INVESTIGAÇÃO Nova perícia revela que Sérgio Falcão não cometeu suicídio. Empresário foi assassinado O laudo ficou pronto na última quinta-feira e contradiz o primeiro documento

Por: Diario de Pernambuco

Publicado em: 11/12/2017 22:06 Atualizado em: 11/12/2017 22:23

Empresário foi encontrado morto com um tiro na cabeça, em agosto de 2012. Foto: Julio Jacobina/DP/Arquivo (Empresário foi encontrado morto com um tiro na cabeça, em agosto de 2012. Foto: Julio Jacobina/DP/Arquivo)
Empresário foi encontrado morto com um tiro na cabeça, em agosto de 2012. Foto: Julio Jacobina/DP/Arquivo


Uma nova perícia feita pela Polícia Científica de Pernambuco revelou que o empresário do ramo da construção civil Sérgio Falcão não cometeu suicídio, mas foi assassinado. De acordo com o promotor do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) André Rabelo, que acompanha o caso, o laudo ficou pronto na última quinta-feira e contradiz o primeiro documento, que apontava que Falcão havia tirado a própria vida. O MPPE deve se posicionar oficialmente sobre a questão nesta sexta-feira. 

Segundo André Rabelo, um segundo laudo já havia sido solicitado por ele há três anos. “Essa perícia, que recebemos hoje, é totalmente diferente da primeira. Vamos nos debruçar sobre ela e nos posicionar oficialmente ainda esta semana, pois, sendo homicídio, iremos atrás da questão da autoria”, pontuou. O promotor informou que a nova perícia foi assinada por uma comissão, designada especialmente para revisar o primeiro laudo, formada por quatro peritos. Procurada pelo Diario, a Secretaria de Defesa Social (SDS) informou que não comentaria o caso, pois, desde que o inquérito foi entregue ao MPPE, apenas o órgão pode se posicionar oficialmente sobre o assunto.

Em agosto deste ano, cinco anos depois da morte do empresário, a Polícia Civil de Pernambuco indiciou dois policiais militares reformados, os irmãos Jailson Melo e Jadilson Gomes, por homicídio qualificado.  Quando o inquérito foi concluído, o chefe da Polícia Civil, Joselito Amaral, informou que a motivação do crime foi financeira. “Havia uma bolsa na casa da vítima na qual sempre eram colocadas as cédulas de dinheiro sacadas do banco. E em todas as ocasiões, Jailson acompanhava o empresário para garantir esse transporte. No dia do crime, a ex-esposa da vítima mostrou que a bolsa estava vazia, o que indica que o segurança pode ter levado o dinheiro", afirmou Joselito, acrescentando ainda que a versão de suicídio é derrubada quando a vítima tinha um revólver em casa e poderia ter usado para tirar a própria vida. Além disso, Jailson foi embora do apartamento sem prestar socorro e levando a arma.

A polêmica sobre a morte do empresário teve início quando o laudo feito pelo Instituto de Criminalística (IC), apresentado em janeiro de 2013, apontou que a vítima teria cometido suicídio. Para a delegada Vilaneida Aguiar, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), responsável pelo caso, Sérgio Falcão não tinha motivos para se matar. “Se quisesse fazer isso, não precisaria pegar a arma de Jailson, um dos acusados do crime, porque ele tinha um revólver calibre 38 em casa”, esclareceu.

RELEMBRE O CASO
Sérgio Falcão foi encontrado morto com um tiro na cabeça, em 28 de agosto de 2012, em seu apartamento no Edifício 14 Bis, localizado na Avenida Boa Viagem, Zona Sul do Recife. Na época, o DHPP informou que a principal hipótese era de assassinato praticado pelo segurança da vítima. No dia seguinte à morte, uma nova perícia feita no apartamento encontrou a bala que matou o empresário. Surgiu, então, a hipótese de suicídio. Em setembro do mesmo ano, Jailson Melo apresentou-se à polícia e afirmou que, no apartamento, teve a pistola 380 puxada da cintura pelo empresário, que atirou contra a própria boca. Ainda em setembro de 2012, a reconstituição do crime é realizada e Jadilson Gomes prestou depoimento no DHPP. Ele confirmou que emprestou a arma ao irmão.

Diante das divergências, uma exumação do corpo foi solicitada e aconteceu em 31 de outubro de 2012 no Cemitério Morada da Paz, com a presença da delegada, de peritos e do promotor André Rabelo. Em janeiro de 2013, o laudo sobre a morte do empresário é entregue. A perícia apontou suicídio, conforme o Diario divulgou com exclusividade. No mesmo mês, o perito Gilmário Lima, um dos três que participou da reconstituição, observou que “tecnicamente era inviável a morte do empresário ter acontecido como Jailson disse ter acontecido”.

Em agosto de 2013, a morte do empresário completou um ano, sem conclusão do inquérito e sem pedido de prisão preventiva dos suspeitos. Só em agosto de 2014 a delegada Vilaneida Aguiar concluiu o inquérito e indiciou Jailson Melo por homicídio. No mês seguinte, o Ministério Público de Pernambuco decidiu pedir novas diligências à polícia para que fosse descoberto e indiciado o mandante do crime.


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