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Píeres

Áreas de contemplação da natureza são atrações no Recife

Publicado em: 10/02/2019 11:25 | Atualizado em: 10/02/2019 13:39

A capacidade do deque do Jardim do Baobá - que avança aproximadamente 12 metros na calha do rio - é para 30 pessoas. Foto: Léo Malafaia/Esp.DP.
Passando férias no Recife, a arquiteta Andréia Farias, 24, visitou um lugar que se tornou um dos preferidos na capital pernambucana: o píer do Jardim do Baobá. O local, que nem sempre aparece nos roteiros dos turistas, conquistou a acreana por ser símbolo do diálogo entre a cidade e o Rio Capibaribe e por lembrá-la de sua terra natal, Rio Branco. O píer no bairro das Graças, Zona Norte do Recife, é um dos pontos sobre águas que podem ser visitados para contemplar a paisagem urbana. Píeres espalhados pelo território recifense convidam moradores e turistas a desacelerar e observar as belezas naturais e construídas na cidade. Com a conclusão do Parque Capibaribe - sistema de parques integrados ao longo de 30 km nas duas margens do rio – a cidade deve ganhar outros embarcadouros.

Na Rua da Aurora, um píer instalado no ano passado tem chamado a atenção de quem gosta de ver a cidade por novos ângulos. A estrutura foi montada pela Prefeitura do Recife e pelo Clube Náutico Capibaribe para facilitar o acesso dos remadores ao rio. A função do elevado, porém, ultrapassou o objetivo inicial. Agora, o píer tem sido usado por moradores da via, de outras áreas da cidade e também por turistas. Pela passarela, é possível chegar se aproximar cerca de 50 metros do rio.

Na Rua da Aurora, um píer instalado no ano passado tem chamado a atenção de quem gosta de ver a cidade por novos ângulos. Foto: Peu Ricardo/DP.
“Por mais de 60 anos, o acesso ao rio era pela lama. Em 2018, conseguimos o píer. Parte dele, o equivalente a 50 centímetros, foi da Prefeitura (do Recife). É uma estrutura que já pertencia à administração municipal e ficava em Brasília Teimosa, perto da antiga Casa de Banhos. O restante, conseguimos com a Confederação Brasileira de Remo. Fomos buscar em Sergipe e, agora, além dos atletas, que usam sempre em um horário pela manhã e à tarde, muitas pessoas têm vindo visitar”, disse o diretor de Remo do Náutico, Lula Melo. A maior parte da estrutura é de material plástico e está bem conservado. Já o trecho de madeira – uma rampa – precisa de manutenção. O melhor horário para visita e contemplação no píer é quando a maré está cheia. Nos horários de maré baixa, o píer fica rodeado de lama e lixo jogado no Capibaribe. 

Ao lado dos edifícios Píer Maurício de Nassau e Píer Duarte Coelho, a ponte-cais construída pelo condomínio é pública. Foto: Léo Malafaia/Esp.DP.
A 3 km do píer da Aurora, outro embarcadouro pode ser visitado pela população. Localizado ao lado dos edifícios Píer Maurício de Nassau e Píer Duarte Coelho, conhecidos como “Torres Gêmeas”, uma ponte-cais construída pelo condomínio é pública e pode ser usada por toda a população. Do local, é possível admirar a vista para o Parque das Esculturas e para Brasília Teimosa. Por exigência da Prefeitura do Recife, em 2012, a construtora Moura Dubeux, que ergueu os prédios, teve que construir uma pracinha, jardim, ciclovia com cinco metros de largura e 250 de extensão além do deque. Uma mureta de proteção garante a segurança dos ciclistas e visitantes.

O píer do Jardim do Baobá, nas Graças, visitado pela acreana Andréia Farias se movimenta com a variação da maré. Dessa forma, com a maré alta ou baixa os visitantes podem contemplar o rio de diferentes ângulos e não apenas das margens. De acordo com a Secretaria de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Recife, o ponto de observação é feito em polietileno com tratamento UV, o material não resseca com a exposição ao sol e mantém a resistência. O revestimento é feito com a madeira maçaranduba, resistente a água e ao sol.

A capacidade do deque – que avança aproximadamente 12 metros na calha do rio - é para 30 pessoas. “Há seis meses, o píer recebeu reforço na estrutura. Existe um funcionário no local que faz o acompanhamento diário e, caso detecte algum problema, avisa aos técnicos para que seja feita a manutenção. Além disso, a estrutura é avaliada trimestralmente pelos engenheiros”, garantiu a Secretaria por nota. “Trouxe a minha amiga para mostrar o Capibaribe mais de perto”, disse o motorista de aplicativo Luiz Felipe Costa, 24, paraense que mora no Recife há sete meses e levou Andréia para visitar o píer do Jardim do Baobá. “Rio Branco, minha cidade, nasceu no entorno do rio. Hoje, ele é muito poluído. Poder visitar o Capibaribe e fazer um paralelo com a minha realidade foi interessante”, afirmou a turista.

O professor de educação física Gileno Pereira, 32, costuma passear com a filha, Gisele, na Lagoa do Araçá. Foto: Peu Ricardo/DP.
Na Zona Sul do Recife, o píer da Lagoa do Araçá oferece uma vista única do mangue e permite que a população se aproxime da água e observar os animais que vivem no ecossistema. O professor de educação física Gileno Pereira, 32, costuma passear com a filha, Gisele, de oito meses, no local. “Venho mostrar os patos na água. O clima é muito bom, e o píer tem uma estrutura segura para nos aproximarmos. Ela chega fica calminha quando estamos aqui”, contou. 

A arquiteta e urbanista Patrícia Menezes, membro do grupo de pesquisa multidisciplinar da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Inciti – Pesquisa e Inovação para as Cidades, ressaltou que píeres são espaços que permitem uma aproximação da população em relação ao rio. “Em nossas andanças pela cidade, apesar de estarmos perto do rio, nem sempre o vemos. Além da função de atracar embarcações, o píer tem, então, essa missão, de aproximar e enxergar o rio”, pontuou. Segundo a especialista, outros trechos com píer vão surgir na cidade, com as entregas do Parque Capibaribe. “Tentamos sempre usar materiais que dialoguem ao máximo com a natureza e flutuantes para não precisar cavar estacas”, explicou.  
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