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Violência

Jovem é baleado e morto após ação da Polícia Militar em baile funk

Publicado em: 13/01/2020 07:25 | Atualizado em: 13/01/2020 14:39

Moradores do Ibura devem um ato para protestar contra a morte do jovem.  (Foto: Rodrigo Silva/Esp. DP)
Moradores do Ibura devem um ato para protestar contra a morte do jovem. (Foto: Rodrigo Silva/Esp. DP)
Um jovem de 19 anos foi baleado em um baile funk na madrugada desse domingo (12), no bairro do Ibura, Zona Sul do Recife. William da Silva foi atingido por um disparo de arma de fogo, foi socorrido e levado à Policlínica Professor Arnaldo Marques, também no Ibura, mas não resistiu aos ferimentos.

De acordo com testemunhas, William tentou amenizar um conflito entre policiais e frequentadores do baile, quando foi atingido com um tiro no peito. Em áudios enviados por amigos do jovem em uma rede social, um colega da vítima relata que o grupo já havia dispersado na festa quando William foi cercado por policiais e levou o tiro.

Durante a confusão, uma comerciante abriu a porta do estabelecimento para abrigar outros jovens. O irmão da vítima informou que a polícia chegou ao local onde ocorria o evento e abordou as pessoas que estavam no baile de forma agressiva. De acordo com o familiar, os policiais não prestraram socorro ao jovem baleado.

 (Foto: Facebook/Reprodução)
Foto: Facebook/Reprodução
O corpo foi levado para o Instituto de Medicina Legal (IML), no bairro de Santo Amaro, área central do Recife. O enterro acontece nesta terça-feira (14), às 10h, em Igarassu, Região Metropolitana do Recife (RMR). De acordo com a Polícia Civil de Pernambuco, um inquérito foi instaurado para investigar o caso. Moradores do Ibura prometeram realizar um ato em homenagem a William no local onde ele foi baleado. O protesto deve acontecer nesta semana, mas ainda não teve data definida.

A versão da Polícia Militar de Pernambuco diverge do depoimento de testemunhas. De acordo com a PM, segundo apuração inicial feita junto à equipe de policiais deslocada para a ocorrência, e que não estava presente no momento da confusão o efetivo, integrante do 19º BPM, participava, no bairro, da Operação Bar Seguro - que envolve a PM, Bombeiros e órgãos municipais -, quando recebeu denúncia de que estava havendo uma briga, possivelmente, entre grupos rivais no local.

Em nota, a Polícia Militar informou que "foi feito o deslocamento, mas os policiais encontraram a vítima já baleada, dentro de um carro particular que lhe prestava socorro. A viatura fez o acompanhamento em apoio para agilizar a transferência do rapaz para a Policlínica do bairro, enquanto outros militares permaneceram no local do crime aguardando a chegada da Polícia Civil, que ficará responsável pela investigação do caso, identificando as circunstâncias e a autoria do crime".

A PM classificou como "prematura e irresponsável" qualquer suposição ou acusação de autoria do disparo ou omissão de socorro. A polícia informou ainda ser "inverídica qualquer semelhança com a situação apontada num fato, no estado de São Paulo, onde temos na região em tela (Ibura e Cohab) redução de 43% de CVLI (comparativo do ano de 2019 em relação ao ano de 2018 ), como também redução de 22% de CVP, no mesmo período".

Na nota, a PM se refere a Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI), que são crimes como homicídio doloso, homicídio culposo e latrocínio e a Crime Violento contra o Patrimônio (CVP), que inclui todos os tipos de roubo, exceto latrocínio, e aos furtos. O texto da Polícia Militar faz menção ainda ao caso registrado em São Paulo no dia 1º de dezembro, quando nove pessoas morreram pisoteadas em um baile funk na comunidade Paraisópolis, Zona Sul de São Paulo.

De acordo com um registro policial, as vítimas foram pisoteadas depois de uma "ação de controle de distúrbios civis, ou seja, para dispersão do baile, feita pela Polícia Militar usando 'munições químicas'. Em novembro do ano passado, uma jovem ficou cega após a PM usar esse tipo de munição em um baile funk.

Confira a nota da PMPE na íntegra:

A Polícia Militar informa que, segundo apuração inicial feita junto à equipe de policiais deslocada para a ocorrência, e que não estava  presente, no momento da confusão que vitimou um  homem, no domingo, no Ibura. O efetivo, integrante do 19º BPM, participava, no bairro, da Operação Bar Seguro (que envolve a PM, Bombeiros e órgãos municipais), quando recebeu denúncia de que estava havendo uma briga, possivelmente, entre grupos rivais no local. Foi feito o deslocamento, mas os policiais encontraram a vítima já baleada, dentro de um carro particular que lhe prestava socorro. A viatura fez o acompanhamento em apoio para agilizar a transferência do rapaz para a Policlínica do bairro, enquanto outros militares permaneceram no local do crime aguardando a chegada   da Polícia Civil, que ficará responsável pela investigação do caso, identificando as circunstâncias e a autoria do crime. Além de prematura, é irresponsável qualquer suposição ou acusação de autoria do disparo ou omissão de socorro, e inverídica qualquer semelhança  com a situação  apontada num fato, no Estado de São Paulo, onde temos na região  em tela (Ibura e Cohab) redução  de  43 % de CVLI (comparativo do ano de 2019 em relação ao ano de 2018 ), como também  redução  de 22% de CVP, no mesmo período.

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