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Urbanismo

A vida resiste nos pátios do Recife

Mesmo descaracterizados e mal cuidados, espaços seguem em uso e poderão retomar seu fausto a partir de um plano de revitalização

Publicado em: 25/03/2018 09:53 | Atualizado em: 25/03/2018 10:20

O Pátio de São Pedro, mais conhecido da capital, está cada vez mais vazio, reclamam comerciantes e frequentadores. Foto: Gabriel Melo/Esp.DP.
Construídos para servirem de espaço de ventilação e local de encontros e festejos, os pátios do Recife, que marcam os bairros de Santo Antônio e São José, estão distantes dos que se propunham. Descaracterizados pelo comércio intenso, invadidos por carros, transformados em estacionamento, mal cuidados e inseguros, esses lugares mais afastam do que atraem recifenses e turistas. O Pátio de São Pedro, mais conhecido da capital, está cada vez mais vazio, reclamam comerciantes e frequentadores.

No curto prazo, está prevista a requalificação dos pátios do Carmo e de São José do Ribamar, que hoje é um estacionamento. A longo prazo, a prefeitura prevê obras em todos os pátios. A Diretoria de Preservação do Patrimônio Cultural está elaborando um plano de preservação. A fase atual é de levantamento de dados para análise e indicação de diretrizes urbanísticas alinhadas aos conceitos contemporâneos de preservação.

“Os pátios são tradicionais na arquitetura ibérica desde o seu continuado uso pelos muçulmanos, que mantiveram essas construções entre mesquitas, colégios, palácios, fortalezas e universidades. Em sua grande maioria, ganham os nomes das edificações, geralmente uma igreja”, explica o arquiteto e urbanista Fernando Guerra, autor do livro Adros, pátios e praças públicas.

“Pátios exercem a função de respiradouros, propiciadores do encontro social e atividades lúdicas temporárias”, reforça o documento Espaços livres do Recife, produzido pelas pesquisadoras Ana Rita Sá Carneiro e Lina Mesquita.

Com orgulho e com saudade

Os frequentadores dos pátios do Recife têm algo em comum: saudade. Relatam sentir falta dos tempos em que os espaços recebiam eventos semanalmente, da época em que era possível andar sem medo pelas ruas. Hoje, veem os pátios como lugares abandonados. Pedem melhorias ao poder público. A Prefeitura do Recife, por outro lado, destaca que não é fácil atuar em áreas como essa, por serem históricas.

Os pátios da capital pernambucana fazem parte da Zona Especial de Preservação Histórico e Cultural Santo Antônio/São José, a ZEPH-10, que está inserida em um dos Setores de Preservação Rigorosa (SPR) da cidade. O Pátio de São Pedro, por exemplo, está ainda inserido no polígono de preservação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), devendo toda intervenção naquele território, incluindo obras de restauro e reformas no casario que o compõe, passar não somente pela Diretoria de Preservação do Patrimônio Cultura (DPPC), mas também pelo aval do órgão federal.

Nas áreas em que a autorização do Iphan não é necessária, é mais fácil tocar projetos. É o caso dos entornos da Igreja de São José do Ribamar e da Basílica do Carmo. A Autarquia de Urbanização do Recife (URB) está elaborando um projeto executivo que prevê a requalificação do arredores dos templos. O projeto voltado para o entorno da Igreja José de Ribamar, no valor de R$ 176 mil, está em andamento. O recurso em execução é fruto de captação feita junto ao governo federal por meio do PAC Cidades Históricas. Um montante de R$ 3 milhões será destinado à realização das obras. Para as demais áreas, não há previsão de execução de obras.

Em relação à realização de eventos, além do período carnavalesco, a prefeitura respondeu que a administração pública municipal oferece ações e programações culturais as mais diversas. “Conjunto arquitetônico, datado do século 18, que comunga fé, cultura e história, o Pátio de São Pedro é um equipamento cuja representatividade e importância para o Recife transcendem os ciclos festivos. Muito mais que palco para os festejos mais importantes da cidade, como o carnaval, o São João e o encerramento do ciclo natalino, com a Queima da Lapinha, o pátio conta a história da cidade”, acrescentou a nota.

Sobre a insegurança relatada por frequentadores nos pátios, a Polícia Militar respondeu que não existe uma patrulha ou grupamento específico para a segurança desses espaços públicos. O policiamento nesses locais é feito pelo 16º Batalhão, responsável pela área central do Recife. “A fiscalização dessas áreas se dá por duplas a pé e rondas com viaturas, com recobrimento do Grupo de Apoio Tático Itinerante (Gati). No caso de eventos ou datas quando a procura pelos locais cresce, o lançamento é intensificado”, informou a PM por meio da assessoria de comunicação.

Leia a matéria completa na superedição deste fim de semana
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