Moeda virtual

Suspeito de aplicar 'golpe do bitcoin' presta depoimento à Polícia Civil

Publicado em: 26/02/2019 14:44 | Atualizado em: 26/02/2019 16:12

O bitcoin foi a primeira criptomoeda criada. Foto: Karen Bleier/AFP.
O empresário recifense Thiago Gouveia de Vasconcelos, 22 anos, que se apresentava como consultor de investimentos e foi acusado por mais de 50 pessoas de sumir com moedas virtuais, prestou depoimento à Polícia Civil de Pernambuco na manhã desta terça-feira (26). A Polícia informou que a apuração segue "sob sigilo, até a completa elucidação do fato, para não haver prejuízo às investigações".

O advogado do suspeito, que está sendo investigado pela Delegacia de Repressão ao Estelionato, Carlos Sá, informou que Thiago "já recebeu alta médica, mas ainda encontra-se em tratamento". Ainda de acordo com a defesa do empresário, "conforme compromisso firmado por este advogado, Thiago, de forma espontânea, já se apresentou à autoridade policial, tendo prestado todos os esclarecimentos ao delegado (o titular do Depatri, Rômulo Aires) responsável pelo caso", informou Carlos Sá, por nota. O conteúdo do depoimento não foi informado pela defesa.

Clientes de Thiago afirmam que ele teria usado os valores depositados pelos investidores, e, por ser viciado em jogo, perdido o dinheiro. A polícia confirmou 50 denúncias, incluindo a inicial de grupo de médicos composto por 12 integrantes, os primeiros formalizarem a denúncia, no dia 14 deste mês.

Uma médica ouvida pelo Diario disse que a quantidade de pessoas lesadas pelo possível golpe é muito maior do que a divulgada pela Polícia Civil. Apenas em grupos de redes sociais que reúnem pessoas que se dizem vítimas do empresário, há mais de 180 membros. A maioria é da área de medicina, pois foi convencida pelo pai do suspeito, um médico conhecido da cidade, a investir em criptomoedas. Há pessoas se dizendo vítimas de vários estados do Nordeste, principalmente de Pernambuco, Paraíba, Alagoas, Bahia e Ceará. Muitas, porém, disseram ter medo de prestar queixa. A maioria investiu em bitcoin.

Alternativa ao sistema financeiro

O bitcoin foi a primeira criptomoeda criada. Surgiu em 2009 e, desde então, outras tecnologias semelhantes foram desenvolvidas. De acordo com o co-fundador da Bitjá, uma startup de compra e venda de criptomoedas, Victor Cavalcanti, o código do bitcoin é aberto. “Com isso, outras foram sendo criadas e mudadas em alguns aspectos. Hoje, existem várias criptomoedas”, afirmou. “Imagine que no seu computador você tem um arquivo de Word. Ele é virtual, não existe no mundo físico, mas você pode copiar e passar para quantas pessoas quiser. A criptomoeda é como esse arquivo no sentido de existir no mundo virtual. No entanto, diferentemente do arquivo Word, é impossível de ser copiado.”

Assim, quando o bitcoin é enviado, quem o remeteu perde o controle sobre ele. “Outra característica é que o mercado determina o seu valor. É uma forma fora do sistema tradicional financeiro de transacionar valor. Uma das diferenças (em relação ao sistema tradicional) é que a taxa para mandar qualquer valor é igual. Não importa se R$ 10 ou um milhão. Se para o Recife ou para o Japão”, esclareceu. “Onde estou colocando o meu dinheiro é a primeira questão que uma pessoa deve responder quando quer investir. Se você não possui a senha, o bitcoin não é seu”, completou Cavalcanti.

O consultor do BitRecife Marcos Vinícius Moraes enfatiza que a primeira dica para quem quer investir com segurança nesse mercado é procurar empresas estabelecidas. “É preciso procurar empresas com credibilidade e não se aventurar com pessoas sem escritório, site e CNPJ ativos, por exemplo. Nas empresas sérias, a conta é no nome do cliente. É necessário ainda ter cuidado com promessas irreais de riqueza. Não invista seu dinheiro em empresas que prometem ganhos extraordinários e lembre-se que só você é o responsável pelo seu investimento, pelos seus criptoativos”, pontuou. 

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