Espaços
Manutenção das praças do Recife é influenciada pela adoção por empresas privadas
Praças adotadas servem aos moradores, enquanto espaço sem adoção carece de investimentos na Zona Norte
Por: Diario de Pernambuco
Publicado em: 27/03/2018 08:27 | Atualizado em: 27/03/2018 09:55
![]() |
Seiscentos metros, no encontro entre os bairros do Rosarinho e Encruzilhada, na Zona Norte, separam duas realidades no uso do espaço urbano. Enquanto na Praça do Rosarinho as árvores sombreiam o descanso dos pedestres e um funcionário realiza a coleta do lixo remanescente no chão, na Praça Dom Miguel Valverde, alunos de uma escola municipal tentam jogar bola desviando de resíduos e pedaços de concreto quebrado. O exemplo mostra como a manutenção das praças da cidade é influenciada pela adoção desses espaços.
O Recife tem 615 espaços públicos, sendo 407 praças, distribuídos em 94 bairros. Segundo o programa Cidades Sustentáveis e a Organização Atletas pelo Brasil, a cidade tem 1,22 m2 de parques e praças por habitante. No total, 83 espaços são adotados. É o caso da Praça do Rosarinho, no cruzamento da Avenida Norte Miguel Arraes de Alencar com a Avenida Santos Dumont, que foi adotada pela empresa Soll.
"Quando essa praça ficou sem adoção, passou um período muito mal. Agora, duas ou três vezes por semana tem alguém tirando o lixo e folhas”, comentou o taxista André Ferraz, 42. Para André, por outro lado, falta limpeza na área externa. “Nem lembro a última vez que vi um gari por aqui. Nós mesmos é que retiramos o lixo. Senão, a calçada fica suja”, reclamou. A Praça do Rosarinho é o lugar escolhido pelo auxiliar de operações Breno Sousa, 28, para as horas de descanso. “É perto do trabalho e arborizado. Acho, de maneira geral, a praça bem conservada, às vezes tem muito lixo na fonte”, disse.
Perto dali, a Praça Luis Ignácio Pessoa de Mello é outra que tem o privilégio de ser adotada. No caso, pelo Colégio Fazer Crescer (CFC). Todos os anos, recebe decoração no Natal e outras datas comemorativas. Além de ser usada em algumas atividades de educação ambiental da escola. “Adotávamos antes a Praça do Rosarinho e, quando inauguramos o nosso ecoprédio, passamos a adotar essa. Já fizemos plantio de baobás com alunos”, comentou a coordenadora de projetos sustentáveis do CFC, Denise Paranhos.
O espaço é usado sobretudo à noite pelos moradores do entorno. “Sempre venho com meu filho”, contou o aposentado José Edson Bismarck, 57. A pedagoga Sandra Amorim, 56, mora na localidade há mais de 40 anos e conta que, antes da adoção, o local era mantido pelos moradores. “A gente já chegou a fazer cotinha para comprar banco, cimento e outros materiais. O poder público aparecia pouco. Agora, sempre tem gente trocando os brinquedos quando quebram, cuidando da conservação”, diz ela, que costuma ir com os três netos à praça durante as tardes.
Para adotar uma praça, a empresa pode obter informações no manual disponível no site da prefeitura e pelo telefone 3355-5540. As empresas participantes do programa Adote o Verde são autorizadas a instalar placas publicitárias padronizadas em espaços pré-destinados. Os adotantes ficam responsáveis pela manutenção, conservação e limpeza do espaço público adotado. Os contratos têm duração de cinco anos, podendo ser renovados.
Moradores aproveitam espaço da forma que podem
![]() |
A Praça Dom Miguel Valverde, também conhecida como Praça dos Caminhoneiros, na Encruzilhada, carece de manutenção. O espaço tem brinquedos quebrados, pedaços de concreto com vigas de ferro para fora e muito lixo. Uma preocupação para o professor Henrique Brito, 27, que leva os alunos da Escola Engenheiro Edinaldo Miranda de Oliveira para aulas no local. “Há sempre muito lixo, nunca vemos ninguém varrendo. O aspecto é de abandono”, comentou ele, que também reclamou da falta de segurança.
Em 2017, com a ajuda de outros professores, os estudantes enviaram uma carta à prefeitura pedindo melhorias. “Nós pedimos mais segurança, uma praça mais limpa, com mais brinquedos. Não ficamos seguros aqui, às vezes tem gente usando drogas. Até hoje, não recebemos a resposta”, disse Yasmin Barros, 10 anos.
Em nota, a Emlurb afirmou que está concluindo a requalificação do espaço com a Oficina de Brinquedos, recuperando e pintando todos os brinquedos, além de estar fazendo a pintura das muretas. A autarquia acrescentou que tem equipe de manutenção composta por 132 servidores, dos quais 43 são reeducandos.
As ações são realizadas periodicamente, de acordo com demandas que chegam através do número 156 e dos sete coordenadores que trabalham nas seis Regiões Político-Administrativas. A conservação inclui limpeza, capinação, poda e paisagismo. Em 2017, foram investidos mais de R$ 4,4 milhões, entre conservação e requalificação de praças. Com relação ao entorno da Praça do Rosarinho, o órgão disse que reforçará a fiscalização de limpeza na área e programará uma ação de varrição.
Maior praça do Recife
Praça do Derby
Menor praça do Recife
Praça mais antiga
Como adotar uma praça
O RECIFE TEM
1,2 m2 de área verde pública por habitante
20m2 de área verde pública, por habitante, a cidade terá em 2037, com o Parque Capibaribe
Maior praça do Recife
Praça do Derby
26,3 mil m2, igual a três campos do estádio da Ilha do Retiro
Já foi hipódromo, mercado e hotel. Ganhou contornos de praça em 1920
Menor praça do Recife
Praça Mano Teodósio
70,8 metros quadrados
Mano Teodósio foi um antigo boêmio do bairro do Poço da Panela, onde a praça está instalada
Praça mais antiga
Praça da República (Palácio do Campo das Princesas, Teatro de Santa Isabel,
Palácio da Justiça e Liceu de Artes e Ofícios de Pernambuco)
Inaugurada em 1875
Como adotar uma praça
Enviar uma carta de solicitação para a Emlurb e apresentar a cópia dos seguintes documentos: contrato social, CNPJ, RG e CPF. A adoção é firmada por um período de quatro anos, mas o órgão não limita a quantidade de renovações.
Mais notícias
Mais lidas
ÚLTIMAS