Educação

Rede municipal de ensino do Recife ganha novo laboratório de tecnologia e inovação

Publicado em: 13/03/2019 18:57 | Atualizado em: 13/03/2019 19:11

Rede municipal do Recife é a única da América Latina a contar com a nova versão do robô NAO. Foto: Paulo Paiva/DP.
A capital mais antiga do Brasil, com a primeira sinagoga das Américas e a primeira ponte de grande porte do país, acrescentou mais um pioneirismo à lista que orgulha os recifenses um dia depois de completar 482 anos. Ontem, a cidade se tornou a primeira da América Latina a receber a nova geração do robô NAO, uma máquina humanoide fabricada pela francesa Aldebaran Robotics e considerada um dos mais avançados robôs da atualidade. Os dispositivos chegaram à rede municipal de ensino no dia do lançamento do terceiro laboratório de ciência e tecnologia do projeto Escola do Futuro, na Escola Municipal Doutor Rodolfo Aureliano, no bairro da Várzea.

No novo laboratório, os cerca de 900 estudantes da unidade de ensino vão ter acesso a modernos equipamentos para praticar o que aprenderam em sala de aula. Professores de todas as disciplinas – incluindo educação física e artes – poderão reservar horários para realizar as atividades. Impressora 3D, kits de robótica, microscópios, tablets, câmeras fotográficas e de filmagem, vidraria e substâncias químicas reagentes estarão a disposição de educadores e alunos. Além da Rodolfo Aureliano, as escolas Pedro Augusto – na Boa Vista, com cerca de 400 estudantes – e Professor Antônio de Brito Alves – na Mustardinha, com 800 alunos – contam com espaços semelhantes.

Os laboratórios são formados por quatro quadrantes: Laboratório Convencional de Ciência Básica; Instrumentação Científica; Robótica e Programação e Espaço Maker. “É um espaço completo não apenas para as aulas de química e biologia, como se conhecia antigamente, mas com capacidade de atender para matemática, física, tecnologia, inovação, robótica, espaço maker para eles produzirem peças que tenham usabilidade no dia a dia da escola, em casa, na rua, na cidade. O laboratório transforma a escola em um local mais atrativo”, destacou o prefeito do Recife, Geraldo Julio.

O espaço conta ainda com parceria com as universidades Federal de Pernambuco (UFPE), Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Católica de Pernambuco (Unicap) e com o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE). “Isso permite um intercâmbio enriquecedor para os estudantes”, frisou Geraldo Julio. Além do laboratório, o prefeito e o secretário de Educação do Recife, Bernardo d’Almeida, participaram da inauguração da rádio escolar da Rodolfo Aureliano. "A primeira programação da Rádio Recreio já está no ar. Além disso, entregamos os robôs humanoides mais sofisticados em termos de tecnologia. Nenhuma rede pública ou privada da América Latina tem esse equipamento”, afirmou o secretário. O total do investimento é de R$ 1,4 milhão.

Os estudantes conferiram no pátio da escola a desenvoltura do NAO. Ficaram encantados com a capacidade do robô de dançar, andar e falar. Ao todo, a rede recebeu 10 novos robôs. Ex-aluno da rede municipal e atual monitor no Centro de Educação, Tecnologia e Cidadania (Cetec) do Recife, Silvestre Morais, 17, conhecia versões antigas do NAO e, agora, vai ajudar os estudantes a conhecerem o novo robô. “A robótica foi fundamental na minha trajetória. Depois de ter participado, ajudo outros alunos a estarem em competições”, disse o estudante que viajou para o Japão com a equipe de robótica da rede municipal do Recife e pretende cursar ciência da computação quando concluir o ensino médio.

O NAO faz parte do Programa Robótica na Escola, implantado em 2014 no Recife. Alunos da rede municipal já foram campeões, em 2015, na Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR). No ano seguinte, conquistaram o oitavo lugar mundial, entre equipes de 24 países, no campeonato internacional Robocup, realizado na Alemanha. Em 2017, a equipe ficou na mesma posição, na edição de Nagoya, no Japão.

Exceção

A presença de laboratórios de ciências nas escolas brasileiras ainda é rara. Dados do Censo Escolar 2017 mostram que apenas 10% das unidades de ensino do país – considerando as redes municipais, estaduais, federal e privada – contam com esse espaço de aprendizagem. Em Pernambuco, a taxa é de 9% (781 escolas públicas e privadas com laboratório de ciências). No Recife, o índice sobe para 18%.

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