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Plataforma desenvolvida no Recife fica em segundo lugar em concurso sobre soluções inovadoras para a mobilidade

Publicado em: 21/08/2019 17:38 | Atualizado em: 21/08/2019 18:01

Foto: Nina/Divulgação

BRASÍLIA – O “botão virtual” Nina, desenvolvido por um grupo de pesquisadores do Recife, ficou em segundo lugar no 1º Desafio Coletivo de Inovação em Mobilidade Urbana. A entrega do prêmio, com seis finalistas, foi feita nesta quarta-feira (21) pela Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), em Brasília (DF). A ferramenta permite que vítimas ou testemunhas de assédio em ônibus façam denúncias. O registro aciona as câmeras dos coletivos, e as imagens são encaminhadas à Polícia Civil para facilitar a identificação do agressor.

Apesar de ter sido criado e ter sede no Recife, o projeto não foi implantado na capital pernambucana. Atualmente, funciona apenas na cidade de Fortaleza (CE). Uma proposta para o uso da ferramenta no transporte público da Região Metropolitana do Recife está sendo analisada pela Secretaria Estadual da Mulher. “A cada quatro segundos, um caso de assédio acontece no transporte público, e as mulheres são 65% entre os passageiros. A insegurança amplia a evasão e pode ser combatida pelas empresas operadoras”, afirmou a fundadora da tecnologia e estudante da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Simony Moura, 27 anos.

Filha de uma ex-cobradora da antiga linha Alto da Bondade, Simony transformou um problema relatado pela mãe em solução que pode ser adotada em todo o país. A partir da plataforma, o poder público pode identificar o número de casos e mapear as linhas e regiões onde o problema tem maior incidência. Em Fortaleza, num período de quatro meses, 930 denúncias foram registradas. “O canal de denúncia fica integrado ao aplicativo já usado na cidade (Meu Ônibus Fortaleza, no caso da capital cearense) e registra ocorrências nos ônibus em pontos de parada e terminais”, explicou Simony.
Foto: Nina/Divulgação

Dos casos registrados em Fortaleza, 56% ocorreram dentro dos coletivos; 26% em paradas e 16% em um terminal de ônibus. As notificações foram feitas por mulheres vítimas de assédio (54%) e por pessoas que presenciaram a agressão (52%). Um total de 77 casos (apenas 8% do total registrado na plataforma) tornou-se ocorrência policial. “Como filha de cobradora de ônibus, ser premiada diante de uma plateia de empresários do ramo é uma vitória enorme. Queremos expandir para outras cidades, especialmente para o Recife, onde estamos sediados”, ressaltou Simony. Além dela, outros cinco pernambucanos trabalham na plataforma.

O primeiro lugar da competição foi para a solução OnBoard Mobility, de São Paulo (SP). A plataforma usa o sistema Android e cria uma carteira virtual – chamada Bilhete Digital – que digitaliza o cartão de transporte, permitindo o embarque através de QRCode. O objetivo da tecnologia é permitir um planejamento mais assertivo sobre linhas e tarifas. Fornece ainda informações a partir da integração do transporte público com bicicletas, patinetes, táxis e aplicativos de corrida.

“Também temos o objetivo de devolver o protagonismo da mobilidade urbana ao transporte coletivo. Acreditamos que é possível fazer isso por meio da tecnologia. É uma solução que digitaliza o cartão de transporte e passa a fazer com que todo o relacionamento, que hoje é físico, seja digital e melhore a percepção que o passageiro tem sobre o sistema que ele utiliza”, esclareceu Luiz Renato de Matos, um dos criadores da plataforma.

Já o sistema de ventilação parcialmente natural ArejaBus, de Salvador (BA), ficou com o terceiro lugar no desafio. A solução usa a própria movimentação do ônibus para promover conforto térmico e qualidade do ar dentro dos coletivos. Em teste na capital baiana, o sistema conseguiu diminuir 13ºC no interior de um ônibus de pequeno porte.

O produto é dividido em três partes: um dispositivo de exaustão; janelas venezianas de encaixe fácil e um sistema embarcado que aciona exaustores motorizados quando o veículo está parado. “O sistema tem baixo consumo energético, funcionamento independente e constante, que não precisa ser acionado pelo motorista ou cobrador”, destacou um dos criadores do ArejaBus, Leonardo Santiago.

Desafio

A primeira edição do Desafio Coletivo é uma competição para estimular o fomento à mobilidade sustentável e ao desenvolvimento de projetos e ideias em prol do transporte coletivo. As inscrições foram abertas para startups, empresas inovadoras e empreendedores dedicados a desenvolver soluções criativas para a área de mobilidade, com foco no transporte coletivo urbano.

Ao todo, foram inscritos 36 projetos de todo o país. A competição teve três etapas: peneira, seletiva e Pitch Day. Na fase seletiva, foram analisadas 15 propostas. Já a fase final contou com seis projetos, entre eles os três premiados. Um grupo formado por autoridades, empresários e especialistas em mobilidade urbana julgou os projetos. O vencedor será incubado por seis meses pela NTU.

A repórter viajou a convite da NTU

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