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J. Borges assina decoração do São João de Caruaru

Xilogravurista criou quatro gravuras exclusivamente para o São João de Caruaru 2019, entre elas a feira e banda de pífanos

Publicado em: 13/05/2019 10:14 | Atualizado em: 13/05/2019 10:57

Quatro temas de xilogravuras vão ilustrar o São João de Caruaru do artista J.Borges, entre elas a Feira de Caruaru. Credito : J.Borjes Divulgação Prefeitura de Caruaru
 
O São João de Caruaru foi buscar na essência da cultura nordestina a inspiração para a identidade visual dos festejos juninos. Pela primeira vez, o xilogravurista e Patrimônio Vivo de Pernambuco, J. Borges vai assinar os desenhos.
 
Quatro imagens foram criadas exclusivamente para o evento: Um tocador de pífano, fazendo alusão a um dos homenageados deste ano, o Mestre Sebastião Biano, único integrante vivo da Banda de Pífanos de Caruaru; o Morro Bom Jesus, que este ano será contemplado pela 1º vez com um polo junino; a Feira de Caruaru, um dos principais componentes da nossa história, e a fonte que será utilizada em todas as peças.
 
A parceria ocorreu após um pedido da prefeita do município, Raquel Lyra, que foi motivada pela exposição da obra do artista no Polo da Estação Ferroviária no São João do ano passado.  "Ele se sentiu muito prestigiado com o convite”, revelou Whalter Holmes, cenógrafo a frente do São João de Caruaru.
 
“Em cerca de um mês ele já tinha enviado o trabalho, com as quatro gravuras exclusivas e um apanhado de imagens temáticas que solicitamos. Uma equipe atua com ele fazendo versões coloridas das peças, mas optamos por utilizar muitas na cor original, para valorizar ainda mais o resultado.”
O Morro do Bom Jesus também também será destaque no trabalho de J.Borges para o São João de Caruaru. Crédito J.Borges/Divulgação Prefeitura de Caruaru
  
Essas imagens serão utilizadas em todo o material de divulgação impresso, digital e em toda a parte de cenográfica. Possuindo traços tão complexos, a xilogravura pode não ser compreensível em escalas muito pequenas, mas isso não foi problema.
 
“Estamos usando a gravura inteira apenas em alguns palcos e áreas maiores. Pedimos autorização a J.Borges e todas as imagens foram vetorizadas e desmembradas, assim podemos utilizar centenas de elementos, formando novas composições gráficas”, explicou o cenógrafo.
O xilogravurista J.Borges é Patrimônio Vivo de Pernambuco. Crédito: Gabriel Melo Esp DP
 
 
O ARTISTA
 
José Francisco Borges, conhecido como J. Borges, nasceu a 20 de dezembro de 1935, no município de Bezerros, Pernambuco, onde deu início a sua vida artística e onde reside até hoje, escrevendo, ilustrando e publicando os seus folhetos.

Ele começou a trabalhar aos dez anos de idade na agricultura, e negociava nas feiras da região, vendendo colheres de pau que ele mesmo fabricava. Em 1964, começou a escrever folhetos e a fazer xilogravuras, entalhando pinho e imburana.

A década de sessenta foi um marco na vida do artista: sua obra e sua técnica, conhecida por tacos, passou a ser reconhecida nacionalmente como uma atividade cultural.

Com o passar do tempo, em sua oficina montada próximo à sua residência, que inicialmente fabricava figuras para ilustrar apenas suas histórias, chegou a produzir cerca de 200 cordéis e dezenas de xilogravuras de capa.

Hoje essas xilogravuras são impressas em grande quantidade, em diversos tamanhos, e vendidas a intelectuais, artistas e colecionadores de arte.

Os temas mais solicitados em seu repertório são: o cotidiano do pobre, o cangaço, o amor, os castigos do céu, os mistérios, os milagres, crimes e corrução, os folguedos populares, a religiosidade, a picardia, enfim todo o universo cultural do povo nordestino.

J. Borges tornou-se um dos mais famosos xilógrafos de Pernambuco, publicou vários álbuns de xilogravuras e alguns de luxo.

Com a fama, a família de xilogravadores cresceu, incluindo três filhos do artista, um irmão, três sobrinhos e um primo, graças às aulas do grande mestre e artista popular J. Borges, que soube cultivar a semente da arte de criar figuras exóticas a partir das histórias e das lendas populares, que impregnam o espírito do mestiço nordestino. (Com informações da Fundação Joaquim Nabuco) 
 
 

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