Patrimônio

Em dia de celebração, Monumento ao Maracatu é encontrado com sinais de vandalismo no Recife

A obra foi construída pelo artista plástico Abelardo da Hora e está localizada em frente ao Forte das Cinco Pontas, no bairro de São José

Publicado em: 01/08/2018 22:46 | Atualizado em: 01/08/2018 23:27

O monumento foi encontrado na manhã desta quarta-feira com sinais de vandalismo. Foto: Cortesia/WhatsApp

O Maracatu está inteiramente ligado à identidade cultural de Pernambuco. Ele está presente na história do estado, em especial na resistência da religiosidade e musicalidade negra. Nesta quarta-feira (01), os maracatuzeiros foram até o bairro de São José, na região central do Recife, onde está localizado o Monumento ao Maracatu, para comemorar o Dia Estadual do Maracatu, incluída em 1998 no calendário oficial estadual, mas ao invés de festa, os brincantes se depararam com a estátua depredada.

Imagem do monumento completo. Obra feita pelo artista Abelardo da Hora. Foto:Cortesia/WhatsApp

A obra foi construída pelo artista plástico Abelardo da Hora e está localizada em frente ao Forte das Cinco Pontas. Ela foi inaugurada em 2008 na gestão do ex-prefeito João Paulo. O monumento conta com oito figuras típicas do maracatu de baque virado (o rei, a rainha, a dama de companhia, a dama da boneca, o porta-estandarte, o porta-lanterna, o carregador do elefante e o ogan) representando um cortejo. Cada peça tem aproximadamente dois metros de altura. Na época, a obra custou R$ 420 mil reais. Segundo os brincantes, foram furtados o pálio (sombrinha que protege o rei a rainha), um estandarte (elemento que leva o símbolo e o fundamento do Maracatu) e uma alfaia (instrumento característico da sonoridade).

O presidente do Maracatu Encanto da Alegria, Anderson Santos, vencedor do concurso de agremiações do carnaval do Recife deste ano, contou que sentiu uma imensa tristeza ao ver a obra com forte valor sentimental para os maracatus nação de pernambuco depredada. "Isso deixa a gente muito triste. Aquela obra não está ali por acaso. Ela está representando os nossos grupos e a nossa ancestralidade. Logo hoje, que é um dia para celebrar o nosso ritmo, nos deparamos com uma situação dessa. Precisamos de mais segurança ao monumento para que isso não aconteça", relatou.

Segundo o presidente da Associação dos Maracatus Nação de Pernambuco (AMANPE), Fábio Sotero, isso é um desrespeito e desvalorização com a cultura do estado. "Há alguns anos temos percebido a falta de segurança e atenção com os grupos durante o carnaval. No Pátio do Terço por exemplo, onde é realizado o Encontro dos Afoxés e a Noite dos Tambores Silenciosos, a iluminação é precária e quase não encontramos policiais no local", relatou.  

A vice-presidente da Amanpe, Wanessa Paula Santos, e presidente do Maracatu Nação Cambinda Estrela, na comunidade da Campina do Barreto, na Zona Norte do Recife disse que recebeu a notícia com muita tristeza.  "Para a gente foi um ato de vandalismo. Se foi intolerância, foi algo bem esquematizado. Esperamos que o caso seja apurado e o monumento possa ser restaurado".


Maracatu Encanto da Alegria na Comunidade da Mangabeira, Zona Norte do Recife. Foto: Cortesia/WhatsApp

Diferente do Recife onde não aconteceu oficialmente nenhuma comemoração, em Olinda, houve uma comemoração no Largo do Amparo em comemoração do dia. Participaram da festividades diversos grupos de maracatus, entre eles, o Maracatu Nação de Luanda e o Tigre. Na capital, para não passar batido, os próprios grupos fizeram suas comemorações na comunidade, como foi o caso do Encanto da Alegria, no bairro da Mangabeira, na Zona Norte do Recife.
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