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Alunos estão fazendo uma revolução silenciosa, diz profissional de educação

Publicado em: 04/07/2019 20:47 | Atualizado em: 04/07/2019 21:29

Foto: Divulgação
Em entrevista, Álvaro Luis Cruz, vice-presidente de Inovação Educacional da Positivo Tecnologia, afirma que a Educação 4.0 (que utiliza a tecnologia e a internet na dinamização dos processos que atendam à quarta revolução industrial) deve empoderar os alunos e transformar os professores em mediadores.
 
O que devemos esperar da educação para atender às demandas do mercado?
 
A Inteligência Artificial vai permitir que a educação seja mais personalizada. Da mesma forma que no Waze e Google Maps, os algoritmos e a inteligência artificial ajudam a encontrar os melhores caminhos para chegar ao seu destino. A inteligência artificial vai ajudar os professores e alunos a chegarem mais rápido à aprendizagem.
 
A aprendizagem será mais criativa, motivadora, significativa e alinhada aos desafios da sociedade atual. Atividades mão na massa como prototipagem, programação, invenção, entre outras, trazem uma nova concepção sobre os conceitos em estudo e favorecem o desenvolvimento de habilidades inerentes à Educação 4.0, preparando desde cedo nossas crianças e jovens para interagir em um universo em constante inovação.  
 
Como a educação 4.0 muda a forma de ensinar e aprender?
 
Uma nação de inventores. Não basta mais aprender conteúdos, é preciso desenvolver a paixão por aprender e a Educação 4.0 propõe formas de aprendizagem onde o trabalho em equipe, a solução de problemas e a criação de invenções físicas e digitais resolvam problemas do mundo.
Isso empodera o aluno, que se vê incluído no cenário atual da sociedade 4.0.
 
Na Educação 4.0 as salas de aula se transformam em espaços que priorizam saberes e competências nos quais a pesquisa, a troca de ideias e as experiências de criação e colaboração estimulam os estudantes a reconhecer seus problemas, e os problemas de sua comunidade, e a elaborar soluções originais e eficientes, pois precisamos formar uma nova geração que vai mudar o mundo. 
 
O foco da educação está na mudança de paradigmas na formação dos professores. Como trabalhar o professor para responder a  esse mercado?
 
Quem ensinou o professor a usar o WhatsApp ou o Facebook? As novas tecnologias devem ser transparentes ao professor na medida que facilitam seu trabalho e aumentam sua profissionalização. Da mesma forma que ele perdeu o medo de perguntar aos mais jovens sobre como usar o celular e usa o dispositivo para compartilhar saberes, no que tange ao uso de metodologias inovadoras, em especial as digitais, é importante que o professor também se permita “saber menos que o aluno”, que certamente terá maior domínio dessas tecnologias. 
 
Por outro lado, para ser um bom professor, ele deve virar o “mediador”, ou como preferem chamar os alunos, o “JEDI” que  propõe jornadas e atividades mais desafiadoras aos estudantes com maior facilidade, mas também fornece suporte àqueles que apresentam dificuldade na realização dos desafios.  É preciso encorajar o professor a adotar uma postura de parceiro de descobertas, favorecendo momentos de aprendizagem ativa, coletiva e colaborativa.
 
Levar a escola para a vida com o objetivo do aluno trazer soluções para dentro de casa é inovar a ação na educação. Qual é o passo a passo para um planejamento estratégico de uma escola que quer fazer parte dessa nova forma de educar?
 
Os alunos estão fazendo uma REVOLUÇÃO SILENCIOSA! Estamos perdendo uma geração para espaços de aprendizagem mais relevantes para o aluno que vai à escola, mas que quando deseja aprender algo procura o Youtube e seus amigos para ajudar em suas dificuldades. Trazer a vida para a escola e levar a escola para a vida é mandatório, pois a escola que conhecemos traz problemas que tem “gabarito” mas a vida tem problemas com inúmeras soluções corretas, onde o erro é parte do processo de aprender.
 
Levar a escola para a vida é pedir para os alunos acessarem o histórico do Gmaps do fim de semana (se está curioso acesse em seu celular: https://www.google.com/maps/timeline) e veja por onde passou neste último dia. Essa é a versão moderna das redações "onde passei minhas férias".
Atividades como esta permitem que os alunos partam da própria vida para a aprendizagem.
 
Outro exemplo é o programa Inventura em que os alunos levam a robótica e suas invenções para casa, e compartilham suas descobertas com a família e a comunidade. Lançada em 2015, o BBC Micro:bit é um minicomputador que pertence ao aluno, como sua calculadora, e que permite criar aparelhos de inteligência e Robótica 3.0, levando o que ele desenvolveu na escola para resolver problemas reais da sua vida.  A escola, desta forma, incentiva uma nova cultura voltada para a inovação, a invenção, a programação, a colaboração e a cultura maker. Propostas que desafiam os estudantes a encontrar soluções para problemas do mundo real promovem a integração entre a escola, a família e a comunidade local, ampliando o campo de aprendizagem.
 
Inteligência artificial e inteligência emocional podem atender às demandas da indústria 4.0? Qual é o ponto de equilíbrio para a educação 4.0?
 
Inteligência artificial é uma realidade em nossas vidas. No último ISTE, na Filadélfia, foi apresentada uma pesquisa em que somente 32% dos entrevistados acreditavam que faziam uso de inteligência artificial em suas vidas quando, na verdade, nos Estados Unidos a inteligência artificial afeta 87% das atividades das pessoas comuns. Desde anúncios na internet, até processos que permitem a entrega de encomendas e deslocamentos pela cidade.

Na educação, temos os programas de ensino adaptativo, que apontam acertos e erros e traçam caminhos para levar o estudante a aprender determinado conteúdo. Este tipo de sistema, além de ser estimulante por integrar  tecnologia à aprendizagem, também contribui para o desenvolvimento de habilidades socioemocionais, na medida em que leva o estudante a lidar com os seus sucessos e fracassos.  Os feedbacks constantes e os novos desafios apresentados, em função do desempenho individual, ampliam a motivação e o envolvimento nas atividades e colaboram para o desenvolvimento de autoimagem mais positiva. O equilíbrio é o uso da inteligência integrado à empatia.
 
Perfil do entrevistado
 
Alvaro Luis Cruz é vice-presidente de Inovação Educacional da Positivo Tecnologia em Curitiba (PR). É responsável pelo desenvolvimento de soluções educacionais a partir do uso de computadores, Chromebooks, celulares, LEGO, Microbit e outros recursos para facilitar o processo de ensino por meio da tecnologia. Formado em Arquitetura e Design pela Universidade de São Paulo (USP),  especializado em Tendências Educacionais pela Anauhac University e com MBA em Planejamento Estratégico pela Univeristy of Pittsburgh, Alvaro tem passagem profissional por empresas como MindGroup Institute, QMágico e ABRAMAC (Associação Brasileira de Mediação, Arbitragem e Conciliação)

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