Rligião

Um jardim de oliveiras

Árvores trazidas de São Paulo foram plantadas no complexo religioso, em construção, da Igreja do Amor

Publicado em: 22/04/2018 14:38 | Atualizado em: 22/04/2018 14:50

Na Igreja do Amor, em Paulista, há seis pés de Oliva. Foto: Péu Ricardo/DP

Em área de predominância de mangue, oliveiras e tamarineiras despertam a curiosidade de quem passa pela PE-022, em Maranguape I, Paulista. As árvores estão no terreno, às margens da rodovia, onde a Igreja do Amor constrói um complexo religioso, com um templo capaz de abrigar 7,5 mil pessoas e um jardim bíblico. Os seis pés de oliva e os seis de tâmara são os primeiros de dezenas previstos para o complexo. 

O projeto do jardim começou a amadurecer após a viagem dos pastores Artur e Talitha Pereira, 37 e 33 anos, respectivamente, a Israel. “Queríamos um lugar que simbolizasse a época de Jesus e onde ele se reuniu com os discípulos”, disse Artur. O lugar seria uma referência ao Jardim das Oliveiras ou Getsêmani, situado no Monte das Oliveiras, em Jerusalém, onde Jesus orou na noite anterior à sua crucificação. 

As primeiras oliveiras plantadas no complexo ficam perto da Casa de Oração, aberta diariamente por, no mínimo, 14 horas. Com a localização das árvores, explicou Artur, pretendeu-se criar uma atmosfera religiosa para quem “busca o Pai”. A medir pelo impacto de quem pisa no complexo pela primeira vez, a pretensão parece acertada. Desperta curiosidade, no mínimo. Para as pessoas de fé, a ligação com os evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João, que citam o jardim, é quase automática. 

Quando pronto, o complexo religioso de Maranguape I, batizado de Complexo de Amor, terá oliveiras e tamareiras em diversos pontos. “No projeto, priorizamos espécies mencionadas na Bíblia, tanto as citadas no Jardim das Oliveiras quanto as das paisagens”, frisou o paisagista Luciano Lacerda, sócio-proprietário da Villa Garden, empresa à frente do do projeto das áreas permeáveis do complexo. 

A lista de espécies inclui, além da oliveira e da tamareira, a alfarrobeira, árvore cujo fruto, em forma de vagens, é citado por Jesus na parábola do Filho Pródigo. O plantio de dezenas de árvores está previsto no projeto em mais dois lugares do complexo religioso. A previsão, segundo Luciano Lacerda, é de ao menos mais 20 tamareiras e dez oliveiras. Embaixo das oliveiras próximas da Casa de Oração, adiantou o paisagista, serão colocados bancos, tornando esses pontos um convite à reflexão. 

O plantio do jardim bíblico de Maranguape I é uma operação complexa. As oliveiras e tamareiras plantadas às margens da PE-022 foram trazidas do Sudeste do país, exigindo o emprego de grandes veículos para o transporte e de muncks para colocá-las e retirá-las dos veículos. Todas as plantas eram adultas. 

Não há data para o término das obras do complexo religioso. Elas serão tocadas na proporção das doações dos membros da igreja, com história iniciada há 15 anos. Ao chegar em Paulista, recorda pastor Artur Pereira, a igreja, uma congregação, contava com sete membros. Era a Terceira Igreja Batista de Maranguape I, mudando posteriormente para  Igreja Batista do Amor. Com o tempo, os membros passaram a chamá-la de apenas Igreja do Amor. E assim permanece. Agora, entretanto, com mais dois mil membros. 

Daí, o templo anexo, em construção no complexo, ter capacidade para 2,5 mil pessoas. Enquanto ele é erguido, os fiéis se revezam em atividades no templo da Avenida Brasil, a ser desativado em agosto deste ano, e na Casa de Oração, às margens da PE-022. Chegar à casa requer olhar as tamareiras e as oliveiras. 

Jardins na Bíblia 

 
Jardim do Éden 
Criado por Deus, segundo a Bíblia, como lugar perfeito, onde não havia tristeza nem dor. Nele, viveu inicialmente Adão e Eva. O jardim é descrito no Gênese. 
Jardim do Getsêmani 
Lugar em que Jesus orou, em Jerusalém, antes de ser entregue por Judas, julgado e condenado à morte. Há referências ao lugar nos quatro Evangelhos. 

Jardim da Cidade Celeste 
É a promessa do resgate do jardim perdido, devido ao pecado, para os crentes em Deus. Trechos do Apocalipse fazem referência a tal cidade. 

Árvores bíblicas 
Oliveira 
Citada várias vezes na Bíblia, tanto a árvore quanto seus frutos.  A oliveira é nativa da parte oriental do Mediterrâneo e do norte do Irã, no Oriente Médio. Há árvores com mais de 2 mil anos. Entre essas, segundo pesquisadores, estariam algumas do Jardim do Getsêmani. 

Tamareira 
Podendo alcançar até 30 metros de altura, a tamareira é cultivada há milênios. Uma das hipóteses é de que a palmeira, cujos frutos são as tâmaras, tenha origem no sudoeste asiático. Outra hipótese da origem aponta para a zona desértica do norte africano. 

Alfarrobeira 
Resistente a climas secos, tal qual a oliveira e a tamareiras, a alfarrobeira é conhecido como pão-de-São-João. João, no caso é o Batista, primo de Jesus e também quem batizou o filho de Maria. Estudiosos acreditam que ele comia os frutos da árvore no deserto. 

Inspiração cristã em todo mundo 
Em quantidade, o complexo da Igreja do Amor, quando pronto, terá mais oliveiras do que as plantadas no Jardim Bíblico do famoso Templo de Salomão construído, em São Paulo, pela Igreja Universal do Reino de Deus. O jardim do templo possui 12 árvores, enquanto o complexo de Maranguape I, atualmente com seis, contará com cerca de 20. 

A diferença atual dos dois projetos, além do número de oliveiras, está na idade e na origem das árvores. Enquanto as plantadas em Paulista possuem menos de 50 anos e vieram  de São Paulo, as empregadas no Templo de Salomão têm mais de 100 anos e foram trazidas do Uruguai. O caráter centenário das oliveiras, adiantou o paisagista Luciano Lacerda, será considerada na hora de escolher as próximas oliveiras. 

As tamareiras constam nos dois projetos dos jardins bíblicos. Em Pernambuco, tais palmeiras, assim como em São Paulo, ficam em lugares distintos dos espaços das oliveiras. E mais distante do que as oliveiras da Casa de Oração. Já as quatro tamareiras do Templo de Salomão, com mais de 100 anos cada e trazidas de Israel, ficam na esplanada do templo, réplica do imóvel que existiu em Jerusalém e inaugurado em 2014. 

São antigas as tentativas dos cristão de reproduzir jardins bíblicos. Entre as conhecidas consta a dos frades capuchinhos de Fátima, em Portugal. O jardim luso foi aberto ao público em 2003. Idealizado por um frei, Lopes Morgado, a proposta também foi executada por um paisagista, contando com mais de uma dezena de plantas citadas na Bíblia. Junto a cada uma, o visitante encontra o nome científico da espécie e textos dos livros sagrados referentes às plantas. 

As oliveiras têm lugar no jardim capuchinho. Do mesmo modo que a proposta de Maranguape I, os portugueses plantaram alfarrobeiras. O projeto resultou também na inclusão do cedro, da videira, da figueira, do trigo e da mostarda. Com isso, tal qual nas experiências de Pernambuco e de São Paulo, o propósito é contribuir para a evangelização. Partem da constatação do poder de informar através de exemplos. 
Os comentários abaixo não representam a opinião do jornal Diario de Pernambuco; a responsabilidade é do autor da mensagem.
MAIS NOTÍCIAS DO CANAL