CHUVAS

Medo e cuidados redobrados para moradores das encostas

Publicado em: 13/04/2019 08:30 | Atualizado em: 13/04/2019 10:49

Edilma Barbosa de Freitas mora na Rua Alto Boa Vivenda e sonha em se mudar. Foto: Peu Ricardo / DP


Aos 60 anos de idade, dona Edilma Barbosa de Freitas, aposentada, ainda tem um sonho: morar “no baixo”. Residente da rua Alto Boa Vivenda, no Brejo da Guabiraba, Zona Norte do Recife, assim ela se refere à área situada abaixo da sua residência, em frente a uma escadaria, à beira da encosta. Chegou ao local aos 9 anos de idade e lá assistiu a falecimento de pai e mãe, mas mantém-se vizinha de irmão, filha e outros parentes. Já viu situações angustiantes: gente caindo do alto. “Eu tinha 17 anos, mas me lembro. Por sorte, a pessoa apenas quebrou uma perna”, conta. Hoje, existe uma lona cobrindo a barreira que é, segundo dona Edilma e outros moradores, sempre reposta caso haja rasgão. O medo de que algo pior aconteça, entretanto, permanece. “Já escorreguei nesta escadaria. Para descer, me seguro no muro pois só há um corrimão de ferro na parte mais baixa. Por isso eu digo: me sentiria rica caso pudesse morar mais embaixo”, afirma. 

Fernanda Nayara Matias, 23, promotora de vendas, é vizinha de dona Edilma e já viu muitas senhoras caírem na escadaria, repleta de lodo. Morando desde o nascimento no local, já se acostumou aos dissabores.  “A solução é colocar uma sandália de plástico e ir embora”, afirma.  Renata Kelly Silva Leite do Nascimento, 23, operadora de telemarketing, é prima de Fernanda e mora no local desde que nasceu. Ela conta que, no ano passado, uma parte da barreira caiu quase em frente a sua casa. Revela também que, além disso, o fato de morar à beira da encosta restringe algumas atividades diárias. “Tenho uma filha de quatro anos que fica a maior parte do tempo dentro de casa. Tenho medo de ela cair e escorregar pela barreira”. Mesmo com essa situação e a preocupação em descer com cuidado a escadaria quando chove, este ainda não é o maior problema apontado por ela. “A maior questão aqui é a falta de água. Há vezes em que ela fica até de 15 a 20 dias sem chegar às torneiras”, informa.

Se no Brejo da Guabiraba falta água nas torneiras, o mesmo não se pôde dizer dos índices pluviométricos de Recife e Olinda durante a manhã e tarde de ontem. A Prefeitura do Recife informou que choveu 74,3mm, no Recife, o que corresponde a uma semana de chuvas em relação à média histórica para o período. 

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