Um norte Diario inicia série de reportagens sobre mudanças para estimular a educação Objetivo é estimular alunos a aprender mais e atualizar a escola aos dias atuais

Por: Alice de Souza - Diario de Pernambuco

Publicado em: 20/09/2017 07:23 Atualizado em:

A cada um minuto, um aluno abandona as salas de Ensino Médio no Brasil. A etapa final da educação básica do país repele ao invés de acolher. A estatística é reflexo de um sistema de ensino arcaico e travado num abismo temporal, distante de modelos de referência educacional do mundo e, sobretudo, da realidade do jovem do século 21. O destino econômico e profissional brasileiro depende do preenchimento dessa lacuna, com uma mudança estrutural que estimule a aquisição de competências para a vida.

A partir de hoje, o Diario inicia a série Novo Ensino Médio, um salto para o futuro, no qual estimulará o conhecimento sobre a estratégia utilizada pelo Brasil para recuperar o pulso do fim da educação básica e promover o reencontro entre os interesses da juventude e o conhecimento. À luz do baixo desempenho dos estudantes brasileiros nas avaliações nacionais e internacionais, vamos mostrar a reforma, em quatro matérias, com as propostas de mudança que objetivam levar o país a oferecer um Ensino Médio com mais oportunidade e qualidade aos jovens.

Dados dos indicadores de fluxo escolar da educação básica, divulgados pela primeira vez neste ano, pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), mostram que a maior taxa de evasão escolar do país está no Ensino Médio. Um total de 11% dos alunos, nesta etapa de ensino, deixa a escola. De cada 3,3 milhões de pessoas que entram no primeiro ano, saem apenas 1,9 milhão. A situação se torna mais crítica porque aqueles que conseguem vencer a evasão caem diante do aprendizado. Quem termina a educação básica hoje sabe menos português e matemática do que há 20 anos. O pano de fundo dessa realidade, defendem os especialistas, é o modelo equivocado de Ensino Médio brasileiro, no qual o aluno está engessado em 13 disciplinas obrigatórias, com foco no ingresso universitário. “O jovem quer uma escola que dialogue com o seu mundo. Vivemos uma época de descontinuidades tecnológicas. Precisamos de uma escola que promova a autonomia, que desenvolva a criatividade e o pensamento crítico. Tornar a sala de aula motivadora. Mas o currículo de hoje olha pelo retrovisor”, explica o diretor de articulação e inovação do Instituto Ayrton Senna, Mozart Neves Ramos. “O papel do Ensino Médio deve ser nos impulsionar a procurar a informação”, reflete o aluno do segundo ano do colégio Damas Matheus Ávila, de 16 anos.

Sancionado neste ano pelo presidente Michel Temer, o novo modelo prevê uma mudança estrutural no currículo do Ensino Médio, cujo objetivo é tornar a escola conectada às demandas do jovem ao mesmo tempo em que estimula o protagonismo dos estudantes. A medida é resultado de um passivo de quase duas décadas de debates. “O Congresso Nacional, há 15 anos, já falou da necessidade dessa reforma. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), em 1996, já apontava um desejo de flexibilidade. Há um acúmulo de discussões”, esclarece o secretário de educação básica do Ministério da Educação (MEC), Rossieli Soares da Silva.

O Novo Ensino Médio flexibilizará a grade curricular, reorganizando a disposição das disciplinas. O sistema de matérias obrigatórias sai de cena, dando lugar a uma divisão entre uma base comum e obrigatória a todos e itinerários formativos dentro das áreas de conhecimento. A carga horária será ampliada e ganharão fôlego também o ensino técnico e profissional e as escolas em tempo integral.

A atual fase de discussão gira em torno da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que está em desenvolvimento, e será apresentada ao Conselho Nacional de Educação (CNE) até o fim do ano. Depois disso, O CNE deverá promover audiências públicas para elaborar um parecer e uma resolução sobre a BNCC, que deve ser homologada pelo ministro da Educação em 2018. A partir da homologação, os sistemas de ensino deverão estabelecer, no primeiro ano letivo subsequente, um cronograma de aplicação das alterações. A implantação deve se iniciar no segundo ano letivo. A expectativa é de que o novo Ensino Médio esteja em curso em 2020.

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