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Julgamento

Júri do trio acusado de homicídio e canibalismo em Garanhuns ocorre nesta sexta-feira

Jorge Beltrão Negromonte da Silveira, Isabel Cristina Pires da Silveira e Bruna Cristina Oliveira da Silva estão sendo julgados por duplo homicídio triplamente qualificado

Publicado em: 14/12/2018 09:54 | Atualizado em: 14/12/2018 10:26

Fotos: Léo Malafaia/Esp. DP
O julgamento de Jorge Beltrão Negromonte da Silveira, Isabel Cristina Pires da Silveira e Bruna Cristina Oliveira da Silva teve início nesta sexta-feira (14) as 9h, na 1ª Vara do Tribunal do Júri da Capital, no Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, Ilha Joana Bezerra, no Recife. Os réus são acusados pelas mortes de Alexandra da Silva Falcão, 20 anos, e Gisele Helena da Silva, 31 anos, no município de Garanhuns, no Agreste pernambucano. A sessão do Júri é presidida pelo juiz Ernesto Bezerra Cavalcanti.

Os três réus estão sendo julgados por duplo homicídio triplamente qualificado (cometidos mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; e à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa da vítima); e também pelos crimes de ocultação e vilipêndio de cadáver e de furto qualificado. 

Jorge Beltrão Negromonte da Silveira e Bruna Cristina Oliveira da Silva respondem ainda por estelionato (obtenção de vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício ou qualquer outro meio fraudulento). A ré Bruna Cristina Oliveira da Silva será julgada também pelo crime de falsa identidade.

A defesa de Jorge irá pedir que o réu seja internado no Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTP). “Jorge é um homem doente. Não é apto a viver mais em sociedade. O nosso pedido ao corpo de jurados será a medida de segurança para que ele fique internado no HCTP, fazendo tratamento psiquiátrico. Na verdade, ele está escolhendo praticamente a prisão perpétua. Sendo condenado na medida de segurança, ficará na prisão perpétua porque irá fazer esse tratamento no HCTP e lá, com certeza, nenhum psiquiatra vai conceder a ele um laudo pericial dizendo que ele está apto a viver em sociedade porque a esquizofrenia paranoide não tem cura”, comentou o criminalista Giovanni Martinovick, que atua na defesa de Jorge.

A defesa de Isabel irá pedir pela absolvição da ré. De acordo com os advogados, laudos que serão apresentados durante o julgamento comprovam que Isabel seria incapaz de responder por seus atos. “Ela não tem participação nos dois homicídios ocorridos em Garanhuns. Temos documentos que comprovam que ela não estava presente no homicídio das duas vítimas”, disse o advogado de defesa da ré, Renato Vilela.
 
Com relação à participação de Bruna Cristina Oliveira da Silva, a defesa argumenta que ela não teve condições psicológicas e físicas de tentar impedir as ações de Jorge, coagindo Bruna. “Ela nutria um amor platônico e incondicional por Jorge, queria defendê-lo. Após o julgamento de Olinda, ela ouviu o depoimento de Jorge a acusando de vários crimes e a partir de então, passou a relatar as coisas bárbaras que ele fazia com ela. A nossa tese irá afastar a culpabilidade dela e atinge exclusivamente o co-autor, que é Jorge. Ele é o mentor, mandante e executor dos cries”, afirmou o defensor de Bruna, Rômulo Lyra. 

Caso 

Segundo a denúncia do MPPE, no dia 25 de fevereiro de 2012, por volta das 15h, na residência dos acusados, situada na rua Emboabas, no bairro de Jardim Petrópolis, em Garanhuns, Gisele Helena da Silva teria sido assassinada pelos réus por meio do emprego de arma branca (faca peixeira). De acordo com os autos, a vítima foi atraída para a casa dos acusados por Isabel, sob o pretexto de ouvir conselhos e falar da “Palavra de Deus”.

No local, conversou com Bruna e quando estava de costas foi atingida por um golpe de faca na garganta desferido por Jorge Negromonte, vindo a óbito, segundo narrado pelo Ministério. A vítima teria sido arrastada para o banheiro onde foi esquartejada por Jorge e Bruna. Partes dos corpos teriam sido armazenadas para o consumo dos três acusados. O restante do corpo foi enterrado no quintal da residência em um buraco previamente aberto por Jorge com esse intuito. Ainda de acordo com a denúncia, os réus subtraíram os pertences da vítima, dentre os quais carteira de trabalho, CPF e cartões de crédito, utilizados para realização de compras no comércio local.

O assassinato da outra vítima, Alexandra da Silva Falcão, de acordo com a denúncia do MPPE, ocorreu no dia 12 de março de 2012, também na residência dos acusados. Alexandra teria sido chamada por Bruna para trabalhar como babá de uma criança que ela apresentava como filha, enquanto Isabel ficou à espreita para garantir a execução do plano. Na residência dos réus, enquanto conversava com Bruna, a vítima foi atingida também por um golpe de faca na garganta desferido por Jorge, por meio do qual faleceu. Segundo os autos, em seguida foi arrastada para o banheiro, onde foi esquartejada por Jorge e Bruna. Parte dos restos mortais teria sido consumida pelos três e o que sobrou do corpo foi enterrado também numa cova feita por Jorge no quintal da sua residência.
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