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Vida Urbana
LGBTfobia

Casal de mulheres é agredido durante prévias em Olinda

Publicado: 20/01/2020 às 21:36

Foto: Google Maps./

Foto: Google Maps./

Um casal de mulheres foi agredido por um grupo de cerca de oito homens durante as prévias carnavalescas no Sítio Histórico de Olinda neste domingo (19). Segundo uma das vítimas, a produtora audiovisual Daniela Cano, 28 anos, ela e sua companheira estavam na Rua do Amparo, por volta das 23h30, seguindo em direção à Praça do Carmo para pegar uma condução para casa quando os agressores, sem qualquer insulto ou confusão, chegaram junto dela e começaram a desferir murros em sua cabeça e em sua face. Prontamente, sua companheira tentou defendê-la, quando também foi agredida com chutes e murros. Acompanhada de seus pais e de seu cunhado, Daniela e a companheira registraram um boletim de ocorrência nesta segunda-feira (20) na Delegacia do Varadouro, em Olinda. O caso será investigado pelo delegado Vinícius Notari, segundo a Polícia Civil de Pernambuco. 

“Era para ser um momento de festa. Eu e minha companheira estávamos andando normalmente de mãos dadas, quando fomos surpreendidas pelo grupo de homens. Não houve qualquer tipo de agressão verbal ou insulto prévio. Eles simplesmente chegaram batendo, num crime claro de LGBTfobia. Havia uma mulher no grupo deles que ficou apenas observando enquanto eu e minha companheira apanhávamos”, contou Daniela, que está com hematomas no couro cabeludo, nos olhos e no rosto. Sua companheira, que está muito abalada emocionalmente, teve o dedo fraturado e apresenta hematomas no tórax e nas coxas. 

“Estávamos acompanhadas de mais três amigos, todos LGBT. Eles andavam na frente e quando viram a agressão, voltaram para nos ajudar. Se não fosse eles, poderia ter sido muito pior, porque eu caí no chão, perdi meus óculos e mal conseguia andar e enxergar. Levei muita pancada na cabeça”, relatou a produtora audiovisual. Após o registro da ocorrência nesta segunda, as duas se submeteram a um exame de corpo delito no Instituto Médico Legal (IML) e em seguida foram para um hospital fazer tomografia e outros exames de saúde. 

Segundo Daniela, o grupo seguia no sentido contrário ao delas, em direção ao Largo do Amparo. As agressões aconteceram na altura do restaurante Oficina do Sabor. O casal e seus familiares estão tentando conseguir imagens de câmeras de estabelecimentos e residências na Rua do Amparo para encontrar seus agressores. A produtora não lembra dos rostos, apenas que os homens vestiam camisas coloridas. “Eu fico tentando entender o que leva pessoas a cometer esse tipo de agressão de forma gratuita. Eu nunca tinha visto aqueles homens. Agrediram apenas por estarmos de mãos dadas”, afirmou a jovem, que mora no Recife. Não havia policiais militares no momento.  

A produtora audiovisual disse que quer que os agressores paguem na justiça pelo que fizeram, para que não venham a agredir outras pessoas. “A gente gritava: vocês estão batendo em mulheres. Mas eles não paravam. Tudo o que aconteceu nos deixa com sentimento de impotência, mas ao mesmo tempo nos faz reagir e só reforçar que não vamos nos negar o nosso direito de amar e de frequentar qualquer lugar que quisermos. Não vou deixar de andar de mãos dadas e nem de beijar minha companheira. Isso não pode ficar impune”, defendeu Daniela. 
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