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Desastre ambiental

Análise da água do mar atesta que praias de PE estão próprias para banho

Publicado em: 08/11/2019 16:37 | Atualizado em: 08/11/2019 21:43

Foto: Divulgação/Prefeitura de Paulista.
As praias pernambucanas atingidas por manchas de óleo entre os meses de setembro e outubro deste ano estão aptas para banho. Análises científicas das águas das praias afetadas, divulgadas nesta sexta-feira (8), mostram que não foram detectadas nos líquidos coletados presença de hidrocarbonetos, compostos orgânicos encontrados no petróleo e que, em grandes concentrações, podem causar danos à saúde. As amostras foram coletadas nos dias 24, 26 e 31, contemplando praias como Carneiros, Maracaípe, Muro Alto, Forte Orange e Paiva. Diante das incertezas que permanecem sobre a origem do óleo, Pernambuco passará a realizar toda semana essas mesmas análises.

Duas análises simultâneas foram realizadas, cujos resultados foram divulgados de forma simultânea. Uma delas foi conduzida pelo Instituto de Tecnologia de Pernambuco (Itep), que fez as coletas de água nos dias 26 e 31 de outubro, no litoral dos municípios de São José da Coroa Grande (foz do Rio Persinunga), Tamandaré (Boca da Barra, Carneiros e Tamandaré), Ipojuca (Maracaípe e Muro Alto), Cabo de Santo Agostinho (Suape, Gaibu, Itapuama e Paiva), Jaboatão dos Guararapes (Barra de Jangada), Paulista (Janga e Pau Amarelo), Goiana (Itapessoca) e Ilha de Itamaracá (Jaguaribe e Forte Orange).

Foram analisados 21 compostos da cadeia de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (tidos como HPAs) e o grupo conhecido por BTEX (Benzeno, Tolueno, Etilbenzeno e Xileno). O Itep avaliou todo este conjunto de substâncias para as amostras de águas colhidas no dia 31 e apenas do grupo BTEX para o material recolhido no dia 26. Em ambos os casos, os níveis desses compostos foram abaixo do limite previsto por resolução 357/2005 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Já os pesquisadores do laboratório da OrganoMAR (UFPE) avaliaram as amostras colhidas no dia 24 de outubro, fazendo o diagnóstico específico para o grupo de HPAs. Nesse caso, apenas a praia de Itapuama apresentou quantidades que excediam o limite previsto pelo Conama.

“Pela volatilidade das substâncias, já se imaginava que não iríamos detectar a presença de benzeno, tolueno, etilbenzeno e xileno, que são compostos mais perigosos. Sobre Itapuama, no dia da coleta a praia ainda estava oleada”, disse o secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade, José Bertotti. De acordo com o secretário, apesar do resultado das análises, é preciso que a população permaneça alerta. “Desenvolvemos ações para retirada do material, mas as análises da água são importantes para dar mais tranquilidade à população. Porém, principalmente pela falta de informação, é preciso que a população fique atenta. Não ter óleo na praia hoje não quer dizer que não possa aparecer amanhã.”

As análises das águas serão repetidas todas as semanas e incorporadas ao boletim divulgado pelo Governo Estadual sobre a balneabilidade das praias. Também foram coletadas amostras de águas de rios, para fazer o mesmo tipo de investigação, mas os dados ainda não estão prontos. O mesmo acontece com a análise da qualidade peixes e frutos do mar. “A análise desse material pode ser feita em 30 a 35 dias. É um monitoramento que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) está realizando e que demora um pouco mais para sair”, disse Bertotti. 
 
 
Senadores visitam Pernambuco para colher informações sobre manchas de óleo 
 
A situação dos pescadores e comerciantes que dependem da venda de peixes e frutos do mar no litoral pernambucano foi um dos temas da reunião que ocorreu, nesta sexta-feira (8), entre o Governo do Estado e representantes da comissão especial de senadores que monitora o vazamento de óleo nas praias do Nordeste. Os senadores Fabiano Contarato (ES), Jean-Paul Prates (RN), Randolfe Rodrigues (AP) e Humberto Costa (PE) se comprometeram a levar para o Congresso Nacional propostas alternativas para enviar socorro financeiro a essa população.

De acordo com Humberto Costa, no entendimento da comissão o Governo Federal estaria subestimando a situação. “Iremos propor um socorro urgente. É preciso que haja algum suporte emergencial, algum recurso, empréstimo, o que quer que seja. Especialmente para os pescadores, já que há poucos profissionais cadastrados no seguro-defeso. É preciso produzir com urgência análises que comprovem a qualidade dos frutos do mar para que a atividade econômica possa acontecer”, disse o senador.

O grupo conheceu o centro operacional da Capitania dos Portos, onde estavam representantes do Ibama também, e visitou o Cabo de Santo Agostinho, onde visitaram Itapuama e conversaram com a população local. “Entregamos uma pasta aos senadores com todos os ofícios que foram feitos pelo governo e enviados à Marinha, ao Ministério do Meio Ambiente, ao Ministério da Defesa e à Agência Nacional de Petróleo (ANP). E levantamos as questões mais importantes. A primeira medida é o fato de que o plano de contingência só foi acionado 43 dias depois das manchas chegarem, que a primeira medida – a comissão instaurada – foi 37 dias depois do ocorrido”, disse José Bertotti.

Pernambuco faz hoje um monitoramento em 14 áreas sensíveis. Segundo Bertotti, a ANP respondeu ao ofício enviado há 11 dias pelo Governo Estadual solicitando as cópias do plano de contingência das empresas que produzem petróleo pesado no Brasil. “Eles responderam que temos que consultar o site do Ibama, mas não consideramos a resposta adequada. Nós comunicamos os senadores, pois o que a gente pediu para eles não foi informações sobre como conter o óleo. As empresas quando são licenciadas pela ANP ou pelo Ibama têm que ter um plano de contenção para óleo pesado e não queríamos uma cópia desses planos. Então solicitamos a eles novamente”, acrescentou o secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade.

Os senadores visitarão ainda outros estados, como Rio Grande do Norte, Bahia e Paraíba. Também estiveram na reunião realizada no Palácio do Campo das Princesas representantes da bancada na Câmara Federal, como os deputados João Campos (PE), Carlos Veras (PT) e João Daniel (SE). 



 
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