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EDUCAÇÃO

Agência Espacial Brasileira capacita professores pernambucanos para combate ao Aedes aegypti

Publicado em: 12/08/2019 15:38 | Atualizado em: 12/08/2019 15:48

Participantes receberam informações sobre gênero do mosquito, doenças transmissíveis e fatores que interferem no ciclo de vida do Aedes. Foto: Joanna Paula Ferreira/Divulgação.
Perguntar, coletar, observar e investigar. As ações associadas aos cientistas podem e devem fazer parte da rotina dos estudantes, desde os primeiros anos da vida escolar. Com o objetivo de disseminar conceitos científicos e estimular a pesquisa na rede estadual de ensino, a Agência Espacial Brasileira (AEB) realizou no Recife, nesta segunda-feira (12), o programa de educação ambiental Globe-Nasa, em cooperação técnica com a Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço dos Estados Unidos (Nasa). Um grupo de 32 professores de escolas públicas de Pernambuco, sendo 20 de ensino médio e 12 de ensino fundamental, participaram da formação.

Com o tema 'Envolvendo cidadãos no prognóstico e na observação de doenças transmitidas por mosquitos', o workshop, ministrado pela professora Inês Mauad, mostrou como fazer análises e identificar larvas do mosquito. Os participantes também foram a campo para coletar larvas e identificar possíveis criadouros do mosquito, utilizando o aplicativo Globe Observer. O app é um programa da Nasa criado em 1995 e formado atualmente por 34 mil escolas de mais de 120 países. Cerca de 165 milhões de dados estão no Globe e podem ser usados por pesquisadores e estudantes de todo o mundo.

Professor de química do ensino médio na Escola Professor Leal de Barros, no Engenho do Meio, Zona Oeste do Recife, Moisés Mendonça recebeu a formação e garantiu que vai usar em sala de aula as técnicas aprendidas. "Faço armadilhas para mosquitos com garrafas PET desde 2006. Agora, com essa orientação mais concreta, vou incentivar ainda mais a pesquisa. Os alunos com certeza se sentirão mais estimulados ao saber que estarão fazendo parte de uma pesquisa internacional", afirmou. A Escola de Referência em Ensino Médio Álvaro Lins, em Nova Descoberta, também já realiza trabalho de combate ao mosquito com o uso de armadilhas elaboradas com garrafas e tule.

Professores receberam kits com material para desenvolver projeto em sala de aula. Foto: Joanna Paula Ferreira/Divulgação.
No workshop, após as atividades de coleta, os professores analisaram as amostras no microscópio e aprenderam a identificar as larvas do mosquito transmissor de doenças como dengue, zika e chikungunya. O grupo também recebeu orientações sobre o processo de inserção de dados ambientais na plataforma online do Globe e também discutiu os projetos que envolvem as comunidades nos protocolos de atmosfera e uso do aplicativo em iniciativas que buscam impedir a proliferação do mosquito e das doenças transmitidas pelo Aedes Aegypti.

De acordo com a gerente de Políticas Educacionais do Ensino Médio da Secretaria Estadual de Educação, Carolina Ferreira, os professores selecionados para participar da capacitação atuam em escolas-piloto do Novo Ensino Médio no estado. Ao todo, Pernambuco tem 423 escola - sendo 318 de tempo integram e 105 regulares - no piloto estadual. A reforma no ensino médio brasileiro prevê que, de maneira progressiva, as escolas de ensino médio passarão para tempo integral, tendo o horário ampliado para 1,4 mil horas, o equivalente a sete horas diárias.

Escola de Referência em Ensino Médio Álvaro Lins, em Nova Descoberta, já realiza trabalho de combate ao mosquito. Foto: Paulo Paiva/DP.
A meta do Plano Nacional de Educação (PNE) é que, até 2024, 50% das escolas e 25% das matrículas da educação básica sejam de tempo integral. Enquanto a meta brasileira é até 2024 ampliar para metade a quantidade de instituições com ensino integral, a pernambucana é chegar a até 70%. O objetivo é disponibilizar vagas suficientes para que todos aqueles que tenham interesse possam migrar para o integral.

Estímulo
Formação aconteceu na sede da ABA Global Education, bairro dos Aflitos. Foto: Joanna Paula Ferreira/Divulgação.
A analista em ciência e tecnologia da AEB, Nádia Sacenco, ressaltou que o objetivo da formação é oferecer subsídios aos professores para que eles sejam multiplicadores locais do programa. "O nosso objetivo principal é mostrar que todos podemos ser cientistas. A ideia é democratizar a ciência e melhorar a autoestima dos estudantes, fazendo com que eles percebam que são capazes de produzir ciência. O Globe trabalha com o conceito de ciência cidadã, que parte do pressuposto de que a escola também é um lugar para se fazer pesquisa", pontuou. 

Estudos realizados em vários países comprovam que o rendimento dos estudantes melhora quando eles entendem que o que estão estudando tem um impacto social. "A gente aprende mais e melhor quando nos relacionamos emocionalmente com o que estamos estudando, então se zika é um problema na minha comunidade, faz mais sentido estudar como resolver esse problema do que outro assunto que não vejo necessidade", destacou a tecnologista da AEB Amélia Onohara.

A formação estimula a aprendizagem baseada em problemas, internacionalmente conhecida como Project Based Learning (PBL), que tem o objetivo de fazer com que os estudantes aprendam por meio da resolução colaborativa de desafios. São explorados desafios dentro de um contexto específico de aprendizado, que pode utilizar a tecnologia ou não, contanto que a atividade os incentive a investigar, refletir, desenvolver senso crítico e solucionar questões.

Um dos principais desafios do Globe, de acordo com Nádia, é a tradução da plataforma Globe. A maior parte do conteúdo está disponibilizado apenas em inglês. Os materiais relacionados a mosquito, porém, já foram traduzidos para o português. O cônsul de Diplomacia Pública Daniel Stewart enfatizou que os objetivos do programa dialogam com as prioridades do Consulado Geral dos Estados Unidos no Recife, que apoiou o evento. "Eles promove três aspectos importantes para nós: mais educação, mais intercâmbio e oportiunidades e maior inclusão do inglês nas rotinas escolares", enumerou.   
 

   
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