Urbanismo

Rua do Príncipe ganhará boulevard de 390 metros

As obras na via terão início a partir de maio. Os trabalhos serão executados numa parceria com a Unicap e a Prefeitura do Recife

Publicado em: 18/04/2018 09:24 | Atualizado em: 18/04/2018 09:32

Imagem: Unicap/divulgação

A Rua do Príncipe, que corta os bairros da Soledade, Boa Vista e Santo Amaro, na área central do Recife, vai receber um inovador projeto de requalificação das calçadas ao longo dos seus 800 metros, com a criação de um boulevard de 390 metros de extensão, estreitamento das faixas de rolamento e redução da velocidade de tráfego no trecho entre as ruas Nunes Machado e Bispo Cardoso Ayres.   

O trabalho, que está alinhado às diretrizes do Plano Centro Cidadão, será possível graças a uma parceria entre a Autarquia de Urbanização do Recife (URB) e a Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), que cederá para uso público parte do lote do Liceu Nóbrega de um lado e recuo do estacionamento da instituição de ensino no outro lado. As obras começam na segunda semana de maio. 

Os passeios da Rua do Príncipe possuem em média 2,4 metros de largura. Em toda a extensão da via, as calçadas serão alargadas em 1,20m avançando sobre as atuais faixas de rolamento dos veículos. Com a derrubada do muro do Liceu Nóbrega, mais cinco metros serão acrescidos aos passeios, o que permitirá a implantação de uma área de bem-estar urbana com bancos e espaços de lazer, oferecendo melhor infraestrutura ao grande número de pedestres que circulam no local. 

A nova configuração permitirá também que as linhas de ônibus sejam redistribuídas em dois conjuntos de paradas seletivas, contemplando dois módulos cada uma, para melhorar o fluxo de embarque e desembarque dos passageiros. O comércio das barracas que funcionam na área será reorganizado. O investimento será de R$ 1,6 milhão. “Este é o primeiro projeto concreto em que a gente estudou a possibilidade de entrar na faixa de rolamento do carro e na área privada, sem prejuízo para o transporte coletivo, veículos particulares e os pedestres. Serão quase 800m de uma nova concepção de mobilidade, sem a retirada das árvores de grande porte existentes na via e sem prejudicar as duas faixas para os automóveis”, disse o secretário de Infraestrutura e Habitação do Recife, Roberto Gusmão. 

Segundo ele, o estreitamento das faixas de rolamento estimulará a redução da velocidade de circulação dos veículos ao entrar na Rua do Príncipe, mas a URB negocia com a Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) limitar para 30km/h a velocidade máxima permitida, com implantação de equipamentos de fiscalização. O projeto não prevê a implementação de ciclovia. 

O projeto prevê também a inclusão de novas faixas de travessia de pedestres, mudança no piso, paisagismo, iluminação específica para os usuários das calçadas e de acordo com as normas de acessibilidade. “Não tem como a prefeitura fazer um equipamento público ousado sem a ajuda do setor privado. A solução que encontramos foi uma cessão de patrimônio privado ao uso público. Desta forma, as mais de 15 mil pessoas que circulam pela Católica vão ganhar em conforto e, sobretudo, em segurança”, afirmou o reitor da Unicap, padre Pedro Rubens. Aproximadamente 20 mil pessoas circulam diariamente na Rua do Príncipe. 

Há dois anos o projeto vem sendo discutido com o laboratório Humanicidades, vinculado ao Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Unicap. “Acredito que as pessoas vão poder vivenciar um espaço urbano cidadão, onde a rua passa a ser o lugar de encontro e trocas sociais, como deveriam ser todas as nossas vias. Uma rua cidadã onde a mobilidade, mobiliário, a vegetação e a interface arquitetônica foi desenhada integrada”, avaliou a arquiteta, urbanista e pesquisadora do Humanicidades Andréa Câmara. 


Caminho livre da Encruzilhada ao Centro 

Foto: Nando Chiapetta/DP

Quando estiver concluído, o projeto da Rua do Príncipe se somará ao trabalho que já está sendo realizado na Avenida João Barros, com serviços de requalificação das calçadas em seus mais de 2km de extensão. A obra começa ao lado do Largo da Encruzilhada e termina próximo à Universidade Católica de Pernambuco (Unicap). O valor da obra na João de Barros é de R$ 2,3 milhões. No trecho entre a avenida e a Rua da Hora, será feita a adequação da transição de calçada entre as duas vias. 

“Com essa intervenção, será possível ir andando do Largo da Encruzilhada até a Rua do Príncipe em calçadas adequadas, com nova iluminação LED, sobretudo nos trechos onde existem paradas de ônibus e árvores. O estacionamento de estabelecimentos comerciais que estiverem avançando sobre as calçadas também será proibido. O pedestre e o usuário de transporte coletivo serão prioridades nesses novos projetos”, afirmou o secretário de Infraestrutura e Habitação, Roberto Gusmão. Ele adianta que as Ruas Oliveira Lima e Gervásio Pires, ambas no bairro da Boa Vista, também sofrerão intervenção nos passeios públicos.

A intervenção na João de Barros integra o lote 2 do contrato de Requalificação dos Passeios Públicos do Recife. Ao todo serão mais de 100 ruas contempladas com o recurso de R$ 105 milhões, captado pela gestão municipal no Ministério das Cidades. Atualmente, a URB executa obras nas ruas Barão de Souza Leão (Boa Viagem), Maria Irene (Jordão), Rui Barbosa (Graças), Arquiteto Luiz Nunes (Imbiribeira), Augusto Calheiros (Afogados), Avenida do Forte e Carlos Gomes (Cordeiro). O objetivo é privilegiar o caminhar, uma vez que mais de 60% da população do Recife usa transporte público ou se locomove a pé para casa, trabalho ou escola/faculdade.  
 

SAIBA MAIS 

Fluxo de veículos em sentido único 
30km/h deverá ser a velocidade máxima permitida após a intervenção 
96m é a extensão da Rua do Príncipe 
2,50m é a largura média das calçada da via 
523m² será a área cedida pela Unicap para uso público 
1,20m será o acréscimo da calçada sobre a via 
8,60m será o tamanho do passeio do lado direito da Rua do Príncipe 
20 mil pessoas circulam diariamente na Rua do Príncipe 
1,6 milhão é o valor da intervenção 

Interferências hoje na livre circulação dos passeios da via 
- Árvores de grande porte 
- Desníveis e descontinuidade 
- Ausência e má conservação de revestimentos 
- Comércio informal/ fiteiros 
- Grande concentração de pessoas nas paradas de ônibus 

23 linhas convencionais de ônibus circulam diariamente na via 
7 linhas de ônibus circulam durante a madrugada 
2 linhas alternativas de transporte coletivo circulam diariamente na via 

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