ANABELLE VELOSO

As habilidades socioemocionais no currículo da educação básica

Publicado em: 13/05/2019 10:55 | Atualizado em: 13/05/2019 15:59

Foto: Shutterstock.
Com a diminuição da quantidade de filhos nas famílias, com a violência nas ruas, a escola tornou-se o grande ambiente social das crianças e dos adolescentes e há muito tempo sua prática não se restringe ao ensino formal. Somado a tais mudanças, a internet, destacando o surgimento dos smartphones, colocou a informação, literalmente, na mão dos alunos, fazendo com que a quantidade de conhecimento não mais os diferenciasse. A informação tornou-se cada vez mais acessível e o grande diferencial passou a ser a capacidade de fazer uso desse conhecimento a seu favor e em favor da sociedade, de maneira assertiva e segura. Somado à grande revolução tecnológica que alterou completamente a forma de comunicação entre as pessoas, os tempos modernos e a atual sociedade de consumo trouxeram ainda para a mochila das crianças e adolescentes outras demandas importantes para serem analisadas: a relação com bens de consumo, o conceito de sucesso, os padrões de beleza, o desejo de poder. Todas elas, em sua maioria, embutidas na principal via de comunicação da modernidade: as redes sociais. Ser bonito, rico e popular passaram a ser os principais objetivos dessa geração que almeja curtidas, mas, em sua maioria, não está preparada para resolver seus próprios conflitos, pois para dar conta dessas demandas pessoais, é preciso ter o domínio das próprias emoções, reconhecê-las e saber dominá-las. E o que, aparentemente, não está (ou não estava) diretamente ligado à escola, parecendo uma demanda apenas do contexto social, o trabalho com as emoções está previsto na Base Nacional Curricular Comum (BNCC), já em vigor nas instituições de ensino de todo o país.

A Base é um documento extremamente relevante para a qualidade da educação brasileira e traz como nova diretriz para as escolas a garantia do trabalho com as crianças para o gerenciamento das emoções, através de temáticas que estimulem as habilidades socioemocionais. Para as escolas, a médio e longo prazo, espera-se a formação de alunos com pensamento autônomo, visível redução da indisciplina e melhores índices de aprendizagem. A BNCC contempla com tanta ênfase o trabalho com tais habilidades que, dentre as dez competências gerais do documento, estão elencadas: a capacidade de resolver problemas, de trabalhar em equipe, de argumentar, de defender o seu ponto de vista, de respeitar o outro e de ser mais crítico, que são apontadas como as competências necessárias aos indivíduos do século XXI.

Das habilidades socioemocionais a serem trabalhadas com as crianças e adolescentes, destacam-se: a autoconsciência, a autogestão, a consciência social, as habilidades de relacionamento e a tomada de decisão responsável como precursoras daquilo que garantirá às crianças serem, no futuro, adultos de sucesso, de sucesso social, emocional, acadêmico e profissional, diga-se de passagem, exatamente nessa ordem.

Por fim, espera-se que, através desse trabalho contínuo nas escolas contemplando as habilidades socioemocionais, as crianças adquiram a persistência na resolução de tarefas desafiadoras, que saibam buscar ajuda, mas que consigam distinguir quando, de fato, precisam dessa ajuda e que sejam atenciosas em suas ações, pois essas atitudes serão precursoras para o comprometimento, para a autoconfiança e para a empatia, habilidades comuns aos meios social, acadêmico e profissional.

*** Gerente pedagógica do Grupo Gênese de Ensino


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