Habitação

Quarenta mudanças foram realizadas no Holiday nesta sexta-feira

Publicado em: 22/03/2019 15:57 | Atualizado em: 22/03/2019 19:57

O prazo de desocupação dos apartamentos acabou nessa quarta (20). Foto: Tarciso Augusto/Esp.DP.
Um total de 40 mudanças dos moradores do edifício Holiday, em Boa Viagem, foram concluídas durante todo o dia de sexta-feira. Os trabalhos de retirada de móveis, eletrodomésticos e outros pertences dos moradores começaram por volta das 8h. A Polícia Militar mantém viaturas de plantão em frente ao prédio, proibindo a entrada de pessoas. Os arredores do edifício estão cercados por tapumes com adesivos que avisam sobre a interdição.

"Decisão processo número 0013676-17.2019.8.17.2001 7ª Vara da Fazenda Pública da Capital, Tribunal de Justiça de Pernambuco, Interditado Judicialmente", informam os cartazes afixados nas tábuas que cercam as entradas do prédio. De acordo com a Secretaria de Desenvolvimento Social, Juventude, Políticas sobre Drogas e Direitos Humanos, sete apartamentos - com 25 pessoas - ainda estão nos apartamentos e se recusam a obedecer a decisão judicial. 

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Terminou nessa quarta-feira o prazo dado pelo juiz Luiz Rocha, da 7ª Vara da Fazenda Pública, para desocupação total do Holiday. Uma força-tarefa foi montada por engenheiros e advogados voluntários, que entregaram na quarta um pedido formal de reconsideração da decisão do magistrado. A Justiça ainda não se posicionou sobre o pedido. O documento foi embasado por um laudo técnico com todos os reparos feitos no prédio desde a decisão judicial de interdição. Forças policiais podem atuar na retirada dos moradores remanescentes caso a solicitação de reconsideração não seja acatada.

O prédio de 17 andares foi construído em 1956. Foto: Museu da Cidade do Recife/Reprodução.
O prédio de 17 andares, construído em 1956, apresenta vários riscos estruturais e graves problemas nas instalações elétricas. "O Holiday é um dos exemplares de um conjunto de edifícios que foram construídos no Recife do início dos anos 1950 até meados da década de 1960. São edifícios de habitação, de uso misto. Há de particular nesse conjunto o fato de ocupar uma quadra inteira, de forma triangular e também uma solução arquitetônica para viabilizar moradias em pequenas dimensões", pontua o arquiteto e urbanista e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Luiz Amorim. 

Segundo Amorim, outro fato que marca o Holiday é a introdução da construção de moradias coletivas em larga escala na cidade. "Representou uma alteração nos moldes de morar no Recife, onde, como em outras cidades brasileiras, a introdução do morar coletivo se deu lentamente. Essa modalidade se consolidou apenas nos anos 1970", afirma. "Faz-se necessário repensar os regimes condominiais. Não no sentido de mudá-los radicalmente do ponto de vista legal, mas imaginar como o poder público pode acompanhar as gestões condominiais , oferecendo oportunidades de melhorias de suas condições", completa.

O Holiday era, nos anos 1960, um dos prédios mais procurados de Boa Viagem. Na edição de 10 de janeiro de 1960, o Diario de Pernambuco publicou um anúncio onde são oferecidos apartamentos no edifício. "Apartamentos no Edifício Holiday, o mais imponente prédio de Boa Viagem, para entrega no próximo ano. Pequena entrada e mensais de 6 mil cruzeiros", informava o texto na seção pequenos anúncios.      

Na década de 1980, porém, o jornal já publicava matérias sobre a degradação do edifício. Em 9 de maio de 1980, noticiou o assassinato do músico Edvar Lemoini Silva, o "Bamba", ocorrido em um dos apartamentos do Holiday. "Durante o dia de ontem, o ambiente do Edifício Holiday era de total tristeza. Todas as pessoas que ali residem se negaram a falar sobre a morte do pianista", veiculou o Diario.

Em 22 de fevereiro de 1981, uma morte por overdose foi noticiada pelo jornal, que noticiou a intenção de transformar o residencial em hotel. "A estudante Maria Marta da Silva, 21 anos, no banheiro do apartamento número 110 do edifício Holiday, em Boa Viagem, morreu devido à dose excessiva (de entorpecente) que tomou." Na matéria, o Diario informa que "o edifício Holiday foi palco de outros homicídios que causaram escândalo na sociedade pernambucana. Atualmente, o mencionado edifício vem sendo estudado para ser transformado em hotel". 
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