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Fechada desde 2015, Igreja de São Pedro, em Olinda, será reaberta

Publicado em: 01/08/2019 12:50 | Atualizado em: 01/08/2019 13:04

Templo fechado desde 2015 no Sítio Histórico de Olinda deverá ter restauração concluída cinco anos após ser interditado, graças a uma verba de R$ 1,7 milhão. Foto: Leandro de Santana/Esp. DP.
Paróquia mais antiga da Arquidiocese de Olinda e Recife, a Igreja de São Pedro deverá ser reaberta em julho de 2020, quase cinco anos após a última celebração ocorrida no templo, que se encontra interditado por questões de segurança estrutural. Recursos do PAC Cidades Históricas foram liberados em julho pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), visando uma restauração. O valor de R$ 1,7 milhão será destinado à recuperação do telhado, piso e sistemas elétricos e hidráulicos do templo.

Neste mês, a Prefeitura de Olinda deve lançar o edital de licitação, fase que deve durar cerca de 90 dias. Com a conclusão do processo administrativo, será emitida, possivelmente em novembro, a ordem de serviço para o início das obras. O trabalho de restauração tem prazo previsto de oito meses.

A secretária de Patrimônio de Olinda, Ana Cláudia Fonseca, ponderou que obras de restauração de patrimônios históricos costumam atrasar. “Podemos descobrir outras necessidades, o que estica o cronograma. Estamos dando andamento ao processo licitatório para contratar o serviço. Será um trabalho geral para deixar a igreja pronta para as atividades”, afirmou.

Interditado pela Defesa Civil de Olinda desde setembro de 2015, o templo apresenta sinais visíveis de falta de conservação. A fachada está pichada, tijolos estão expostos na lateral. A última missa foi celebrada no dia 16 de setembro daquele ano. A vistoria da Defesa Civil que levou ao fechamento concluiu que o telhado apresentava riscos aos religiosos e visitantes. Infiltrações teriam causado o problema, e o sino poderia despencar.

A interrupção das atividades foi um prejuízo duplo à cidade patrimônio – além do valor histórico do templo, a edificação se localiza num dos principais pontos turísticos de Olinda -, mas, segundo a Arquidiocese de Olinda e Recife, o projeto de restauro é anterior à interdição. Foi apresentado ao governo federal em 2012. “Com o fechamento, a matriz provisória ficou inicialmente com a Igreja do Amparo. Depois da reabertura da Igreja do Bonfim, a matriz passou a ser lá, até a reabertura da de São Pedro”, explicou monsenhor José Albérico Bezerra, que foi vigário episcopal de Olinda até 19 de julho.

Após a interdição, a maioria dos fiéis migrou para a Igreja do Carmo, que reabriu em 2012 após 17 anos em reformas. “Historicamente, a de São Pedro tem uma importância grande, pois é a paróquia mais antiga da Arquidiocese. A primeira igreja dedicada a São Pedro de Olinda, a Mártir de Verona era na Praça Laura Nigro. Ela ruiu e a matriz foi transferida para a Igreja de São Pedro, que passou a ter relevância muito grande entre os moradores porque era muito central”, afirmou o monsenhor.

“Havia ali todos os batizados, registros e casamentos. Agora, com a notícia da liberação do recurso, estamos na expectativa de que a restauração seja concluída e que as pessoas que lá se batizaram e casaram possam voltar a frequentar esta que é a mãe das 140 paróquias da Arquidiocese”, acrescentou.

Área externa do edifício exibe os efeitos do tempo. Foto: Leandro de Santana/Esp. DP.
Sem os recursos federais liberados, uma campanha chegou a ser feita por fiéis e moradores de Olinda, mas o valor arrecadado não foi o suficiente para restaurar o telhado. “Tentamos arrumar um pouco com o que foi doado, mas não havia muita verba. Fizemos uma parte da iluminação, do teto e chegamos a demolir uma parte anexa, que ficava na parte de trás, mas o problema maior do telhado não chegou a ser resolvido, por isso, a interdição da Defesa Civil continuou”, disse o ex-vigário episcopal de Olinda.

O templo foi erguido originalmente em 1590, apenas nove décadas após a chegada dos portugueses ao Brasil, embora sua atual arquitetura seja do fim do século 18. A igreja faz parte da vida de Olinda há 429 anos. Moradora do Varadouro, a dona de casa Nilda Ribeiro, 42, aguarda a reabertura para voltar a frequentar o local. “Meus sobrinhos foram batizados, fizeram crisma nessa igreja. Temos muitas memórias aqui”, disse, ao lado da sobrinha Regina da Silva, 32.

“É uma pena chegar e ver uma igreja fechada e sem perspectiva de abertura. A impressão, viajando no Brasil, é de que temos uma riqueza enorme, mas não sabemos cuidar dela”, observou o engenheiro civil João Tavares, 53. Ele e a esposa, a pedagoga Evelyn Tavares, 57, vieram de São Paulo. “Percebo que, em muitos lugares, faltam cuidados e zelo com o patrimônio histórico", completou Evelyn. 
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