Atualizado em: 26/01/2020 10:48

Fundado em 1920, o bloco surgiu a partir da reunião de um grupo de intelectuais, amigos e foliões. (Foto: Tarciso Augusto/Esp. DP)
Fundado em 1920, o bloco surgiu a partir da reunião de um grupo de intelectuais, amigos e foliões. (Foto: Tarciso Augusto/Esp. DP)
O primeiro bloco lírico de Pernambuco vai desfilar no carnaval celebrando os 100 anos de fundação e com pompa de homenageado da festa no Recife. Cerca de 100 integrantes vão formar o cortejo do Bloco das Flores, que, em 2020, reverencia a história da própria agremiação no desfile oficial, marcado para o domingo de carnaval, com saída prevista para as 16h da Praça Maciel Pinheiro, área central da capital pernambucana.

Cantando os versos de Evocação número 1, marcha de composta pelo maestro Nelson Ferreira e conhecida pelos foliões recifenses, o bloco leva para as ruas da cidade a beleza e tradição dos antigos carnavais. No desfile, os integrantes da agremiação e o público se juntam em uma só voz para cantar “Felinto, Pedro Salgado, Guilherme, Fenelon, cadê teus blocos famosos. Bloco das Flores, Andaluzas, Pirilampos, Apôs-Fum. Dos carnavais saudosos”.

Segundo depoimento do próprio Nelson Ferreira, a música fazia um tributo a personagens do carnaval recifense da década de 1920, à frente de agremiações como Bloco das Flores, Apôis Fum, Andaluzas em folia, Pirilampos de Tejipió. Segundo ele, a composição veio de uma vez, só numa noite.

“Hoje, quem acompanha o bloco canta com empolgação a marcha. É assim que vamos homenagear os nossos 100 anos e reverenciar também outros blocos líricos”, afirma a vice-presidente do Bloco das Flores, Jaci Lins. Em menos de um mês, os personagens homenageados por Nelson Ferreira em Evocação ganharão novamente as ruas nos desfiles e apresentações dos blocos líricos no carnaval do Recife.

Cerca de 100 integrantes vão formar o cortejo do Bloco das Flores. (Foto: Tarciso Augusto/Esp. DP)
Cerca de 100 integrantes vão formar o cortejo do Bloco das Flores. (Foto: Tarciso Augusto/Esp. DP)
Fundado em 1920, o Bloco das Flores surgiu a partir da reunião de um grupo de intelectuais, amigos e foliões, a exemplo de jornalistas, artistas e compositores de carnavais saudosos, como Felinto, Pedro Salgado, Guilherme, Fenelon e Raul Morais. O bloco chegou a interromper as atividades por décadas, por consequência do falecimento em 1937 do seu benfeitor, Pedro Salgado, e também de Raul Moraes, compositor e regente da orquestra.

Em 2000, uma nova geração de intelectuais e artistas resolveu fundar um bloco lírico e batizá-lo com o mesmo nome, em honra à agremiação e à festa de outrora. Desde então, o Bloco das Flores se apresenta anualmente, arrastando multidões atrás da orquestra de pau e corda.

Para o desfile do centenário, os integrantes vão desfilar com uma roupa desenhada e costurada pelo estilista Jan Moraes. A inauguração da vestimenta, cujos detalhes são mantidos em segredo, será no Baile Municipal do Recife, no dia 15 de fevereiro. “Será uma roupa linda com pássaros, borboletas e flores. Formaremos um jardim encantado”, adianta Jaci.

Além da orquestra Heleno Ramalho, puxada pelo maestro Macaíba e com 20 músicos, o bloco vai desfilar com oito vozes femininas no coral, cerca de 10 crianças, 15 homens e aproximadamente 75 mulheres com idades entre 35 e 90 anos. “É um bloco que enaltece as mulheres sempre muito aguardado por famílias e pessoas de todas as idades. Levaremos perfumes para borrifar no público, os tradicionais lampiões para iluminar o cortejo, mas também teremos uma surpresa no desfile deste ano", garante Jaci.
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