IMÓVEL HISTÓRICO

Reforma de chalé do Açude do Prata volta à estaca zero

Publicado em: 19/04/2019 11:54 | Atualizado em: 19/04/2019 12:19

Construído às margens do riacho que foi o ponto inicial de abastecimento de água para a cidade do Recife, o Chalé do Prata continua sem prazo para ser restaurado. Foto: Célio Rocha/Laboratório da Paisagem UFPE/Divulgação.
Tombado desde 1991 pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), o casarão apenas compõe o conjunto paisagístico do Açude do Prata, no Parque Estadual Dois Irmãos, Zona Norte do Recife, mas segue sem uso e não pode ser acessado pelos visitantes do horto. A reforma, que deveria ter começado em 2017, esbarrou na necessidade de revisão daquilo que já estava planejado e na elaboração de novos projetos.

Apesar de ter sua preservação garantida por leis estaduais e federais, e estar situado na Unidade de Conservação Ambiental, em mais de mil hectares de reserva remanescente de Mata Atlântica, a conservação do bem cultural ainda está distantes de se tornar realidade. Além da obra de requalificação, o Chalé se tornaria a sede da unidade de conservação da Companhia Independente de Policiamento do Meio Ambiente (Cipoma), que funciona atualmente no município de Igarassu.

O casarão também abrigaria o Museu da Água - o Açude do Prata foi o primeiro manancial utilizado para o abastecimento humano no Recife e até hoje é usado para esse fim. No entanto, nenhum dos planos saiu do papel e a construção continua no abandono. O restauro deveria ter começado desde dezembro de 2017, quando foram liberados investimentos para o Parque Dois Irmãos. À época, a restauração estava orçada em R$ 1,8 milhão, recursos oriundos de compensação ambiental no estado. Algumas etapas foram vencidas, como a autorização da Fundarpe e a licença ambiental emitida pela Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH), necessária para realização da obra, já que se trata de uma Área de Proteção Ambiental (APA). Os próximos passos, no entanto, não possuem prazos.

A Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), responsável pela administração do Parque, afirma que falta contratar empresa especializada para atualizar o projeto base e elaborar os projetos executi- vos e complementares da obra. “Foi observada a necessidade de revisão do projeto de forma a garantir que as obras causem o menor impacto ambiental, estude-se a viabilidade de implantação de sistemas construtivos mais sustentáveis e, ao mesmo tempo, seja possível fazer o resgate desse imóvel histórico avaliando inclusive os usos dele de maneira compatível com os anseios da sociedade e com o plano de manejo”, completou o órgão, através de nota.

DETERIORAÇÃO

Por falta de fiscalização e manutenção, parte do telhado do imóvel desmoronou, as paredes externas estão pichadas e o piso de madeira foi corroído. A preservação do casarão é alvo de denúncia por parte do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) desde 2016, quando o órgão já havia alertado sobre os riscos de desabamento do imóvel após realizar vistoria. Um processo está em tramitação na justiça desde que a Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente do MPPE ajuizou uma ação civil pública, a fim de determinar o isolamento da construção com tapumes e a instalação de lonas sobre o telhado. A medida seria para evitar depredações e roubo de materiais, assim como a entrada de água da chuva, que potencializa a deterioração do chalé.

[ E n t e n d a

5 FATOS SOBRE O CHALÉ E O AÇUDE

%u25A0 O chalé foi construído em 1842 pela Companhia do Beberibe, que realizava a captação de água no açude

%u25A0 O casarão de arquitetura eclética tem 500 metros quadrados de área, dois andares, telhado com arremates em lambrequins de madeira, terraços laterais e pisos de madeira

%u25A0 Segundo a Compesa, o Açude do Prata e o Açude do Meio, ambos dentro da Unidade de Conservação Estadual Parque Dois Irmãos, são fontes de abastecimento de água do Recife, sobretudo a Zona Norte

%u25A0 A água é de excelente qualidade. Nas suas condições naturais, já atende aos parâmetros exigidos por lei, sendo necessária apenas a aplicação do cloro

%u25A0 O nome do açude remete à história de Branca Dias, uma judia portuguesas que morava na região e teria jogado toda a sua prata dentro do açude antes de ser presa pela Inquisição
Os comentários abaixo não representam a opinião do jornal Diario de Pernambuco; a responsabilidade é do autor da mensagem.
MAIS NOTÍCIAS DO CANAL