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Esquecimento na pessoa idosa nem sempre significa Alzheimer

Publicado em: 25/09/2019 13:44

Foto: Alcione Ferreira/arquivo DP
O diagnóstico correto da doença de Alzheimer é um dos grandes desafios dos profissionais de saúde e de seus pacientes. Segundo o neurologista Paulo Brito, especialista em cognição e demência, há inúmeros casos de pessoas sem a doença diagnosticadas com Alzheimer, assim como há outras tantas com Alzheimer sem o diagnóstico correto. Nos dois casos, o enfrentamento dos dias que virão após o diagnóstico torna-se ainda mais dramático para as famílias e os pacientes. Estima-se cerca de 35,6 milhões de pessoas com a doença no mundo. No Brasil, há cerca de 1,2 milhão de casos, a maior parte sem diagnóstico.

A doença é responsável hoje por mais de 60% dos casos de demência, aponta Brito, mas não sua única causa. “Quando a pessoa tem esquecimento, é difícil definir se é a doença se manifestando ou se o sintoma é causado por outra situação. Na pessoa idosa, quando ela esquece de algo, logo se pensa que é Alzheimer. Não é bem assim. Enquanto isso, outras pessoas não dão qualquer sinal e podem passar como se estivessem com saúde, mesmo  tendo a doença”, analisa Brito.

No último dia 21 foi celebrado o dia mundial da doença de Alzheimer. Ao longo do mês, algumas discussões sobre o tema foram levantadas, entre elas, a necessidade de mais pessoas especializadas em cognição e demência. “O fato de ser neuro não implica no profissional ter conhecimento profundo do Alzheimer”, disse Brito, com 32 anos de atuação na área e três livros publicados sobre o tema.

Outra pauta importante dentro da discussão é o tratamento dispensado pelo cuidador ao paciente. Isso porque a pessoa com Alzheimer passa a ser dependente, apesar de, em geral, estar fisicamente bem. “Há pacientes que percebem que estão com a doença, já outros não. A família sofre muito. O primeiro passo é aceitar o processo. E depois procurar ajuda. O importante é ajudar o paciente no que ele pode fazer e não querer que a pessoa faça o que o cuidador quer. A ideia é supervisionar, pedir, sem mandar. Mas reconheço que isso é muito difícil. Quando a pessoa quer mandar, prejudica o doente, que esquece o assunto, mas não esquece o mal estar. Assim o ambiente passa a ser ruim”, alerta o médico. Um dos planos de Brito é formar um grupo de apoio a pessoas que cuidam de quem tem Alzheimer. Após um diagnóstico, muitas famílias não sabem a quem pedir ajuda.

A idade é considerada o principal fator de risco para o Alzheimer. Após os 65 anos, o risco de desenvolver a doença dobra a cada cinco anos. As mulheres parecem ter risco maior, talvez pelo fato de viverem mais que homens. A doença é incurável e se agrava ao longo do tempo. A maioria das vítimas são idosas.

A Associação Brasileira de Alzheimer - regional Pernambuco - vai promover um encontro para cuidadores, familiares, estudantes e profissionais de saúde para discutir a doença. As mudanças nas fases do Alzheimer e os distúrbios comportamentais são considerados desafiadores para quem lida com o paciente.

A ideia é discutir casos clínicos, com a presença de profissionais da geriatria e gerontologia, para trocar informações e esclarecer dúvidas. O evento acontece no auditório da Ferreira Costa, na Rua Cônego Barata, 275, na Tamarineira, no auditório localizado no piso G4. Será no próximo dia 28, entre 8h30 e 15h30. O ingresso custa R$ 40.

Saiba diferenciar quando algo se torna sinal de alerta da doença de Alzheimer, ou quando faz parte do envelhecimento esperado:

Normal: ter uma vaga lembrança de algum acontecimento
Sinais de alerta: esquecer-se de parte ou totalidade de algum acontecimento

Normal: cometer erros ocasionais, como passar um cheque ou cartão
Sinais de alerta: progressivamente perder a capacidade de gerir o orçamento

Normal: esquecer-se às vezes, de qual palavra melhor usar em uma conversa
Sinais de alerta: ter dificuldade de manter uma conversa e não seguir um raciocínio ou lembrar das palavras

Normal: apesar das limitações da idade, ainda é possível realizar atividades comuns do dia a dia, como se levantar, andar, se alimentar
Sinais de alerta: perder a capacidade de realizar atividades do dia a dia de forma autônoma

Fonte: Paulo Brito - médico neurologista

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