Polícia

Pais de adolescente agredido em fast food prestam depoimento

Advogada do suspeito também foi ao DPCA apresentar o cliente

Publicado em: 04/05/2018 16:31 | Atualizado em: 04/05/2018 16:54

A advogada de Wenceslau dos Santos, Isabel Mota, apresentou o cliente por meio de procuração no DPCA. Foto: Anamaria Nascimento/DP.
Os pais do estudante de 17 anos agredido por outro cliente da loja Mc Donald's de Boa Viagem, Zona Sul do Recife, na noite da última terça-feira (1), prestaram depoimento na manhã desta sexta-feira (4) no Departamento de Polícia da Criança e do Adolescente (DPCA), bairro da Madalena, Zona Oeste da cidade. O interrogatório foi realizado pelo gestor do DPCA, Darlson Macedo. O autor da agressão já foi identificado e localizado pela polícia. O suspeito não é militar, como disseram nas redes sociais: trabalha como promotor de vendas em uma empresa privada. Segundo a polícia, ele também vai prestar depoimento, em data ainda não marcada.

A advogada do suspeito, Isabel Mota, também esteve no DPCA na manhã desta sexta-feira, onde apresentou o cliente e colocou-se à disposição da polícia. Segundo ela, o promotor de vendas Wenceslau dos Santos, 37 anos, e família tem sofrido ameaças de morte. Por causa das ameaças, eles se mudaram do Pina. Os filhos dele tiveram que sair da escola. "Gostaria de pedir à sociedade que não incentivasse a violência. Ele cometeu um erro e vai pagar por ele, mas tudo deve ser feito pela Justiça", afirmou.

Segundo Isabel, Wenceslau completou 37 anos nesta sexta-feira. "Ele e a família estão muito abalados. A esposa e os filhos, que nada têm a ver com a agressão, estão sofrendo ameças. As crianças ficaram fora da escola. As pessoas precisam entender que não se pune uma lesão corporal com homicídio", pontuou. Wenceslau deve comparecer ao DPCA para prestar depoimento em data ainda não agendada. Ele pode responder a um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) por lesão corporal leve.

Investigação
A Polícia Civil já está com as imagens do circuito interno de segurança da Mc Donald's. Pela gravação, a Polícia informou que é possível visualizar toda a situação que terminou com a agressão ao adolescente. As imagens mostram o garoto dando um grito e, em seguida, sendo agredido. 

Em um texto, publicado nas redes sociais, o adolescente se defendeu dizendo que não falou nada que oferendesse a filha do agressor. Admitiu, no entanto, ter gritado. Mas alegou ter pedido desculpas. Procurada pela reportagem, a advogada do homem filmado agredindo o adolescente, Isabel Mota, informou que ele não tem antecedentes criminais. A advogada diz ainda que seu cliente foi alvo de provocações não só pelo adolescente, mas pelo grupo de jovens, que estava na lanchonete. 
 
Ela alega, ainda, que o grupo estava fazendo desordem e uso de bebida alcoólica, compradas no estabelecimento localizado na frente do fast food. Diz que o seu cliente não teve a inteção de gerar conflito, apenas defendeu a filha, menor de idade. "Ao contrário do que está sendo narrado, não foi um simples grito que gerou a situação, inclusive as imagens serão disponibilizadas pelo estabelecimento a fim de comprovar o episódio narrado", diz em nota enviada à redação. Versão já contestada pelas imagens fornecidas pela Mc Donalds à Polícia. A nota enviada pela advogada do agressor, informa que ele está arrependido e lamenta o ocorrido, e diz ainda que ele está recebendo ameaças de morte, bem como a esposa e dois filhos. 
 
"Lamento que a situação tenha chegado a tal ponto, o meu ato foi extintivo (sic) e em legítima defesa por uma situação completamente desrespeitosa criada por aqueles adolescentes. Se eu pudesse voltar atrás teria controlado melhor a situação, por isso peço desculpas pelo ato. Ocorre que sou um pai e garanto que qualquer um no meu lugar também tomaria as atitudes necessárias. Além disso, quero deixar claro que jamais tive meu nome relacionado a qualquer atitude criminosa ou homofóbica. As pessoas falam sem ter a mínima consciência do que podem causar. Eu e minha família estamos vivendo um verdadeiro inferno com as informações falsamente divulgadas. Em momemto algum realizei qualquer comentário ligado a homofobia, inclusive no vídeo a pessoa que utiliza o termo 'veado' é um terceiro", disse.  

Nas imagens captadas pelos celulares de testemunhas e divulgadas nas redes sociais, o adolescente aparece pedindo desculpas ao homem, que bastante exaltado grita com ele e, em seguida, o agarra pelo pescoço, agredindo com um tapa no rosto. Uma mulher que estava na loja chega a reclamar da atitude e o homem parte para cima dela também. Em seguida, seguranças do estabelecimento levam o estudante para fora do fast food, na tentativa de evitar nova agressão. 

Em nota, o McDonald's confirmou o incidente. "Lamentamos o ocorrido e reforçamos que o McDonald's é um local que se preza por oferecer bons momentos aos seus consumidores", disse a rede de lanchonetes. A polícia informou que o acusado deverá responder por um Termo Circunstanciado de Ocorrência, uma vez que a agressão cometida por ele é considerado um crime de menor potencial ofensivo.
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