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Diario é homenageado em sessão na Câmara de Vereadores do Recife

Publicado: 18/11/2019 às 14:58

Diretoria do Diario recebeu de vereadores certificado em homenagem aos 194 anos da empresa/Foto: Peu Ricardo/Diario

Diretoria do Diario recebeu de vereadores certificado em homenagem aos 194 anos da empresa/Foto: Peu Ricardo/Diario

O Diario de Pernambuco foi homenageado, nesta segunda-feira(18), na Câmara de Vereadores do Recife, pela passagem de seus 194 anos de funcionamento ininterrupto. O jornal impresso em circulação mais antigo na América Latina foi lembrado em sessão solene, presidida pela vereadora Goretti Queiroz (PSC) e proposta pelo vereador Chico Kiko (PP).

Para o vice-presidente executivo do Diario, Sergio Jardelino, o jornal representa uma reserva institucional do estado. “Fazemos parte da cultura pernambucana. A empresa representa a informação de qualidade, o compromisso com a notícia.” Jardelino leu o texto do jornalista Vandeck Santiago, editor executivo do Diario, sobre a passagem dos anos para a empresa, considerada a segunda mais antiga do Brasil, somente perdendo para a Casa da Moeda, criada em 1694. “Essa homenagem me lembra o nome de duas pessoas que passaram  pelo Diario: Mauro Mota, escritor, e Antônio Camelo, jornalista. O texto (de Vandeck Santiago) retrata o sentimento dos que fazem o Diario”, comentou, antes de começar a leitura. O texto ressalta, inclusive, que o jornal é a empresa privada mais antiga do Brasil, em atividade, já que a Casa da Moeda é uma estatal.

O vice-presidente institucional do Diario, Tadeu Aguiar, lembrou que a nova diretoria está se integrando agora à empresa e está otimista. “É um jornal com toda uma história de 194 anos de tradição e luta. Nos sentimos honrados em levar o Diario à frente com toda sua credibilidade.”

Para o vereador Chico Kiko, o Diario tem sido a voz do povo. “É um jornal que divulga a verdade, tem o respeito pela população, não inventa. Por isso a homenagem”, justificou. A vereadora Goretti Queiroz desejou boa sorte à diretoria e lembrou que a Câmara de Vereadores sempre será como uma voz para o jornalismo. “Vamos pensar em nossos jornalistas cada vez mais valorizados”, acrescentou.

O jornalista Elias Roma, diretor de mídia da Associação de Imprensa de Pernambuco (AIP), esteve na sessão representando Múcio Aguiar. Elias Roma trabalhou no Diario entre 1976 e 2003. “A homenagem reconhece a importância do Diario no cenário pernambucano e como jornal mais antigo na América Latina, que formou importantes figuras no jornalismo e se mantém vivo na memória do povo pernambucano e em todo Nordeste.”

O prefeito do Recife, Geraldo Júlio, foi representado pelo jornalista Carlos Eduardo Santos, chefe de imprensa do gabinete. A direção da redação, além das equipes de marketing e contas também prestigiaram a homenagem. Jardelino e Aguiar receberam das mãos do político um certificado pela passagem do aniversário do Diario.

O Diario de Pernambuco foi fundado em 7 de novembro de 1825 pelo tipógrafo Antonino José de Miranda Falcão. Além de ser o jornal impresso mais antigo em circulação na América Latina,tem a mais antiga edição impressa publicada em português.

Ao ser fundado na Rua Direita, o Recife ainda não era capital de Pernambuco. O jornal surgiu como uma publicação de anúncios de imóveis, achados e perdidos e leilões. O vereador Chico Kiko lembrou, durante a homenagem, que o jornal passou pela Praça da Independência, também chamada Praça do Diario (1903), mudou-se para a Rua do Veiga (2004), até chegar à Avenida Marquês de Olinda, no Bairro do Recife, em 2016.

Confira abaixo o texto de Vandeck Santiago, diretor executivo do Diario de Pernambuco:

Para vocês terem uma ideia, o Recife ainda não era a capital de Pernambuco e o Diario de Pernambuco já estava circulando. O Recife ganhou esta condição em 1827; o primeiro número do Diario saiu em 7 de novembro de 1825, uma segunda-feira. Hoje faz 193 anos da sua edição inicial - não há nenhum outro jornal na América Latina que detenha esta marca.

Manter-se em atividade durante praticamente dois séculos, ininterruptamente, não é uma façanha apenas para o setor da comunicação - é para qualquer outro ramo do empreendimento humano. Vejamos: qual a empresa mais antiga do Brasil, em atividade? É a Casa da Moeda. Foi criada em 1694. E qual a segunda mais antiga do Brasil? O Diario de Pernambuco.  Faça-se a ressalva que a Casa da Moeda é uma estatal. O jornal, uma empresa privada. Encontra-se em Pernambuco, no Nordeste, a empresa privada mais antiga do Brasil, em atividade.

O fato, por si só, é motivo de orgulho e inspiração para todos nós que, diariamente, fazemos o Diario procurando corresponder à relevância que ele construiu ao longo do tempo. Não há nenhum exagero em considerar este jornal um patrimônio do estado, da região, do Brasil.

Gilberto Freyre o considerava um “historiador do Brasil”. Inúmeros pesquisadores se valeram e ainda se valem do seu acervo para escavar o passado, tentando entender ou reconstituir os dias que ficaram para trás. Há obras clássicas da historiografia nacional que não existiriam se não fosse a cobertura diária do Diario ao longo do tempo.

“A base de nossos governos sendo a opinião do povo, o primeiro objetivo deve ser mantê-la exata; fosse deixado a mim decidir se deveriam ter um governo sem jornais ou jornais sem um governo, não hesitaria um momento em preferir este último”, dizia Thomas Jefferson. Entre a frase de Jefferson e os dias de hoje, 230 anos nos separam. Mas tem ela alentadora atualidade, pela importância que dá à exatidão das informações e a liberdade de dizê-las.

Nos dias de hoje, em que as chamadas fake news afetam o mundo, disseminadas muitas vezes de forma criminosa, a existência de um jornal ergue-se como uma barreira não em favor deste ou daquele governo, desta ou daquela corrente ideológica ou política - mas em favor de um bem que interessa a todos: a verdade, que não é nem nunca foi propriedade exclusiva de forças ou grupos.

Jornais não estão imunes a erros, inclusive de avaliação e julgamento. Mas os jornais - aqui entendidos como sinônimos de imprensa - tentam, todos os dias, todas as horas, seja no impresso seja no online, evitar que a mentira ocupe o lugar da verdade. É isso que o Diario vem buscando fazer nos últimos dois séculos.

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