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Maioria dos brasileiros não relaciona maus hábitos ao câncer de mama

Publicado em: 26/09/2019 17:20 | Atualizado em: 26/09/2019 17:25

Márjori Dulcine, diretora médica da Pfizer, apresenta resultados da pesquisa. Foto: Diogo Cavalcante/DP.
Os brasileiros ainda têm pouca informação sobre as causas do câncer de mama. É o que constata pesquisa Câncer de mama hoje: como o Brasil enxerga a paciente e sua doença?, divulgada nesta quinta-feira (26), em coletiva de imprensa realizada em São Paulo. Há uma percepção de que os tratamentos contra a doença estão mais avançados, mas fatores de risco, como consumo de álcool e obesidade, são ignorados por homens e mulheres, seja por não acreditar ou por não ter certeza de que interferem no aparecimento de tumores. O levantamento foi realizado pela Ibope Inteligência em parceria com a farmacêutica Pfizer.

O método utilizado foi o questionário virtual, encaminhado a 2.000 pessoas na cidade de São Paulo e nas áreas metropolitanas do Recife, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre e Curitiba. Perguntados sobre o que contribui para o aparecimento de um câncer de mama, 71% dos entrevistados alegaram ser fruto de fatores hereditários. Já 33% põem a culpa na falta de exames preventivos. O estilo de vida, apontado pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca) como o maior responsável pelo surgimento de tumores, só foi citado por 24%.

Dente os recifenses, 67% acreditam que o tumor aparece por fatores hereditários. 34% responderam ser reflexo da paciente não ter buscado realizar os exames devidos. E 27% disseram que é responsabilidade do estilo de vida. Curiosamente, 10% dos entrevistados da capital pernambucana pontuaram que a doença surgiu por ser “destino da pessoa” ou “estar nos planos de Deus” - no resto do país, esse valor é de 7%.

“Existem alguns tipos de câncer muito agressivos, que podem se desenvolver entre um exame e outro. Dizer que é culpa da mulher só reforça preconceitos e dificulta a busca por soluções”, salientou a diretora médica da Pfizer, Márjori Dulcine. “Essa pesquisa mostra a real percepção do brasileiro sobre o problema e onde que estão os principais gargalos de informação”, acrescenta.

"Toda mudança no corpo tem que ser investigada%u201D, defende Marina Sahade, do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês. Foto: Diogo Cavalcante/DP.
Autoexame não basta
Outro ponto controverso da pesquisa foi o fato de que 79% dos homens e 77% das mulheres acreditam que o autoexame - toque nas axilas e seios - é  suficiente para detectar um tumor. Quando considerado apenas as cidades, 83% dos cariocas acreditam piamente que o próprio toque basta. Já no Recife, esse índice fica na casa dos 73% - o segundo menor dentre as seis capitais.

Ainda, 52% das mulheres entrevistadas ignoram a importância da mamografia. “Toda mudança no corpo da mulher ou do homem tem que servir de alerta para buscar um exame médico. Às vezes esses nódulos podem surgir por causa de inflamações ou machucados, mas como são benignos, somem. Mas não se pode esperar sumir. Qualquer coisa que surgir na mama, axila ou pescoço tem que ser investigada”, defende a médica Marina Sahade, titular do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês. 

Marina também aproveita para desmentir o mito de que sentimentos como raiva, rancor, ódio, angústia, ira ou estresse causam câncer. “Se diz muito isso, mas não há provas científicas disso. Sabemos que, no combate à doença, o sistema imunológico tem papel importante. Então, tudo que deixar a imunidade boa, diminuirá as chances do tumor evoluir. Da mesma forma que você fica mais gripado quando está muito nervoso”, comenta.
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