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Móveis e pertences deixados no Edifício Holiday são levados para depósito
Publicado: 27/03/2019 às 15:00

A desocupação do prédio foi ordenada pela 7ª Vara da Fazenda Pública da Capital. Foto: Tarciso Augusto/Esp.DP./

A partir desta quarta, por determinação da Justiça, os pertences devem ser removidos pela Prefeitura do Recife e encaminhados para um depósito. A desocupação total das residências e pontos comerciais foi concluída nesse domingo (24). A retirada aconteceu a partir de uma ação judicial movida pela PCR, que se baseou em um documento do Corpo de Bombeiros alertando sobre o risco de incêndio e estrutural do prédio. A decisão é da 7ª Vara da Fazenda Pública da Capital.
De acordo com Rufino Neto, síndico do edifício, as reuniões com o grupo de vereadores e com a comissão instituída pela Arquidiocese de Olinda e Recife continuam na tentativa de solucionar os problemas estruturais e elétricos do prédio. “Os projetos de reforma do edifício já estão sendo concluídos e devem ser enviados para a Celpe na segunda-feira para aprovação. Já temos mão de obra voluntária, como eletricistas, pedreiros, engenheiros. O que falta é o material de construção, como fiação e outros itens”, explicou.
A lista é composta por 35 itens como parafusos, transformadores, tubos, eletrodutos, capacete e está orçada no valor de R$ 45.738,50. Quem quiser contribuir com a doação de algum dos itens ou com dinheiro, pode entrar em contato com Rufino pelo telefone (81) 99383-8076. O valor do projeto de reforma da parte elétrica do condomínio, que será apresentado à Celpe na próxima semana, tem uma previsão de valores em R$ 250 mil, podendo chegar a R$ 1 milhão. Ele conta também que está em contato com diversos artistas que farão shows beneficentes para ajudar na reforma do Holiday.
História
O prédio de 17 andares, construído em 1956, apresenta vários riscos estruturais e graves problemas nas instalações elétricas. "O Holiday é um dos exemplares de um conjunto de edifícios que foram construídos no Recife do início dos anos 1950 até meados da década de 1960. São edifícios de habitação, de uso misto. Há de particular nesse conjunto o fato de ocupar uma quadra inteira, de forma triangular e também uma solução arquitetônica para viabilizar moradias em pequenas dimensões", pontua o arquiteto e urbanista e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Luiz Amorim.
História

Segundo Amorim, outro fato que marca o Holiday é a introdução da construção de moradias coletivas em larga escala na cidade. "Representou uma alteração nos moldes de morar no Recife, onde, como em outras cidades brasileiras, a introdução do morar coletivo se deu lentamente. Essa modalidade se consolidou apenas nos anos 1970", afirma. "Faz-se necessário repensar os regimes condominiais. Não no sentido de mudá-los radicalmente do ponto de vista legal, mas imaginar como o poder público pode acompanhar as gestões condominiais , oferecendo oportunidades de melhorias de suas condições", completa.
O Holiday era, nos anos 1960, um dos prédios mais procurados de Boa Viagem. Na edição de 10 de janeiro de 1960, o Diario de Pernambuco publicou um anúncio onde são oferecidos apartamentos no edifício. "Apartamentos no Edifício Holiday, o mais imponente prédio de Boa Viagem, para entrega no próximo ano. Pequena entrada e mensais de 6 mil cruzeiros", informava o texto na seção pequenos anúncios.
Na década de 1980, porém, o jornal já publicava matérias sobre a degradação do edifício. Em 9 de maio de 1980, noticiou o assassinato do músico Edvar Lemoini Silva, o "Bamba", ocorrido em um dos apartamentos do Holiday. "Durante o dia de ontem, o ambiente do Edifício Holiday era de total tristeza. Todas as pessoas que ali residem se negaram a falar sobre a morte do pianista", veiculou o Diario.
Em 22 de fevereiro de 1981, uma morte por overdose foi noticiada pelo jornal, que noticiou a intenção de transformar o residencial em hotel. "A estudante Maria Marta da Silva, 21 anos, no banheiro do apartamento número 110 do edifício Holiday, em Boa Viagem, morreu devido à dose excessiva (de entorpecente) que tomou." Na matéria, o Diario informa que "o edifício Holiday foi palco de outros homicídios que causaram escândalo na sociedade pernambucana. Atualmente, o mencionado edifício vem sendo estudado para ser transformado em hotel".
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