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Entrevista

''Filme de terror'', diz namorado de jovem escalpelada em kart

Publicado em: 13/08/2019 15:40

O microempresário Eduardo Tumajan acompanhava a namorada, Débora Stefany Dantas de Oliveira, no momento do acidente - Foto: Diogo Cavalcante/DP
“Você ver o rosto da pessoa ali, no chão, e ter que recolher. Foi um filme de terror”. Foi com essas palavras que o microempresário Eduardo Tumajan definiu o acidente que arrancou o couro cabeludo de sua namorada, Débora Stefany Dantas de Oliveira. O casal tinha ido, na tarde desse domingo (11), brincar na pista de kart localizada dentro de uma unidade do Walmart, em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife. Mas o que era para ser um programa de namorados terminou em tragédia. O cabelo de Débora acabou encostando no motor do veículo, que estava exposto.

A moça tinha cabelos longos, até a altura da cintura. “Foi um negócio muito rápido. A gente estava no kart, eu dei a primeira volta e vi que o carro dela parou. Achava que tinha batido, mas vi que ela estava com tudo cortado, com o osso exposto”, relembra. Ele tirou Débora do veículo e aguardou ajuda. “Eu peguei o rosto da minha namorada na mão, coloquei em uma sacola e vim para o hospital”, discorre.

Débora segue internada no Hospital da Restauração (HR), no Derby, área central do Recife. Ela foi submetida a duas cirurgias, para religar ao corpo o couro cabeludo arrancado. De acordo com a instituição, o estado dela é estável, mas sem risco de morte.

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“Ela foi muito forte desde o começo. Lembra de tudo, tem noção do que aconteceu. Como ela quer fazer medicina, não se choca fácil, mas foi tudo muito forte. Ela fala pouquinho, está dopada por causa da dor”, emociona-se o rapaz. “Ela veio no carro consciente, sem chorar. Só pedia para ficar deitada no meu colo e que eu a avisasse quando chegasse ao HR”, acrescenta.

Débora em 19 anos e sonha em ser médica - Foto: Reprodução/Whatsapp

Sem ajuda
De acordo com Eduardo, ninguém do Walmart ou da Adrenalina Kart Racing (nome da empresa que cuida do kart) ofereceu apoio no momento do escalpelamento. “A gente esperou por ajuda, mas não veio. O máximo que fizeram foi ligar para o Samu. Os seguranças ficaram de longe, olhando, e ninguém quis se envolver. A gente não foi alertado. Só disseram para colocar uma touca e capacete", lamenta.

Posteriormente, um advogado do Walmart e o pai do dono da pista de kart procuraram a família de Débora: “O advogado da gente está conversando com o do Walmart. Eles disseram que vão nos amparar em tudo que a gente precisar. O homem do kart também nos procurou, pelo Whatsapp”.

Em nota, o Walmart afirma que o momento é de prestar “toda a assistência necessária à vítima”. “Os órgãos competentes já foram notificados e a companhia está à disposição das autoridades. As atividades seguem suspensas até que as causas do acidente sejam esclarecidas. A prioridade número um do Walmart é a saúde e segurança de seus funcionários e clientes”, pontua a empresa.

Já o empresário Vanderlei Dreyer, dono da empresa do kart, classificou o acidente como uma “fatalidade”. “A gente passou todas as orientações, o namorado dela preencheu um termo de responsabilidade. Eles passaram na sala de briefing, e o nosso funcionário, com mais de 15 anos de experiência, forneceu elástico, balaclava e capacete. Mesmo assim, acabou acontecendo”, disse, em conversa com o Diario nessa segunda (12).

Segundo o cirurgião plástico Jonathan Vidal, do HR, a primeira cirurgia durou quase cinco horas - Foto: Diogo Cavalcante/DP

Cirurgia
A primeira cirurgia foi realizada na noite do domingo e durou aproximadamente cinco horas. Foi recuperado 80% do couro cabeludo de Débora. Apenas a parte traseira da cabeça seguiu exposta, porque o tecido original dessa área não pôde ser aproveitado. A intervenção, chamada de reconstrução microcirúrgica da calota craniana, foi realizada por uma equipe médica liderada pelo cirurgião plástico Jonathan Vidal. 

Já a segunda operação foi feita por volta do meio-dia, para retirar trombos nos vasos religados. Essa era uma preocupação externada pelo médico, em conversa com a imprensa durante a manhã. “A gente não sabe se vai funcionar 100%. Foi uma cirurgia extremamente complexa, com uso de microscópio, que reconectamos vasos sanguíneos de dois milímetros de diâmetro. Ao conectar vasos tão finos, pode haver a formação de um trombo (coágulo que obstrui a circulação). E se esse trombo se formar, não vai ter circulação sanguínea e a gente acaba perdendo o procedimento”, comentou. Outro risco

Débora ficará sob observação por outras 24 horas, para que os médicos observem se a intervenção funcionou. Enquanto isso, o sentimento da família da moça é sintetizado por seu namorado: “Só espero justiça. Isso tudo poderia ter sido evitado”.
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