Estudo

Recifense desconhece causas do câncer de fígado

Capital pernambucana foi uma das cinco cidades brasileiras incluídas em pesquisa do Instituto Oncoguia sobre os fatores de risco da doença

Publicado em: 09/04/2018 08:45 | Atualizado em: 09/04/2018 10:02

Luiz Ubiratan dos Santos investiga doença hepática para entrar na lista de transplante. Foto: Peu Ricardo/DP

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Oncoguia mostrou que 44% dos pacientes portadores de doenças no fígado na capital pernambucana desconhecem os fatores de risco das enfermidades. Cerca de 94% dos entrevistados afirmaram que as doenças são provocada apenas pela cirrose em pessoas com ingestão exagerada de álcool. Os recifenses desconsideraram, no entanto, que as hepatites virais tipo B e C são agentes preponderantes para a agressão crônica das células hepáticas. Os dois vírus, principalmente o tipo C, leva o paciente com cirrose a desevolver o carcinoma hepatocelular (CHC), câncer de fígado. O estudo, parceria com o Laboratório Bayer, foi apresentado em São Paulo. Um total de 1,5 mil pessoas foi ouvido no Recife,São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Porto Alegre.

No ano passado, 40 pessoas morreram em Pernambuco enquanto aguardavam na lista de espera para um transplante de fígado. Atualmente, a Unidade de Transplante de Fígado do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC) realiza cerca de 115 transplantes por ano do órgão. Há 93 pessoas na lista de espera no estado. “Cerca de 40% dos transplantados de fígado atendidos aqui tinham cirrose pelo vírus da hepatite C”, comentou o cirurgião hepatologista Cláudio Lacerda, chefe da Unidade de Transplante de Fígado. Segundo o médico, com a introdução de medicações extramamente eficazes no tratamento da cirrose, espera-se que nos próximos anos o número de pacientes que chegue a transplante hepático por esse motivo diminua.

O alagoano de Penedo Luiz Ubiratan dos Santos faz tratamento no HUOC. Ele investiga doença hepática para entrar na lista de transplante. “Desconfiei que tinha algo errado comigo por conta do mal estar, além disso minha barriga cresceu demais”, contou.

Em contrapartida à redução da demanda por transplante, o especialista diz que os casos da doença provocados por síndrome metabólica (dislipidemias, diabete tipo 2 e sobrepeso) só aumentam cada vez mais. “Já ocupa o segundo lugar na lista em Pernambuco”, informou. A Unidade de Transplante de Fígado atende pacientes do programa de transplante do HUOC, do Hospital Jayme da Fonte e do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip). De acordo com a pesquisa do Instituto Oncoguia, 56% dos entrevistados do Recife disseram conhecer o câncer de fígado, CHC, terceiro que mais mata no mundo, contabilizando 700 mil mortes por ano. No Brasil, 44 mil óbitos entre 2011 e 2015.

Para o especialista os casos da doença provocados por síndrome metabólica (dislipidemias, diabete tipo 2 e sobrepeso) só aumentam cada vez mais. Foto: Peu Ricardo/DP

O estudo mostrou que o brasileiro é mal informado sobre a doença. No Recife, o dado que mais chamou a atenção foi a fonte de informação dos entrevistados: com o menor índice da pesquisa, 4% afirmaram que o médico seja sua principal fonte, seguido por familiares e amigos (15%), internet e veículos de comunicação. Porém, 45%  não souberam definir sua fonte de informação.
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