Investigação

Pesquisa obtém dados que podem prevenir acidentes na praia do Cupe

Publicado em: 10/07/2019 14:32 | Atualizado em: 10/07/2019 15:03

Foto: Peu Ricardo/Esp. DP

Uma pesquisa realizada na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) levantou dados úteis para validação de modelos numéricos e prevenção de acidentes provocados pelas correntes marinhas na praia do Cupe, em Ipojuca. Na dissertação “Dinâmica das correntes de retorno da Praia do Cupe, litoral sul do estado de Pernambuco”, defendida no Programa de Pós-Graduação em Oceanografia (PPGO), o pesquisador Daniel Brandt Galvão explica o surgimento e a mecânica dos movimentos hidrodinâmicos que podem puxar os banhistas para águas profundas. 

Essa é uma das primeiras pesquisas no Brasil sobre esse fenômeno. A dissertação, orientada pelo professor Pedro de Souza Pereira, aponta que as maiores alturas de ondas e os menores níveis de maré foram os parâmetros responsáveis por correntes com maior intensidade na zona de surfe. O trabalho mostra também que o ângulo de incidência das ondas tem grande influência na direção resultante das correntes.

Segundo explica o estudo, as correntes de retorno na região são fortes, estreitas, em sentido ao mar que se originam próximo à costa e se estendem através da zona de surfe. "Tais fenômenos têm sido um perigo letal na maioria das praias ao redor do globo, levando banhistas com as mais variadas habilidades de natação para águas com maiores profundidades em apenas alguns segundos”, alerta Daniel.

Consta na dissertação que esses fluxos marinhos são considerados um perigo letal, levando banhistas com as mais variadas habilidades de natação para águas com maiores profundidades em apenas a alguns segundos. Esses riscos, quando não corretamente gerenciados, podem resultar em vítimas fatais, gerando negativos impactos econômicos ao turismo. Nas praias do Reino Unido, as correntes de retorno representam mais de 67% da causa dos afogamentos; nos Estados Unidos, esse número vai para 80%; na Austrália, há expressivos 89%.

A pesquisa também se propôs a compreender a dinâmica das correntes de retorno como fator importante para o gerenciamento costeiro em vários aspectos, uma vez que elas têm um papel fundamental em diversos processos, sobretudo, na circulação tridimensional da zona de surfe, podendo influenciar no transporte e dispersão de poluentes, nutrientes e espécies biológicas em águas costeiras. 

Segundo Daniel Galvão, o estudo, além de comprovar a existência desses movimentos aquáticos na Praia do Cupe - Porto de Galinhas, observou-se que a sua intensidade é tão forte quanto às correntes de retorno observadas em outras do mundo. “Os resultados permitem que o poder público invista em segurança das praias de uma forma mais assertiva, assim como, fornece informações importantes para a gestão costeira para a evolução das ciências marinhas de uma forma geral”, analisa, e alerta: “A velocidade destas correntes podem ser acima de 2m/s, o que torna a natação contra impossível, nem mesmo o campeão mundial de natação conseguiria vencê-la”.
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