Desocupação

Juiz Luiz Rocha, que interditou o Edifício Holiday, visita condomínio nesta sexta

Publicado em: 22/03/2019 16:05 | Atualizado em: 22/03/2019 19:59

Foto: Mandy Oliver/Esp.DP.
O juiz Luiz Rocha, da 7ª Vara da Fazenda Pública do Tribunal de Justiça de Pernambuco, que assinou a ação de interdição e desocupação dos moradores do Holiday na quarta-feira (13), visitou o condomínio na tarde desta sexta-feira (22). Segundo informações da Defesa Civil do Recife, há cerca de sete apartamentos ocupados e 25 pessoas dentro do Holiday. O magistrado, que chegou por volta das 15h30, esteve no local para sensibilizar de forma pacífica aqueles que continuam no prédio, dois dias após fim do prazo de desocupação voluntária dado pela Justiça. Agora, restam apenas seis apartamentos ocupados por aproximadamente 12 pessoas.

"Vim conversar com alguns moradores que ainda têm dificuldade de entender a decisão. Viemos mostrar que essa foi uma decisão dura, mas necessária. E ela não foi tomada de forma aleatória. Fiz questão de ouvir todos os órgãos e instituições técnicas e estamos até agora tentando evitar o uso da força policial", afirmou Luiz Rocha. O juiz destacou também que a desocupação "forçada" está sendo realizada de forma inédita, humanizada, conciliatório e civilizada. 

Estiveram presentes na visita o tenente-coronel do Corpo de Bombeiros Erick Aprígio, a secretária de Direitos Humanos da prefeitura, Ana Rita Suassuna, além de agentes da Guarda Municipal e da Polícia Militar. Desde essa quinta-feira (21), todo o terreno do Holiday, incluindo as lojas no térreo do condomínio, foi interditado e tapumado e policiais fazem a segurança e controle do local. "Existe esse número grande e divergente de pessoas, porque algumas ainda estão precisando subir aos andares para pegar mudança", justificou o síndico do Holiday, José Rufino Neto. Nesta sexta (22), 19 caminhões de mudança saíram das dependências do condomínio apenas pela manhã. Agora à tarde, foram três apartamentos desocupados. 

Ainda segundo o magistrado, depois de uma conversa de 30 minutos, os remanescentes se comprometeram em sair do prédio. "Me comprometi também em visitar novamente o edifício quando ele tiver em condições de habitabilidade. Desde ontem, entramos no prazo de desocupação forçada mas não de forma aleatória nem destemperada. Existe um cronograma e cada dia vamos trabalhando com esses moradores dentro de um processo conciliatório", comentou o juiz. Ele preferiu não informar quando se esgotariam as possibilidades conciliatórias por "questões de segurança". "Se no fim, houver alguém resistente a sair do prédio, será retirado de maneira forçada, assim como todo o mobiliário que restar", setenciou o juiz.

De acordo com Rufino Neto, síndico do edifício, as reuniões com o grupo de vereadores e com a comissão instituída pela Arquidiocese de Olinda e Recife continuam.  "Os projetos de reforma do edifício já estão sendo concluídos e devem ser enviados para a Celpe na segunda-feira para aprovação. Já temos mão de obra voluntária, como eletricistas, pedreiros, engenheiros. O que falta é o material de construção, como fiação e outros itens", explica. A lista é composta por 35 itens como parafusos, tansformadores, tubos, eletrodutos, capacete e está orçada no valor de 45.738,50. Quem quiser contribuir com a doação de algum dos itens ou com dinheiro, pode entrar em contato com Rufino pelo telefone 99383.8076. O valor do projeto de reforma da parte elétrica do condomínio, que será apresentado à Celpe na próxima semana, tem uma previsão de valores em R$ 250 mil, podendo chegar a R$ 1 milhão. Ele conta também que está em contato com diversos artistas que farão shows beneficientes para ajudar na reforma do Holiday.

Lista dos materiais necessários à reforma


Durante toda a tarde, caminhões de mudança saíram do edifício levando os pertences de quem deixava o apartamento e uma boa parte das histórias de suas vidas. Segudo a Prefeitura, apenas nesta sexta (22), foram realizadas 40 mudanças, sendo 33 de moradores e 7 de comerciantes. Do dia 14 até hoje, foram 215 transferências de moradores e mobiliário. O Tenente Coronel Ivanildo Torres, coordenador do Gabinete de Crises da Secretaria de Defesa Social, considerou o dia produtivo. "Foram realizadas 40 mudanças de famílias e comércio. Agora à noite irão permanecer apenas seis apartamentos ocupados com aproximdamente 12 pessoas, que nos pediram para saírem juntamente com sua mudança, já agendada. No dia de hoje também, o juiz Luiz Rocha esteve aqui e legitimou o trabalho humanizado que equipes estão realizando. Gostaria de solicitar que as pessoas que ainda possuem imóveis retornem porque em algum momento será preciso levar a mobília que for descartada para depósitos do municipio", informou.

Quem ainda estava no local tinha lamentações e queixas a fazer. Rogério de Souza, 45, vigilante mora no Holiday há 41 anos. "Este prédio foi meu berço e agora o quebraram, me deixaram dormir no chão", sintetiza. Hoje, ele fez a mudança dos seus pais, que residiam no local há 49 anos. "Eles saíram muito tristes e eu, ao ver o apartamento deles vazio, me comovi. Eu, pessoalmente, estou desempregado, comendo e dormindo na casa de amigos. Acho que jogar a gente fora deste jeito foi desumano e quero saber até quando vou passar por isso. Dizem que iremos voltar, mas acredito que isto pode não acontecer devido à especulação imobiliárioa. Então, o que posso fazer agora é ser voluntário nas reformas". afirma Rogério.

Existem tem três tipos de apartamentos no Edifício Holiday. A kitnet é avaliada entre R$ 35 mil e R$ 40 mil. O quarto e sala, em R$ 60 mil. As unidades com dois quartos têm valor comercial de R$ 80 mil. 

AGRAVO
- No fim da tarde da última quarta-feira (20), um grupo de advogados voluntários deu entrada com um pedido de agravo para reconsiderar a decisão do juiz Luiz Rocha, da 7ª Vara da Fazenda Pública. Sobre esse recurso, que será analisado por desembargados em segunda instância, ainda não há respostas. "Existem condições técnicas que terão que ser avaliadas e preciso me ater a elass. Os Bombeiros Militares e a Defesa Civil precisam dar o aval. Na hora que disserem que uma recuperação mínima foi feita e os riscos estão afastados, a 7ª Vara da Fazenda Pública fará com maior prazer o retorno desses moradores para cá", disse o juiz Luiz Rocha. 


LEIA MAIS:


Quarenta mudanças foram realizadas no Holiday nesta sexta-feira

Os comentários abaixo não representam a opinião do jornal Diario de Pernambuco; a responsabilidade é do autor da mensagem.
MAIS NOTÍCIAS DO CANAL