Diario nos bairros

British Country Club se aproxima do centenário de existência

O clube foi fundado em 1920 pela colônia inglesa no Recife

Publicado em: 20/04/2018 08:34 | Atualizado em: 20/04/2018 08:46

O British Country Club, na Avenida Conselheiro Rosa e Silva, nos Aflitos, é uma ilha verde com três hectares localizada no bairro recifense tomado por veículos e edifícios. Além do espaço arborizado propício para uma caminhada saudável, o Country oferece atividades esportivas como vôlei, natação, tênis, futebol, sinuca e serviços como restaurante, salão de beleza, academia e sala para aeróbica, ioga, pilates e tai chi chuan. A mensalidade cobrada aos sócios permite a participação na maior parte das atividades. No caso do salão de beleza, os preços são considerados mais em conta que os cobrados em outros estabelecimentos semelhantes do bairro. 

A direção do British Country Club está fazendo uma pesquisa sobre o perfil de seus frequentadores. As evidências já apontam que a maior parte do público é formada por homens entre 40 e 50 anos e profissionais como médicos, advogados e empresários. As atividades esportivas e demais serviços ofertados no espaço também atraem moradores das Graças, Espinheiro e Casa Forte. Hoje, cerca de 1,3 mil pessoas passam, por dia, pelo Country Club. 

Os ingleses tiveram forte atuação na capital nas áreas de transporte e comunicação nos séculos 19 e 20. O clube está entre os sete fundados pelos ingleses no Recife. A colônia era tão ativa que criou também cemitério e hospital próprios. A princípio, a diretoria do clube era destinada às pessoas de cidadania britânica, o que se modificou à medida em que a colônia foi diminuindo. 

Carmen Monteiro Freitas, 84 anos, é a única descendente viva de fundadores do clube. Seus dois avôs eram ingleses que vieram trabalhar no estado. O imóvel começou a funcionar em 1920 e tem todas as características da arquitetura da Inglaterra na época. Ela frequenta o Country todos os dias. 

Pela manhã, pratica natação. Às vezes, fica para almoçar com as amigas e, à tarde, diverte-se jogando cartas. Carmen foi professora de educação física na Universidade Federal de Pernambuco e na Universidade de Pernambuco, antiga Fesp. “Considero esse lugar como minha segunda casa. Aqui tenho minhas amigas.” A família de Carmen já tem seis gerações ligadas ao clube. A relação afetiva começou pelos avôs dela e hoje alcança o seu único bisneto. 

Carmen é sócia sênior do Country, um título disputadíssimo por outras pessoas. “Temos 30 sócios sênior, ou seja, são membros com mais de 70 anos de idade e mais de 35 anos de contribuição. Temos até lista de espera para ocupar o lugar. Nesse caso, eles não pagam mais mensalidade”, explica Antônio Alexandre de Araújo, gerente do lugar. Amiga de Carmen, Vera Veiga também tem uma relação de amor com o Country. “Aqui não é como uma segunda casa para mim. É como minha casa mesmo, meu quintal. Todo mundo se conhece, algo como uma família. E o lugar também é muito seguro, além de ter um restaurante maravilhoso.” 
Uma das formas de frequentar o Country é ser detentor de um título do clube. Isso significa desembolsar algo em torno de R$ 200 mil. Além disso, é preciso pagar as mensalidades de R$ 1 mil, mais uma taxa única de R$ 25 mil para fazer a transferência do título. As altas cifras não afastam os interessados. Hoje, são 500 sócios-proprietários e apenas cinco títulos estão à venda. O repasse geralmente acontece porque a pessoa muda de endereço, porque os filhos cresceram e não se interessam mais em frequentar o clube, ou por questões financeiras. O título é como um bem, herdado pela família no caso de morte do dono. É considerado valioso, seja do ponto de vista financeiro, seja do ponto de vista sentimental.
 
Outra modalidade de sociedade com o clube é o sócio-contribuinte. Nesse caso, a pessoa paga R$ 1 mil por mês, mas não pode votar nas assembleias, um direito do sócio-proprietário. Apenas filhos dos titulares podem ser sócios-contribuintes, após alcançarem uma idade em que não podem mais ser dependentes de seus pais. O controle no acesso ao clube é tamanho que um convidado, por exemplo, somente pode frequentar o espaço 12 vezes ao longo do ano, mesmo que chamado por pessoas diferentes.
 
No próximo dia 27 haverá festa de aniversário do clube, que completará 98 anos. “Todo ano a comemoração acontece na última sexta-feira do mês. Este ano, coincidiu do dia 27 cair exatamente nesse período. Vamos ter como atrações Mister Elvis e Renato Campelo”, avisa Alexandre. Os sócios podem adquirir quantos ingressos quiserem e repassar para convidados. O preço da senha é R$ 70. 

Linha do Tempo

1920 - Neste ano, acontece a fundação do The British Country Club, projetado pela colônia inglesa no Recife 

1958 - Toma posse o primeiro presidente brasileiro do clube, chamado Francisco Vasconcelos. Antes dele, somente ingleses ocupavam o cargo 

1967 - Acontece o primeiro Baile do Havaí, uma festa tradicional do clube, agora extinta. Havia desfile de fantasias e até hoje a ocasião é lembrada pelos antigos sócios 

2002 -É criado o bloco Passarela do Álcool. Nele brincam em média duas mil  pessoas. O bloco sai por ruas dos bairros do Aflitos e Jaqueira, acompanhado de trio elétrico 

2007 -  O Country começa a promover a chegada do Papai Noel em um helicóptero, um dos momentos mais esperados pelas crianças 

2016 - Neste ano acontece o último campeonato de futebol do clube, promovido a cada quatro anos. O próximo está marcado para 2020 

2018 - O clube comemora 98 anos de existência no Recife 
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