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Olinda Ladrões invadem e profanam terreiro em Olinda Quadrilha adentrou festa em tributo a Oxum, roubou pertences dos participantes, destruiu itens sagrados e trocou tiros com um vizinho

Publicado em: 25/09/2017 08:24 Atualizado em: 25/09/2017 08:48

Uma festa tradicional de candomblé dedicada a Oxum, em Cidade Tabajara, Olinda, foi interrompida de forma violenta na madrugada de ontem. Por volta da 1h, quatro homens encapuzados e armados com pistolas chegaram à rua anunciando o assalto e atirando. Dentro do terreiro Ilê Oguiã Olabomaxó, na Rua Malaquias Felipe da Costa, quebraram vasos considerados sagrados para os adeptos da religião, tomaram cerca de 20 celulares dos frequentadores e trocaram tiros com um homem que se identificou como policial. Não houve registro de feridos. Hoje, às 14h, está marcada uma reunião no terreiro para discutir as medidas de segurança a serem tomadas.  A Polícia Militar (PM) e o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) foram chamados para participar do encontro. Vítimas pretendem prestar queixa às 8h na Delegacia do Varadouro.

O pai de santo e dono do espaço há cinco anos é pai Guara, ou José Iguaracy Felipe da Costa, com mais de trinta anos de atuação na religião e integrante de uma família tradicional de culto nagô de Pernambuco. O nome da rua onde fica o terreiro é em tributo ao avô de pai Guara. Ele tinha acabado de deixar o terreiro para levar oferendas a Oxum no rio, como é tradição na festa da cesta de Oxum, quando os suspeitos invadiram o local.

O babalorixá e juremeiro Sandro de Jucá estava na festa com os filhos de 18 e 13 anos. “Os ladrões disseram: ‘Vamos acabar com essa macumba!’. Começaram a quebrar os jarros. Tinha muita criança, idoso e todos ficaram desesperados. Muita gente caiu ao correr. Foi um terror”, lembrou.

Um homem que estava do lado de fora percebeu o movimento suspeito, sacou uma arma e atirou para cima, identificando-se como policial. Os ladrões revidaram. As marcas da violência ficaram nas portas do terreiro e da casa da frente, perfuradas por balas. A ação durou 20 minutos e os suspeitos fugiram de carro. A PM foi chamada ao local e chegou minutos depois. As pessoas somente deixaram o terreiro porque foram escoltadas.

OUTRO CASO - A violência vivida no terreiro em Cidade Tabajara lembrou outro caso ocorrido em um espaço religioso em julho. No Grupo Espírita Amor ao Próximo (Geap), em Piedade, Jaboatão dos Guararapes, quatro pessoas foram mortas. O crime ocorreu durante palestra com o psicólogo Liszt Rangel. Cerca de 150 pessoas estavam no Geap.

Morreram a professora Luisiana Barros Costa Nunes, 57 anos, o cabo da PM Alexandre Melo, e os suspeitos do assalto, Cleiton Fiorentino de Oliveira, 23, e Felipe Lima Ferreira da Silva, 18. Várias pessoas ficaram feridas. Em 10 de julho, um dos cinco suspeitos, José Roberto Alcântara, 22, entregou-se à polícia e confessou o envolvimento no caso. Os tiros que mataram o PM e a professora partiram de um dos assaltantes mortos.



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