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Campanha reforça eficácia das vacinas na prevenção da meningite

Publicado: 19/04/2019 às 10:00

Vice-presidente da SBIm, Isabella Ballalai, durante evento de pré-lançamento de campanha contra meningite. Foto: Marcelo Vittorino/Divulgação./

Vice-presidente da SBIm, Isabella Ballalai, durante evento de pré-lançamento de campanha contra meningite. Foto: Marcelo Vittorino/Divulgação./

As Unidades Básicas de Saúde (SUS) disponibilizam as vacinas penta de células inteiras, Hib, VPC10 e a meningocócica conjugada C. Foto: Peu Ricardo/DP. Temida pela população devido à alta letalidade, a meningite mata um a cada cinco que desenvolvem a doença. Apesar disso, a adesão às vacinas disponibilizadas gratuitamente na rede pública de saúde é abaixo da esperada pelo Ministério da Saúde e pela Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm). Para alertar sobre a importância da prevenção da meningite, foi pré-lançada, nesta quarta-feira (17), a campanha nacional "Meningite: a Informação Vencendo o Medo", em alusão ao Dia Mundial de Combate à Meningite, lembrado anualmente em 24 de abril. 

Em Pernambuco, a taxa de abandono da vacina meningocócica C - oferecida na rede pública - é de 5 a 10%, acima do índice ideal, que é de 5% ou menos. "Só temos vacinação adequada se  tivermos esquemas completos", enfatiza a coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI), Carla Domingues. Atualmente, o PNI oferece nas unidades públicas de saúde a vacina contra a meningite C, a que tem maior incidência no país. Estão disponíveis ainda as imunizações Hib e VPC10, que protegem contra Haemophilus influenza b e a menigite neumocócica. As vacinas meningocócicas B e ACWY, por outro lado, são oferecidas apenas na rede particular. 

Quando a vacina meningocócica C passou a ser oferecida gratuitamente para menores de 5 anos no Brasil, em 2010, essa variação da doença respondia por mais de 80% dos casos no país. Desde então, o número de casos de meningite meningocócica em menores de 2 anos caiu 70%, e a participação do tipo C no total de casos de doença meningocócica passou a ser de 59% — a grande maioria em pessoas acima de 5 anos. Por isso, o Ministério da Saúde decidiu estender a vacinação para adolescentes de 11 a 14 anos. 

Com a redução do tipo C, o tipo B passou, proporcionalmente, a prevalecer em algumas faixas etárias nas quais era o segundo mais frequente. Entre menores de 5 anos, por exemplo, esse tipo já é responsável por 60% dos casos. Outra meningite bacteriana frequente no Brasil é a neumocócica. Existem mais de 90 sorotipos de pneumococos, mas as vacinas são capazes de prevenir os responsáveis pela maioria dos casos de doença pneumocócica grave, incluindo a meningite. "Não temos disponibilidade de todas as vacinas para todos, então começamos o programa garantindo-a para o grupo que mais precisa e que tem impacto imediato. Depois, negociamos a ampliação do programa de vacinação", explica Domingues. 

Vice-presidente da SBIm, Isabella Ballalai, durante evento de pré-lançamento de campanha contra meningite. Foto: Marcelo Vittorino/Divulgação. De acordo com a vice-presidente da SBIm e membro do Comitê Consultivo da Vaccine Safety Network (VSN), da Organização Mundial da Saúde (OMS); Isabella Ballalai, a vacinação no tempo correto, aquele indicado nos calendários de vacinação, é fundamental na prevenção da doença. Isso porque o período de incubação da meningite meningocócica é muito curto. Assim, não há tempo suficiente para a vacina proteger após a exposição. Além disso, não há como saber rapidamente a bactéria e o tipo em questão. Muitas vezes, sequer é possível chegar a essa resposta. "O medo da doença move a população e há uma corrida aos postos de vacinação quando um caso é registrado, mas é preciso esclarecer que não há motivo para pânico e que a prevenção é o melhor caminho", pontua. 

SAIBA MAIS:
 
O que é 

É a inflamação das membranas que revestem o cérebro e a medula espinhal.
 
O que pode causar 

Diversos agentes podem causar meningite. Os mais comuns são os vírus, em geral menos graves e contra os quais não existe vacina. Já as bactérias costumam ser mais severas. Os principais tipos de meningite bacteriana podem ser prevenidos pela vacinação, recomendada especialmente para crianças e adolescentes. 

Principais bactérias 

Meningococo (Neisseria meningitidis): Pode causar febre alta e repentina, dor de cabeça intensa, rigidez do pescoço, vômitos e, algumas vezes, sensibilidade à luz (fotofobia) e confusão mental. De evolução rápida, mata um a cada cinco infectados ou, quando atinge a corrente sanguínea (meningococcemia), sete a cada dez. Também pode acarretar cegueira, surdez, problemas neurológicos e amputação de membros. 

Pneumococo (Streptococcus pneumoniae): Agente infeccioso responsável por 15% das mortes de crianças menores de 5 anos e importante causa de mortes e complicações em idosos, acomete geralmente o sistema respiratório, mas pode afetar as meninges (meningite) e o sangue (bacteremia). Tais quadros, chamados de Doença Pneumocócica Invasiva (DPI), são semelhantes aos causados pelo meningococo. A letalidade da meningite pneumocócica, contudo, é maior que a da meningocócica: 30%. 

Haemophillus Influenzae b (Hib): Pode entrar na corrente sanguínea e disseminar-se pelo organismo, causando meningite, pneumonia, inflamação da garganta, artrite, infecção da membrana que recobre o coração, infecção dos ossos, entre outros. No final dos anos 1980, era a principal causa de meningite bacteriana entre menores de cinco anos, acometendo uma em cada 200 crianças. Das que adoeciam, 5% morriam e 25% sofriam danos cerebrais permanentes. Graças à vacinação, é pouco comum no país atualmente, mas pode voltar se as coberturas vacinais caírem. 

Mycobacterium tuberculosis (bacilo de koch): A bactéria responsável pela tuberculose por vezes se instala em órgãos além do pulmão, como as meninges. Diferentemente das meningites meningocócica e pneumocócica, a meningite tuberculosa evolui de forma lenta, o que contribui para os pacientes serem diagnosticados em estágio avançado. O risco de meningite tuberculosa é maior em crianças pequenas e em pacientes imunodeprimidos. É considerada altamente letal. 

Vacinas 

Vacinas combinadas à tríplice bacteriana (penta ou hexa): Exclusivas para crianças menores de 7 anos, protegem da meningite por Haemophilus influenzae b e de outras doenças. São recomendadas na rotina a partir dos 2 meses de idade. Há formulações acelulares, elaboradas a partir de partículas da bactéria da coqueluche, e com células inteiras, feitas a partir da bactéria inteira da coqueluche. 

Vacinas pneumocócicas conjugadas (VPC10 e VPC13): Protegem da meningite pneumocócica — a segunda forma mais comum de meningite bacteriana no Brasil — e de outras formas de infecção invasiva por pneumococos. A VPC 10 e a VPC13 são recomendadas para crianças a partir dos 2 meses. A VPC 13 também é indicada para portadores de algumas doenças crônicas,  independentemente da idade, desde que tenham recomendação médica. 

Vacinas meningocócica C conjugada, meningocócica conjugada ACWY e meningocócica B: Protegem da doença meningocócica (meningites e meningococemia, ou seja, infecção das meninges e generalizada, respectivamente) causadas pelos principais sorogrupos de meningococos. São recomendadas na rotina de vacinação infantil a partir dos 2 ou 3 meses e para portadoras de algumas doenças crônicas, independentemente da idade, com recomendação médica.
 
Vacina Hib (Haemophilus influenzae b): Protege da meningite por Hib, hoje muito rara no Brasil graças à vacinação. Está incluída nas vacinas combinadas hexa e penta da rotina infantil, mas também pode ser encontrada em apresentação isolada para atualização de vacinação de pacientes que têm alguma doença que aumente o risco de infecção por Hib. 

Vacina BCG: Previne as formas graves de tuberculose, como a meningite tuberculosa
e a tuberculose miliar (generalizada).  

Fonte: SBIm

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