Vida Urbana

Marinha já recolheu mais de duas toneladas de petróleo cru em alto-mar

Pernambuco foi o estado com mais remoção de petróleo cru no mar.

Pernambuco faz parte do 3º Distrito Naval, que compreende a faixa litorânea que vai do Ceará a Alagoas. Desde que a região teve o patrulhamento marítimo reforçado, foram recolhidas 2,7 toneladas de óleo. “Estamos por aqui há doze dias e temos uma área delimitada pelo Grupo de Acompanhamento e Avaliação (GAA), onde verificamos toda e qualquer suspeita de resíduo de petróleo”, revelou o capitão-tenente Filipe Paranhos, comandante do Guaíba.

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Construído em 1993, o Guaíba ficou com a responsabilidade de fiscalizar uma área de aproximadamente 100 milhas quadradas, entre o Porto do Recife e o Cabo de Santo Agostinho. Com capacidade para 31 tripulantes - sete oficiais e 24 praças -, a equipe do navio chega a ficar oito dias direto no mar. “Para conseguir ficar esse tempo todo a gente restringe bastante o uso de água doce”, conta o comandante.

Além dele, outros dois navios-patrulha, Macaé e Macau, monitoraram a costa pernambucana entre a última quinta (31) e sexta-feiras (1º). Antes, passaram por aqui o navio-patrulha Goiana e o navio hidrográfico balizador Comandante Manhães, responsável por capturar 900 quilos de petróleo perto da Praia do Paiva, no Cabo. O Guaíba já recolheu 500 quilos e o Goiana 600.

Equipe do navio-patrulha Guaíba pronta para entrar no mar.

Navegando
Depois que sai do porto, o navio segue em ziguezague na área delimitada pelo GAA. Três instrumentos ajudam na navegação. “Temos a carta náutica de papel, que é a que realmente se usa como guia principal e a virtual, que serve como um apoio. O radar também auxilia. Por ele, podemos detectar outras embarcações próximas e pedir informações”, detalhou Paranhos. A velocidade também não pode ser muito alta - no máximo de 6 nós (12 km/h).

A bordo, tudo tem que ser seguido a risca, para que os trabalhos não fiquem comprometidos e se alguém esquece, o apito ajuda a lembrar do que deve ser feito. Dois médicos permanecem a postos, munidos de medicações e injeções, para ajudar o tripulante que venha a enjoar durante os trabalhos no mar. Quando há uma notificação de suspeita de mancha, o navio se aproxima do local indicado.

“Tentamos identificar visualmente e fica um vigia no tijupá do navio (parte superior e aberta, em cima da cabine de comando). Não sendo possível, mandamos o bote com uma equipe vestida com EPI. A gente coleta uma amostra e avalia se é possível usar bags (grandes sacolas) ou manta para capturar”, descreve.

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“Com a mancha capturada, ela é levada para a proa e depois colocamos o conteúdo em latões de 200 litros”, explicou o capitão-tenente Paranhos. A última vez que foi encontrado algo em águas pernambucanas foi em 23 de outubro, no Cabo. Eram fragmentos, mas suficientes para encher quatro tambores inteiros. No dia que a reportagem acompanhou o patrulhamento nada foi visto.

“É difícil ver mancha na superfície, ela fica submersa. Dependendo do horário, fica fácil de ser confundida com a sombra de uma nuvem. Da vez que conseguimos coletar algo, foi graças ao aviso de um barqueiro. Nos aproximamos, descemos o bote e fomos investigar se era realmente óleo”, relembra.

No ar
Três helicópteros ajudam no trabalho dos navios, sendo um da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semas), outro do Ibama e o terceiro da Marinha. O Diario embarcou na aeronave da Marinha, que sobrevoou o Litoral Sul na tarde do dia 29. O voo passou pelas praias de Piedade, Paiva, Porto de Galinhas, Serrambi e Tamandaré. Assim como no navio, há dificuldade de visualizar as manchas porque a frequência maior agora é de fragmentos. No pontal de Maracaípe havia uma boia de contenção. Já o estuário do Rio Sirinhaém se encontrava desprotegido.

Duas vezes ao dia, o helicóptero da Marinha realiza sobrevoos pelo litoral pernambucano.

“Nosso helicóptero tem sonar, radar, câmera de imagem térmica. Se encontramos algo, temos que marcar a posição, por coordenada geográfica, e repassamos a informação para navios ou para a equipe em terra. Nossa tarefa (aérea) é de busca e procura de material”, explicou o capitão-tenente Leonardo Castanheira.

Recentemente, a aeronave chegou a fazer um sobrevoo entre Maceió e Toldos, no Rio Grande do Norte: “mas a gente só sabe o destino dos voos no dia”, complementa Castanheira.

Leia a notícia no Diario de Pernambuco
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