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Hippocampus

Projeto de preservação de cavalo-marinho fecha por falta de apoio em Porto de Galinhas

Publicado em: 28/01/2020 12:44

Todas as três espécies de cavalo-marinho existentes no Brasil estão ameaçadas de extinção. (Foto: Reprodução/Paulo Ferrari.)
Todas as três espécies de cavalo-marinho existentes no Brasil estão ameaçadas de extinção. (Foto: Reprodução/Paulo Ferrari.)
O projeto Hippocampus, que atua na preservação de cavalo-marinho fechou as portas da unidade localizada Ipojuca, no Litoral Sul pernambucano. Sem apoio, nem patrocínio fixo, a entidade não tem mais condições de manter os trabalhos de pesquisa. Na última semana, a energia da sede da entidade, que fica na rua da Esperança, na praia de Porto de Galinhas, foi desligada por falta de pagamento. Biólogos temem o fim do monitoramento da espécie que é ameaçada de extinção.

A entidade sem fins lucrativos funciona desde o ano de 2001 e o último patrocínio foi concedido pela Petrobrás, que encerrou em 2016. Até o último dia 22, quando a Celpe cortou a energia, o local era mantido a partir da venda de ingressos para visitação que custavam R$ 20 e da venda de artesanato. "Só podemos voltar a fazer um trabalho de conservação com apoio. A venda de suvenires e a bilheteria cobrem apenas 40% dos custos. Nesse período de dificuldade adquirimos dívidas, recorremos a empréstimo, mas culminou no fechamento por falta de energia", lamenta a bióloga e coordenadora do projeto, Rosana Silveira.

O espaço que era aberto à visitação de estudantes e pesquisadores tinha 35 aquários em exposição com cerca de 60 peixes de diferentes espécies, além do cavalo-marinho. A oxigenação dos aquários está sendo mantida com a energia de um bar vizinho ao Hippocampus. "O compressor de ar foi ligado por solidariedade, mas os aquários estão no escuro e sem luz os animais não conseguem se alimentar. Protocolei um pedido na Secretaria de Meio Ambiente de Ipojuca, mas ainda não temos nada de concreto até agora. Estamos tentando levar essa problemática adiante com divulgação e espero que empresas parceiras, que tenham responsabilidade socio-ambiental nos procurem para que o projeto possa reabrir", comenta a bióloga.

Uma das principais iniciativas realizados pelo Hippocampus é o acompanhamento da população de cavalos-marinhos existente no Pontal de Maracaípe, onde acontecem passeios de catamarã. A preservação é acompanha pelo Ministério Público através de relatórios enviados por biólogos do projeto que informam o estado de conservação desses animais naquela localidade. "No Brasil temos somente três espécies de cavalos-marinhos e todas estão na lista de ameaças para extinção. Então, procuramos trabalhar em locais impactados, como o pontal de Maracaípe. Estamos estudando os comportamentos e se corre o risco de extinção local. E isso serve de termômetro e acompanhamento a longo prazo porque esse tipo de amostragem dura muitos meses", conta Silveira.

O impacto do encerramento das atividades do Hippocampus refletiu também na comunidade. O artesanato vendido na loja da sede era produzido por grupos de mães moradoras de Porto de Galinhas e Serrambi. Uma equipe da entidade oferece capacitação e os produtos produzidos durante as oficinas eram revendidos na loja da sede. Com o fechamento da unidade, o projeto de geração de renda também parou.

Para arrecadar fundos, a instituição promove uma vaquinha online com alvo de R$ 40 mil. Até agora, apenas 10 pessoas contribuíram chegando ao valor de R$ 480. As doações também podem ser feitas para a conta da instituição: Instituto Hippocampus - Banco do Brasil; Agência: 2138-5; Conta Corrente: 50716-4; CNPJ: 04.534.382/0001-94.
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