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Repercussão

Vídeo com conteúdo pornográfico filmado em ônibus no Recife é desativado

Apesar da repercussão da queixa feita pela adolescente, nenhuma denúncia foi formalizada na polícia

Publicado em: 23/07/2018 21:54 | Atualizado em: 24/07/2018 10:40

Foto: Reprodução/Twitter

Quatro vídeos postados em um dos maiores sites de pornografia da rede mundial de computadores com imagens de mulheres sendo assediadas sexualmente no transporte público do Recife estão gerando indignação em internautas desde o fim de semana, quando o caso veio à tona após uma estudante de 17 anos divulgar as publicações em uma rede social. Apesar da repercussão da queixa feita pela adolescente, nenhuma denúncia foi formalizada na polícia.  Dois dos vídeos foram desativados pelo site, após denúncias.
Nas imagens publicadas no site de conteúdo pornô, o usuário identificado como “ObservadorRecife”, que informa ter 27 anos e morar na capital pernambucana, publicou uma sequência de vídeos mostrando mulheres sendo assediada supostamente por ele mesmo. Em uma das postagens, “Encoxando a neguinha de leve (sic)”, o homem expõe o rosto da mulher em um ônibus. Sem saber que está sendo filmada, a vítima demonstra desconforto com a situação. 

Outros vídeos, intitulados “Encoxando braço da novinha (partes 1 e 2), reuniam quase 800 mil visualizações. O perfil do assediador somava mais de 1,3 mil inscritos e estava ativo desde 5 de janeiro de 2016. Na tarde desta segunda-feira, não era mais possível localizar os vídeos ou a página do usuário. “Eu postei a denúncia da existência desses vídeos na sexta-feira. A repercussão durante o fim de semana foi muito grande. Acho que o perfil foi apagado”, disse a estudante de 17 anos.  

A adolescente pretendia formalizar uma queixa na Delegacia de Polícia de Repressão aos Crimes Cibernéticos, localizada na Rua da Aurora, no bairro da Boa Vista, nesta segunda, mas, por orientação dos pais, preferiu não fazer a denúncia. “Como eu precisava da autorização deles, conversei. Meus pais, apesar de entenderem e me apoiarem, pediram que, por questões de segurança, eu não fizesse a denúncia, mas espero que alguém faça”, afirmou. 

Ela descobriu os vídeos quando, mexendo no celular, viu uma piada na internet com prints das imagens de assédio. Buscou as publicações originais no site e confirmou que as chacotas se referiam a casos reais. “Reconheci que realmente eram do Recife. Infelizmente, esse é um assunto que muitas pessoas esquecem por acharem normal. Não é. Mulheres são vítimas de assédio diariamente e isso precisa ser levado a sério. Precisamos denunciar sempre”, ressaltou. 

Quando as publicações estavam ativas no site, era possível ler comentários de apoio às postagens. “Ela gostou”, dizia um internauta em um dos vídeos. “Posta mais”, pedia outro. O próprio autor das postagens comentou em um dos posts que “não importa o que digam vou continuar fazendo isso e espero um dia encontrar suas mães, irmãs, namoradas, primas (sic)”. 

Investigação 
Desde abril deste ano, a Polícia Federal (PF) passou a ser responsável por investigar crimes virtuais contra as mulheres. A lei 13.642, de 2018, alterou a lei 10.446, de 2002, que trata sobre as infrações penais de repercussão interestadual ou internacional e que exigem repressão uniforme. 

Nesses casos, a PF assume as investigações, com apoio dos órgãos de segurança pública locais. A mudança na lei determina que a Polícia Federal investigue qualquer crime praticado por meio da rede mundial de computadores que difundam conteúdo misógino, definidos como aqueles que propagam o ódio ou a aversão às mulheres. 

O Diario não conseguiu contato com a assessoria de comunicação da Polícia Federal na noite desta segunda-feira. Já a Polícia Civil de Pernambuco esclareceu que, até o momento, não recebeu “qualquer denúncia dessa natureza envolvendo supostos casos de assédio ocorridos no Recife contra mulheres”.
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