Vida Urbana

Foto: Tarciso Augusto / Esp. DP Foto./Foto: Tarciso Augusto / Esp. DP Foto.

Escolhida para ser a primeira via do Recife a aderir ao conceito de “rua completa”, a Rua da Hora, no Espinheiro, receberá um conjunto de intervenções urbanas para um convívio mais harmonioso entre os diversos atores da mobilidade. Entenda-se pedestres, ciclistas e condutores de veículos motorizados. O projeto, elaborado pelo Instituto Pelópidas Silveira em parceria com a organização não-governamental WRI Brasil, está sendo analisado por órgãos executores, como as autarquias de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU) e de Urbanização do Recife (URB). Ainda não há previsão para as ideias saírem do papel. Foram realizadas reuniões com moradores e comerciantes da área para discutir o plano.
Ao longo dos quase um quilômetro de extensão, a rua concentra edifícios residenciais, consultórios médicos, restaurantes, boutiques, escritórios, galerias e lojas de diversos segmentos. Na prática, o projeto pensado para a via tem o objetivo de redistribuir os espaços existentes, priorizando os pedestres e ciclistas em detrimento dos automóveis, refletindo em uma melhoria urbanística e na mobilidade da área. A medida tem a meta de estimular a circulação de pessoas pelo bairro.
Atualmente, de acordo com dados do Instituto Pelópidas Silveira, cerca de mil pedestres circulam, por hora, nos horários de pico, na Rua da Hora. Não existem estimativas oficiais nesse sentido, mas a expectativa é de que a implantação do projeto aumente em 50% o fluxo de pessoas na localidade. “Escolhemos a região pela característica comercial da rua. Trata-se de uma via predominantemente comercial. Se observarmos o uso dos lotes, mais da metade são de uso comercial. É uma rua relativamente pequena (986 metros de extensão) para implantarmos o projeto. Dessa forma, conseguimos medir a eficiência e a eficácia”, disse o diretor-executivo de Planejamento de Mobilidade do Instituto Pelópidas, Sidney Schreiner, quando o projeto foi lançado.
A iniciativa pode trazer um novo fôlego ao polo gastronômico da rua, já que a crise econômica e problemas de gestão provocaram o fechamento de pelo menos oito estabelecimentos nos últimos dois anos. “É uma rua agradável, com boas opções comerciais e gastronômicas, além de ser arborizada. No entanto, como tem poucos semáforos, temos muita dificuldade de circular e atravessar. Os carros passam muito rápidos e raramente respeitam as faixas de pedestres”, afirmou a aposentada Maria Luísa Costa, 67, moradora da Rua Amélia. De acordo com a CTTU, ao longo da Rua da Hora existem sete faixas de pedestres e quatro semáforos. A rua é ainda parte do trajeto de 11 linhas de ônibus ao longo de três paradas.
Com o projeto concluído, a Rua da Hora ganhará calçadas mais largas. Haverá ainda proibição para trânsito em alta velocidade e espaços segregados para ciclistas e para o transporte público. “O conceito de ruas completas propõe repensar o desenho viário do último século – e ainda em prática no Brasil –, baseado em soluções para o tráfego de veículos e não para o uso das pessoas. Integrar o planejamento do uso do solo com o da mobilidade torna os projetos, a construção e a operação das redes de transporte mais eficientes e seguras. Esse ambiente ajuda a desenvolver a economia local, abre espaço para a mobilidade ativa e traz benefícios para o meio ambiente”, ressalta a WRI Brasil, que iniciou, em 2017, o movimento para promover o desenvolvimento e a implantação de projetos e políticas de ruas completas no país.
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